Cecília Schmidt conta que a oportunidade de exibir as suas artes, veio através da oportunidade que o Museu Regional do Norte de Minas propiciou a ela. “A partir desta gestão, do Georgino Júnior e da museóloga Karina Dias, que construíram um projeto em que todo mês todas as salas do museu têm um artista novo que tive a chance de estar aqui hoje. Essa rotatividade que o museu oferece é gratificante para os artistas locais, pois, assim, vários artistas podem expor e mostrar o seu trabalho, de forma gratuita. E isso é incrível”, diz satisfeita a artista.
A paixão pelas belas-artes, nasce em Cecília, segundo ela mesma conta, “pelo visual”. Entretanto, a sua pegada hoje, sempre de acordo com ela, “é mais voltada para a conscientização de meio ambiente”, onde a maioria dos materiais usados pela artista são nas suas obras, ecológicos. “Inclusive, a mesa, que fez o maior sucesso, que é de manequins, compus com vários manequins quebrados que achei na rua. Com o intuito então de reciclar e preservar o meio ambiente”, explica.
Outras partes dos manequins se transforam em braço de cadeira da Frida Kahlo, “que é uma cadeira antiga e o sapato veio de um brechó, “e as mãos estão incluídos em outra obra. “Tenho vários trabalhos de reaproveitamento. Trabalhos de referência na Unimontes tem o Paperclay que é qualquer tipo de massa cerâmica acrescentada de fibras de celulose, tem embalagens, os coites, as cabaças como instalações de balões”, conta.
Cecilia conta também que apesar de anos envolvida com a arte, ainda não tinha conseguido fazer uma exposição, por isso, para ela, essa primeira vez tem o gostinho de que “Sonhar é Possível”. “Não tinha conseguido fazer uma exposição individual. Por falta de tempo não conseguia produzir para ter um acervo. Acabava também que as obras que fazia, eram vendidas imediatamente. Inclusive muitas que estão aqui, são emprestadas. Aí decidi que esse ano iria investir nessa proposta de fazer minha exposição individual. E foi isso, finalmente consegui montar esse acervo para expor aqui”, diz feliz e satisfeita a artista. Cecília tem muitas, coletivas e exposição no exterior, como uma que está presente na exposição individual, que aconteceu na Espanha.
Em relação à presença da população montesclarence, Cecília se diz mais que satisfeita. “Graças a Deus, está sendo muito legal. Lógico que esperava mais pessoas na abertura, mas entendo que foi realizada bem no feriado, mas depois disso muitas pessoas vêm ver e me marcam no Instagram delas e o museu me avisou que tem agendamento para todo o mês das escolas da cidade e região. Até dia 31 vão vir algumas escolas. Inclusive nessa semana mesmo veio a turma de direito da UNIFIPMoc (Centro Universitário FIPMoc), a turma de matemática da Unimontes veio também. Graças a Deus as pessoas estão comparecendo e está tendo uma ótima repercussão”, agradece.
Sobre as obras
Algumas obras da artista plástica Cecília Schmidt, fazem menção à pandemia. Que segundo ela, as tantas mortes causadas pelo vírus, a chocou, sim, mas as causadas pelo feminicídio, chocou ainda mais. “O alto índice de feminicídios me chocou muitíssimo! E coincidiu de ser convidada pelo Libertas Coletivo de Artes de Belo Horizonte para fazer parte do projeto Mascararte. A partir dessa Masca Arte, fomos convidados para uma exposição no Viaduto das Artes, sempre em BH, chamada 20 por 20, aí fiz o tema voltado para a mulher, a força da mulher. Onde coloquei no lugar da máscara um inseto, que para mim, é símbolo de metamorfose, de transformação, força e leveza ao mesmo tempo. E foi uma ideia que deu super certo e acabou que veio outros convites e outro projeto ‘Cores e Flores’, na qual decidir fazer uma mandala onde projetei esses mesmos elementos, as mulheres com os insetos no lugar das máscaras, ainda representam as etnias que eu sempre trabalho.” Depois do sucesso das mandalas, Cecília completou o acervo sobre a pandemia com a mandala que representa a cura. “Que foi seguindo aquele processo da expectativa que estávamos da vacina. Então fiz a cura, com a cúpula de vidro vedando o vírus.”
Na sua exposição tem também as mulheres que representam o Brasil, como a Caboclinha que foi a primeira, seguida pela, a Negra. “A Caboclinha foi uma homenagem a Mestre Socorro por ser a primeira Mestre-mulher dos Caboclinhos das Festas de Agosto de Montes Claros. E eu via nas outras exposições somente telas sobre os Catopés e Marujo, como se a Festa de Agosto fossem só eles. Inclusive as pessoas falam a Festa do Catopé, quando, na verdade, é a ‘Festa de Agosto’, pois, representa as nossas etnias. Aí fiz essa homenagem a ela, com flores de pequi e com as formigas, representado o Arraial das Formigas. Depois, fiz a Negra, representado a origem africana que vem dos ternos do Catopés, e coloquei a flor-de-maracujá em vez de colocar a mangaba que é a abelha que poliniza coloquei esse besouro em crítica, porque a mangaba está ameaçada. E fiz a Monarca, sendo a representação dos portugueses, que coloquei a abelha rainha e as borboletas-monarcas. Por último, mas não menos importante, para fechar a matriz brasileira, uma Asiática”, explica. “Para fechar esse assunto, fiz as graças como se fosse uma projeção futura. Todas as Mestres-mulheres, esperando que a mesma oportunidade que a Socorro teve em assumir a liderança dos Caboclinhos, outras mulheres possam liderar o Catopé e os Marujos”, diz esperançosa.
A artista também faz menção, com dois quadros coloridos, ao seu ídolo, o mestre Konstantin Christoff, entre outros trabalhos. Aos interessados só basta verificar a grandiosidade e beleza, das suas obras e constar que segundo Cecília Schmidt, “Sonhar é Possível”.
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