DECEMBER 9, 2022


Caminho do Sertão reproduz roteiro de Guimarães Rosa em Minas

Para participar da caminhada, é preciso, primeiro, inscrever-se por meio de um formulário. Nessa etapa, os candidatos podem contribuir com um valor de até R$ 50.

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Projeto está com inscrições abertas até 13 de abri . Foto: Lia Rezende Domingues/Agência Brasil

Quem se agarra à célebre frase do escritor Guimarães Rosa e, como convoca ele, responde à vida com coragem pode se inscrever, até o dia 13 de abril, na 8ª edição do Caminho do Sertão, projeto que se coloca como “sócio-eco-literário”, em que os participantes percorrem territórios por onde andou o autor mineiro. O caminho, a ser percorrido de dias 8 a 16 de julho, tem 192 quilômetros de caminhada e inclui possibilidades de conhecer o Cerrado. O grupo parte do município de Arinos, noroeste mineiro, locomovendo-se sobre as pegadas do jagunço Riobaldo, personagem do romance Grande Sertão: Veredas.

No itinerário, que abrange as regiões norte e noroeste de Minas Gerais, ficam quatro unidades de conservação: o Parque Estadual Sagarana, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari, o Parque Estadual Serra das Araras e o Parque Nacional Grande Sertão Veredas.

Segundo o idealizador do projeto, Almir Paraca, observa-se que fazem parte do roteiro tanto áreas preservadas por comunidades tradicionais, como Fazenda Menino, Serra das Araras, Morro do Fogo e Vão dos Buracos, quanto outras exploradas pelo agronegócio ou com presença de posseiros. Portanto, a caminhada coloca em questão também, além da obra de Guimarães Rosa, a devastação do bioma, que pode perder até 34% das águas dos rios até 2050 e alternativas que assegurem sustentabilidade ao território, como o turismo de base comunitária e a agroecologia.

“Um dos propósitos, de fato, é sensibilizar o poder público, dar visibilidade às tensões e contradições que existem nesse território, principalmente aquelas de natureza socioambiental e atrair também a atenção de possíveis colaboradores, seja, de organizações individuais, para as diversas frentes de ação comunitária que existem e sobrevivem, com muita dificuldade, no território”, afirma Paraca.

Para Vitor Galvani, que já fez a caminhada e hoje responde pela comunicação do projeto, o Caminho do Sertão proporcionou contatos em profundidade, consigo e com o exterior. “Não é só o ato de caminhar, mas é todo o contorno que a organização promove, de diálogos, contatos com pessoas que viveram muitos ciclos”, diz.

Como participar


Para participar da caminhada, é preciso, primeiro, inscrever-se por meio de um formulário. Nessa etapa, os candidatos podem contribuir com um valor de até R$ 50. Em seguida, devem encaminhar uma carta de intenções, explicando por que desejam fazer a caminhada.

O custo médio é de R$ 2 mil por candidato, mas o projeto oferece bolsas integrais e parciais a pessoas que não podem arcar com o valor, condição que devem sinalizar já no formulário de inscrição. A quantia pode, ainda, chegar a R$ 3 mil, porque, segundo os organizadores, atenderam-se pedidos de participantes que tinham vontade de contribuir com valores maiores do que os estipulados anteriormente. Com isso, alguns participantes acabam garantindo a inscrição de outros, com o montante que pagam.

O edital estabelece como públicos prioritários produtores de agricultura familiar, quilombolas, pesquisadores com estudos relacionados ao uso da terra, a comunidades tradicionais, ao Cerrado ou ao Território do Mosaico do Sertão Veredas-Peruaçu, ativistas culturais e socioambientais, artistas, entre outros.

edital pode ser consultado pela internet. A equipe do projeto também mantém no ar um perfil no Instagram e o site oficial.

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