Embora esteja contabilizando neste início de ano 592 casos prováveis e 67 confirmados de dengue, o que representa uma redução de 69,17% de notificações em relação ao mesmo período do ano passado, em reunião da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde (CIB-SUS) realizada sexta-feira, 24, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros alertou os gestores do Norte de Minas sobre a necessidade de intensificar os trabalhos de eliminação de focos do mosquito Aedes aegypti.
Neste ano o Norte de Minas soma 103 internações hospitalares de pessoas com suspeita de terem sido acometidas por alguma das arboviroses (dengue, febre chikungunya ou zika vírus). Um óbito ocorrido em Coração de Jesus está sendo investigado para identificar se foi causado por arbovirose.
Durante a reunião realizada no auditório da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), a coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes alertou que, neste ano, a circulação do sorotipo 3 da dengue é uma preocupação adicional, pois tem potencial para causar formas graves da doença.
Além disso, lembrou a coordenadora, a febre de Oropouche, que pode ser confundida com dengue, chikungunya e zika, contabilizou no ano passado mais de 13,8 mil casos notificados no país, sendo 302 em Minas Gerais. Já neste mês, a doença tem 893 casos notificados no país, sendo 882 notificações registradas no Espírito Santo, estado que faz divisa com Minas Gerais.
“Neste ano, 43 municípios da área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros já estão sendo contemplados com a identificação de possíveis focos de proliferação do Aedes aegypti em locais de difícil acesso, com a utilização da tecnologia dos drones. Trata-se de uma inovação para o apoio aos serviços municipais de vigilância. O trabalho já possibilitou a identificação de mais de 9.200 potenciais focos do mosquito e os municípios precisam ser ágeis na eliminação dos criadouros, num prazo máximo de sete dias a partir do mapeamento realizado pelos drones”, reforçou Agna Menezes.
A coordenadora lembrou que a identificação de possíveis criadouros do Aedes aegypti por meio de drones constitui ferramenta auxiliar de apoio aos municípios. “Por isso, as secretarias municipais de saúde não podem abrir mão do reforço do trabalho dos agentes de controle de endemias, possibilitando-lhes o acesso a capacitações e utilização de equipamentos adequados para identificação de focos do mosquito dentro de domicílios. Para viabilizar os serviços, a Secretaria de Estado da Saúde já repassou recursos financeiros a todos os municípios”, pontuou a coordenadora.
O presidente regional do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems), Guilherme Leal Andrade, lembrou que “para evitar que nova epidemia de dengue ocorra neste ano, a exemplo da situação vivenciada em 2024, é necessário que cada município assuma a responsabilidade de enfrentar as suas fragilidades para a implementação das ações de vigilância em saúde. Só assim teremos condições de reduzir a quantidade de pessoas doentes e, consequentemente, o aumento da ocorrência de óbitos”.
RESULTADOS
Em 43 municípios que já tiveram mais de 2,8 mil hectares mapeados por drones, foram identificados 2.280 tonéis e tambores destampados, o que compreende 31,11% de potenciais focos de proliferação do Aedes aegypti; 1.850 locais com acúmulo de lixo (24,63%); 916 piscinas (12,50%); 826 caixas d´água destampadas (11,27%); 685 pneus (9,35%); 635 lajes com acúmulo de água (8,66%); 131 máquinas e equipamentos aparentemente sem utilização (1,79%) e 49 poços e cacimbas (0,67%).
Já em Montes Claros o mapeamento de 800 hectares de áreas de difícil acesso detectou a existência de 1.874 potenciais focos de proliferação do Aedes aegypti, distribuídos da seguinte forma: 578 piscinas que representam 30,8% dos potenciais focos de reprodução do Aedes aegypti; 351 caixas d´água destampadas (18,7%); 342 locais com acúmulo de lixo (18,2%); 268 tonéis e tambores destampados (14,3%); 233 lajes com acúmulo de água (12,4%) e 32 máquinas e equipamentos aparentemente sem uso (1,7%).
SOROTIPOS
Segundo o Ministério da Saúde, os sorotipos são variações do vírus que, embora pertençam à mesma espécie, possuem diferenças em sua composição antigênica. No caso da dengue, os quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) são suficientemente distintos para que uma infecção por um deles não ofereça imunidade contra os outros.
“Isso significa que uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes, uma por cada sorotipo. Além disso, infecções subsequentes por diferentes sorotipos aumentam o risco de formas mais graves da doença, como a dengue hemorrágica. A introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros tipos pode levar a epidemias significativas”, alerta o Ministério da Saúde.
PREVENÇÃO
Diante da possível circulação dos quatro sorotipos de dengue no país, o Ministério da Saúde reforça que é fundamental intensificar as medidas de prevenção, especialmente no controle ao mosquito transmissor. Eliminar focos de água parada, utilizar repelentes e instalar telas de proteção são algumas das ações recomendadas.
Além disso, é importante estar atento aos sintomas da dengue e procurar assistência médica imediata em caso de suspeita, especialmente se houver sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos.
Entre os principais sintomas estão: febre (39°C a 40°C) de início repentino; dor de cabeça; prostração; dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos. Pessoas nesta situação devem procurar imediatamente um serviço de saúde, a fim de obter tratamento oportuno.
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