Com o objetivo de ampliar o acesso da população própria e referenciada aos serviços de diálise peritoneal, em novembro deste ano os municípios de Montes Claros, Brasília de Minas, Janaúba, Pirapora e Salinas, serão contemplados com a disponibilização da primeira parcela de recursos superiores a R$ 137,4 mil para o início do atendimento de demandas de pacientes residentes em 86 municípios que compõem a macrorregião de saúde do Norte de Minas. A partir de 2024 os investimentos previstos pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais – (SES-MG) vão ultrapassar R$ 412,4 mil para o atendimento de 96 pacientes.
O coordenador de atenção à saúde da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS), João Alves Pereira, explica que a diálise peritoneal é uma opção de tratamento da doença renal crônica, através do qual o processo de hemodiálise ocorre dentro do corpo do paciente, com o auxílio de um filtro natural como substituto da função renal.
Neste ano, o repasse de R$ 1,9 milhão, referente a um quadrimestre, contemplará a ampliação da diálise peritoneal em 62 municípios do Estado. O repasse do recurso está previsto na Deliberação 4.331 e na Resolução 8.956, publicadas dia 19 deste mês pela SES-MG. Os recursos são complementares ao financiamento realizado pelo Ministério da Saúde. Por ano, a previsão é de que sejam investidos mais de R$ 5,7 milhões, contemplando 1 mil 328 pacientes.
A Deliberação da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde – (CIB-SUS) esclarece que para a definição dos valores a serem repassados aos municípios foi observado como critério técnico a majoração em 100% do valor previsto na tabela SUS, envolvendo a manutenção e acompanhamento domiciliar de paciente submetido à diálise peritoneal. Com o aumento previsto das pessoas beneficiárias, os serviços habilitados em atenção especializada em doença renal crônica com diálise peritoneal receberão do Estado, além dos R$ 358,06 já repassados pelo Governo Federal, um adicional correspondente ao mesmo valor, perfazendo o total de R$ 716,12 por cada procedimento realizado.
O coordenador de atenção à saúde da SRS observa que a definição dos municípios contemplados com a ampliação do acesso à diálise peritoneal “levou em conta as localidades sede de instituições públicas ou filantrópicas habilitadas em atenção especializada em doença renal crônica, que detenham a gestão de seus prestadores ou instituições que estão sob gestão estadual”.
No caso específico do Norte de Minas a distribuição dos recursos e das metas físicas para a ampliação do acesso da população à diálise peritoneal ficou da seguinte forma: Montes Claros, 33 pacientes e recebimento anual de R$ 141,7 mil; Janaúba, 23 pacientes e R$ 98,8 mil; Brasília de Minas, 22 procedimentos e investimento de R$ 94,5 mil; Salinas, 11 pacientes e R$ 47,2 mil; Pirapora, sete pacientes a serem atendidos e repasse de recursos superiores a R$ 30 mil.
COMO FUNCIONA
A doença renal crônica é uma diminuição lenta e progressiva, durante meses ou anos, da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. As causas principais são diabetes e pressão arterial alta. O sangue se torna mais ácido, com reflexo no desenvolvimento da anemia; os nervos são prejudicados, bem como o tecido ósseo, com risco aumentado de problemas decorrentes de aterosclerose.
O tratamento visa restringir fluidos, sódio e potássio na dieta, o uso de medicamentos para corrigir outros quadros clínicos (como diabetes, pressão arterial alta, anemia e desequilíbrio eletrolítico) e, quando necessário, o uso de diálise ou transplante renal.
A diálise peritoneal é uma das opções de tratamento da terapia renal substitutiva para pacientes com perda da função renal. A diálise peritoneal remove as impurezas e excessos de líquido no sangue, com auxílio de um filtro natural chamado peritônio. O filtro consiste em uma membrana porosa e semipermeável que cobre os principais órgãos do abdômen. O espaço entre esses órgãos é chamado de cavidade peritoneal.
Um pequeno e fino tubo denominado cateter é implantado na parede abdominal, próximo ao umbigo, por meio de uma cirurgia com anestesia local, até a cavidade peritoneal. O processo em geral é iniciado entre dez a 14 dias após a implantação do cateter. Em alguns casos específicos, ele pode ser antecipado iniciando a terapia em até 24 horas, dependendo da gravidade e necessidade clínica do paciente.
A utilização do cateter permite a passagem da solução de diálise até a cavidade peritoneal, realizando a drenagem em contato com o sangue, levando consigo as toxinas como a ureia, creatinina, potássio e o excesso de líquido no corpo em casos de dificuldade da função natural dos rins. Em casos de deslocamento do cateter, é necessário realizar a sua troca, respeitando o procedimento de colocação da cavidade abdominal.
Compartilhe: