DECEMBER 9, 2022


Outubro Verde: SES-MG mobiliza gestores e profissionais de saúde do Norte de Minas para o enfrentamento à sífilis

O terceiro sábado deste mês, 19/10, é o Dia Nacional de Combate à Sífilis Congênita

Foto: Divulgação/SRS

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) e as Coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, estão reforçando com as secretarias municipais de saúde do Norte de Minas a necessidade de implementação de ações de mobilização da população para a prevenção contra a sífilis. O terceiro sábado deste mês, 19/10, é o Dia Nacional de Combate à Sífilis Congênita. Em nível nacional, o agravo tem apresentado aumento progressivo das taxas de transmissão vertical (das gestantes para bebês).

Em reuniões realizadas na última semana de setembro, envolvendo o Cievs Regional e a Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde (CIB-SUS), os coordenadores de vigilância epidemiológica dos municípios e de hospitais, bem como os gestores de saúde, foram alertados sobre o aumento da incidência da sífilis no país, bem como no Norte de Minas.

Por isso, para o reforço da programação das ações de mobilização, no próximo dia 15/10 a SRS realizará reunião com os coordenadores municipais de vigilância epidemiológica e referências técnicas de sífilis. Já no dia 25/10 está programado o webinário “Capacitação técnica profissional sobre o agravo”.

A sífilis é transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas, sangue ou produtos sanguíneos (agulhas contaminadas ou transfusão com sangue não testado), além da transmissão da mãe para o filho em qualquer fase da gestação, no momento do parto ou pela amamentação. O tratamento é estendido aos parceiros sexuais e é feito com antibióticos, além de ser acompanhado com a realização de exames clínicos e laboratoriais para avaliar a evolução da doença.

“Trata-se de uma infecção curável, com tratamento relativamente simples, mas pegar uma vez não confere imunidade. Nas formas mais graves da doença, como na fase terciária, o não tratamento adequado pode levar à morte. O uso de preservativos (tanto femininos como masculinos) durante todas as relações sexuais é a maneira mais segura de prevenir a doença. O acompanhamento das gestantes e dos parceiros durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita”, explica a referência técnica da SRS, Adriana Barbosa Amaral.

Pelo fato de ser uma doença para a qual existe a possibilidade de diagnóstico precoce e ser detectada pelos serviços de atenção primária, com a realização de testes rápidos disponibilizados nas unidades básicas de Saúde (UBS), Adriana Amaral reforça que “temos condições reais de deter o avanço da transmissão. Mesmo porque, trata-se de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) exclusiva do ser humano”.

Cenário

Dados do Ministério da Saúde apontam que, enquanto em 2012 a taxa de detecção de sífilis adquirida (transmitida de pessoa para pessoa) foi de 14,1% por 100 mil habitantes, em 2022 o percentual aumentou para 99,2% para cada 100 mil pessoas.

No caso do diagnóstico de sífilis em gestantes, a taxa de detecção saltou de 5,7% em 2012 para 32,4% em 2022. Já a taxa de incidência de sífilis congênita para cada grupo de mil nascidos vivos passou de 4% em 2012 para 10,3% em 2022.

Em Minas Gerais o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) revela que entre 2018 e 2022 foram contabilizados 80.788 casos de sífilis adquirida. A taxa de detecção, que em 2018 era de 69,8% por 100 mil habitantes, saltou em 2022 para 99,6%.

No caso de sífilis em gestantes, entre 2018 e 2022 foram notificados 27.901 casos de sífilis. A taxa de incidência que em 2018 era de 20,7% passou para 27,3% em 2022.

Quanto à transmissão de sífilis de gestantes para bebês, entre 2018 e 2022 o Sinan revela que Minas Gerais contabilizou 10.911 casos. A taxa de incidência varia entre 7,2% a 9,5% para cada grupo de mil nascidos vivos.

Norte de Minas

Com relação aos 54 municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, Maria Regina de Oliveira Morais, referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde explica que “embora a frequência de sífilis adquirida (44,75% por 100 mil habitantes) esteja abaixo da média nacional, o número de casos está aumentando. Saltou de 36 notificações em 2017 para 735 casos registrados no ano passado. Já nos sete primeiros meses deste ano a região contabiliza 792 casos de sífilis adquirida, superior a todo o ano de 2023”.

Também na área da SRS, a taxa de frequência de sífilis em gestantes está aumentando. Saltou de 174 notificações em 2017 para 335 casos no ano passado. Por outro lado, entre janeiro e julho deste ano foram notificados 205 novos casos positivos para a doença. A taxa de incidência está em 24,5%.

Ainda na área de atuação da SRS, a taxa de frequência de sífilis transmitida de gestantes para bebês vem caindo, embora ainda esteja se mantendo acima da média nacional e do estado. Entre 2017 até julho deste ano foram notificados 1.068 casos e a taxa de incidência está em 11,3% para cada mil nascidos vivos. A média de incidência do estado é de 9,5% e a do país 10,3%.

O Sistema de Agravos de Notificação aponta que entre 2017 e 2024 ocorreram 36 óbitos por sífilis na área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros. Trinta e dois casos tiveram como vítimas bebês; três casos foram diagnosticados como sífilis adquirida e um óbito envolveu uma gestante.

Recomendações

Entre as sugestões apresentadas aos municípios, a coordenadora do Cievs Regional e da vigilância em saúde na SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, aponta a necessidade de ampliação da testagem rápida, inclusive com a realização de ações fora das unidades de saúde; o investimento na qualidade do pré-natal com a realização da testagem da gestante, tratamento e monitoramento dos casos positivos, incluindo os parceiros.

“Combater a sífilis adquirida tem impacto importante na contenção da transmissão da doença, inclusive das gestantes para os bebês”, pontua a coordenadora.

Outras medidas importantes que os municípios devem manter durante todo o ano são as ações de educação sexual envolvendo as diversas faixas etárias da população. Entre as atividades o foco deve ser direcionado ao planejamento familiar; ao pré-natal; às ações voltadas para o público presente nas salas de espera das unidades de saúde, escolas e universidades, além dos grupos de maior vulnerabilidade, constituído por pessoas do sexo masculino com idade entre 20 e 29 anos.

Hospitais de referência

Para a implementação do Plano de Estadual de Enfrentamento à Sífilis, em julho de 2023, por meio da Resolução 8.264, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) selecionou 14 hospitais da macrorregião de Saúde Norte para o atendimento à profilaxia da transmissão vertical da sífilis, hepatites virais e do vírus HIV em recém-nascidos. Os hospitais foram identificados como referências para o Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids), conforme critérios definidos pelas coordenadorias Materno Infantil, de IST/Aids e de Hepatites Virais da SES-MG.

No Norte de Minas, foram selecionadas as seguintes instituições: Hospital Municipal de Bocaiúva; Hospital Municipal Senhora Santana, de Brasília de Minas; Unidade Mista Municipal Dr. Brício de Castro Dourado, de São Francisco; Hospital Municipal São Vicente de Paulo, de Coração de Jesus; Hospital Municipal de Francisco Sá; Fundação de Assistência Social de Janaúba (Fundajan); Hospital e Maternidade Nossa Senhora das Graças, de Monte Azul; Hospital Municipal de Januária; Hospital Funrural, de Manga; Santa Casa de Montes Claros; Hospital Universitário Clemente de Faria, também sediado em Montes Claros; Hospital Dr. Moisés Magalhães Freire, de Pirapora; Hospital Municipal Dr. Oswaldo Prediliano Santana, de Salinas; e o Hospital Santo Antônio, de Taiobeiras.

A Resolução estabelece que outros hospitais que realizam partos e que desejam ofertar a testagem rápida às puérperas poderão se cadastrar no Sistema de Controle Logístico de Insumos Laboratoriais (Sisloglab) para receber os kits, desde que tenham estabelecido um fluxo de acesso aos medicamentos junto ao Serviço de Atendimento Especializado e Unidade Dispensadora de Medicamentos, em caso de resultados positivos para HIV, sífilis ou hepatites virais.

 

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