Claro dos Poções, Itacambira, Glaucilândia, Juramento, Mirabela e Montes Claros são os seis primeiros municípios do Norte de Minas que vão receber a primeira remessa de 28 mil 329 doses de vacinas contra a dengue. A decisão foi tomada quinta-feira, 26, pelo Ministério da Saúde que expandiu a vacinação para mais 625 municípios em seis estados. As novas regiões serão contempladas com a quarta remessa de 986,5 mil doses, que também será destinada aos municípios que haviam sido anteriormente incluídos como prioritários na vacinação contra a dengue, por apresentarem alta incidência de transmissão da doença.
Para municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) o repasse da primeira remessa de vacinas contra a dengue ficou definida da seguinte forma: Montes Claros (26 mil 309 doses); Mirabela (850); Claro dos Poções (474); Itacambira (277); Juramento (248) e Glaucilândia (171).
Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de vigilância em saúde e do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – (Cievs), na SRS de Montes Claros destaca a importância da inclusão de municípios do Norte de Minas na vacinação contra a dengue, levando em conta a alta incidência de transmissão da doença na região.
“Neste ano, dos 86 municípios que compõem a macrorregião de saúde do Norte de Minas, somente Verdelândia apresenta média taxa de incidência de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. As demais localidades estão com alta ou muito alta taxa de incidência”, observa a coordenadora.
Agna Menezes alerta que a vacina contra a dengue abre boas perspectivas para o controle da doença, “mas os municípios e a população em geral não poderá abrir mão da eliminação de focos de proliferação do Aedes aegypti. Isso porque, além da dengue o mosquito transmite várias outras doenças, entre elas chikungunya, zika e febre amarela”.
Segundo o Ministério da Saúde, com a expansão dos municípios que passarão a ter vacinas contra a dengue, 1 mil 300 localidades em todo o país estarão sendo contempladas com o recebimento de imunizantes. “Importante destacar que estamos seguindo a lista de regiões previamente pactuada com os gestores de saúde dos estados e municípios”, explica a secretária de vigilância em saúde e ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.
A distribuição das doses nos municípios foi determinada com base em três critérios: ranqueamento das regiões de saúde e municípios; quantitativo necessário de doses conforme a disponibilidade prevista pelo fabricante e o cálculo do total de doses a serem entregues em uma única remessa aos municípios.
As vacinas destinadas para aplicação da segunda dose serão enviadas aos municípios considerando o intervalo recomendado de três meses para completar o esquema de vacinação.
ESTRATÉGIA
O Brasil é o primeiro país do mundo que, a partir de fevereiro deste ano, passou a oferecer a vacina contra a dengue no sistema público universal. O Ministério da Saúde incorporou a vacina ao Sistema Único de Saúde – (SUS) em dezembro de 2023.
Inicialmente a vacina começou a ser aplicada na população de regiões endêmicas, em 521 municípios. O processo foi organizado com a participação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde – (Conass) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde – (Conasems), seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização – (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde – (OMS).
A metodologia utilizada teve como ponto de partida os municípios de grande porte (população igual ou maior do que cem mil habitantes) com alta transmissão de dengue nos últimos dez anos. As regiões de saúde nas quais estes municípios estavam incluídos foram selecionadas e ordenadas de acordo com os seguintes critérios: predominância do sorotipo 2 (dezembro de 2023) e maior número de casos no monitoramento 2023/2024. Com isso, 16 estados e o Distrito Federal tiveram municípios que preencheram os requisitos para o início da vacinação a partir deste ano.
Estão sendo vacinadas as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue (16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023), depois das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – (Anvisa). O esquema vacinal é composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
A definição de um público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da vacina. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no dia 20 de janeiro. Para este ano o Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante: 5,2 milhões de doses, que serão entregues até dezembro deste ano. Para 2025 o Ministério da Saúde já contratou a compra de mais nove milhões de doses de vacinas.
CENÁRIO
Até o momento o Brasil registra neste ano 3,8 milhões de casos prováveis de dengue, sendo 40,4 mil graves e de sinal de alarme. Já foram notificados 1,7 mil óbitos por causa da doença.
Em Minas Gerais, até o dia 19 deste mês, foram notificados mais de 1,1 milhão de casos prováveis de dengue, dos quais 479 mil foram confirmados por meio de exames laboratoriais. Além disso, neste ano o estado contabiliza mais de 8,2 mil casos de dengue grave; 280 óbitos confirmados e 715 em investigação.
Por outro lado, de um total de 73 mil 741 casos de dengue notificados neste ano no Norte de Minas, 16 mil 243 casos foram confirmados por meio de exames laboratoriais. Ocorreram 258 casos graves de dengue ou com sinais de alarme; 18 óbitos foram confirmados e 19 estão em investigação. Os municípios com óbitos confirmados são: Montes Claros e Januária (5 casos em cada localidade); Bocaiuva (3); Engenheiro Navarro, Salinas, Pirapora, Várzea da Palma e Buritizeiro (um óbito em cada município).
O cenário das arboviroses neste ano no Norte de Minas também aponta que 96% dos casos de dengue notificados em 54 municípios da área de atuação da SRS Montes Claros tiveram como causa o sorotipo 1 (96%) e o restante o sorotipo 2. Porém, por meio de isolamento viral, foi detectada a circulação do sorotipo 3 da dengue no município de Salinas.
Quanto à chikungunya, até o dia 19 de abril o Norte de Minas contabilizou 2 mil 845 casos notificados e 478 confirmados. Já em relação à zika, há 37 casos prováveis da doença na região, dos quais dois foram confirmados.
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