DECEMBER 9, 2022


Iniciativa de extensão da UFMG contribui com projetos de lei para proteção do porco piau

Assembleia Legislativa de Minas Gerias (ALMG) e cidades do interior buscam reconhecer a importância social e econômica da raça suína

Foto-Projeto-Porco-Piau-UFMG-

Iniciativa de extensão universitária do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) – campus Montes Claros da UFMG – tem contribuído para originar proposições de lei que buscam reconhecer o porco da raça piau como de relevante interesse social e econômico.

Nesse cenário, estão os municípios de Goianá, Bocaiuva, Visconde do Rio Branco, Canaã, em Minas Gerais, e Corumbá de Goiás, no estado de Goiás, os quais seguiram projeto de lei da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O objetivo dessas propostas é fortalecer, promover e incentivar a difusão de práticas historicamente relacionadas à criação e ao consumo da carne e subprodutos do porco piau nos âmbitos municipal e estadual.

A cadeia produtiva da raça tem fundamental importância para a alimentação da população, agricultura família, subsistência e renda de comunidades indígenas e tradicionais e assentados de reforma agrária. Além disso, o porco atende a demandas e nichos específicos do mercado nacional de carnes.

Proteção e renda

Instrumentos legais de proteção da cultura do piau vão ao encontro de expectativas de criadores atendidos pelo projeto de extensão, cuja missão é desenvolver e implantar, utilizando a raça, um sistema de produção extensivo de suínos em comunidades de Minas Gerais.

O agricultor familiar Ricardo Moreira Lelis, de Canaã, na Zona da Mata, conta que começou a criar o porco a partir do projeto. “Com as orientações e todo o apoio que recebi, eu passei a ter melhor perspectiva de renda, a fornecer carne de qualidade e valor agregado para a merenda escolar do município”, afirma. Lelis ressalta a importância da ação “para o resgaste da cultura do piau”, a qual, segundo ele, “estava praticamente perdida”.

O porco piau é considerado uma raça crioula ou caipira, reconhecido como a primeira raça suína nativa do Brasil. Ele é criado e desenvolvido principalmente em Minas Gerais, Goiás e São Paulo.

Ampliação das ações

O coordenador do projeto de extensão e do Núcleo de Estudos em Produção de Suínos (Nepsui/UFMG), professor Bruno Alexander Silva, considera que o reconhecimento legal virá em boa hora e propiciará benefícios para as ações da Granja de Suínos do campus da UFMG em Montes Claros.

Ele [reconhecimento legal] contribuirá para o respaldo de que precisamos para manter o projeto ativo e nos dará mais condições de desenvolver e ampliar as atividades de conservação e expansão da raça nativa”, explica.

O docente exemplifica que o ICA realiza pesquisas científicas inovadoras, como as relacionadas à “produção de nova raça suína a partir do porco piau, animal que vem servindo de base genética para a criação do porco do cerrado, que detém 50% dos genes do piau”.

Soberania alimentar e interiorização

Para o técnico agropecuário Filipe Russo, colaborador do projeto e um dos principais guardiões do porco piau no país, as ações de resgate e conservação são essenciais para o desenvolvimento da sustentabilidade e agroecologia nas comunidades. Ele destaca que “instrumentos legais constituem um marco para os movimentos envolvidos na promoção da segurança e soberania alimentar da população, ajudando a mobilizar outros agentes a reivindicar o mesmo reconhecimento para outras raças crioulas”.

A iniciativa da Universidade está consonância com a política da Pró-reitoria de Extensão (Proex) de fortalecimento da interiorização da extensão. Filipe Russo, que é também integrante da coordenação da Rede de Agricultura Familiar e Agroecologia (Rafa/UFMG), salienta que “o projeto do porco piau é um exemplo desse movimento, em que a instituição atua para fortalecer de cada comunidade em seus territórios e a formulação das políticas públicas”.

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