Com 26 de um total de 54 municípios apresentando cobertura vacinal abaixo de 95%, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS) está mobilizando as secretarias de saúde do Norte de Minas para a busca ativa de crianças ainda não imunizadas contra a meningite.
A vacina Meningocócica C (conjugada) para crianças de até 10 anos, 11 meses e 29 dias de idade está sendo disponibilizada gratuitamente na rede pública por meio do Sistema Único de Saúde – (SUS).
A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes, lembra que a vacina deve ser aplicada em duas doses em crianças aos três e cinco meses de vida. Uma terceira dose de reforço deve ser aplicada, preferencialmente, quando a criança completar um ano.
Caso os pais tenham perdido o prazo para a aplicação da vacina nas idades indicadas, uma dose do imunizante deve ser aplicada antes da criança completar cinco anos de idade.
Por outro lado, a ampliação temporária da aplicação da vacina meningocócica C para crianças com até 10 anos, ainda não vacinadas, têm o objetivo de aumentar a proteção contra um dos tipos mais agressivos da doença e que pode causar morte rápida ou deixar graves sequelas.
No ano passado, Minas Gerais registrou 17 casos de meningocócica e quatro óbitos. Já em dois meses e 18 dias de deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais – (SES-MG) já teve notificados seis casos de meningocócica e uma morte causada pela doença.
Entre os 54 municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, 18 municípios apresentam cobertura vacinal contra a meningite variando de 95,24% a 100%. São Eles: Catuti, Claro dos Poções, Cristália, Engenheiro Navarro, Grão Mogol, Guaraciama, Jequitaí, Lagoa dos Patos, Mamonas, Montezuma, Ninheira, Nova Porteirinha, Pai Pedro, Porteirinha, Santo Antônio do Retiro, São João da Lagoa, Taiobeiras e Verdelândia.
“Para revertermos essa situação é de fundamental importância que as secretarias de saúde dos municípios que estão com coberturas vacinais abaixo de 95% providenciem a busca ativa das crianças não imunizadas contra a meningite. Trata-se de uma doença grave, mas que pode ser evitada por meio de vacinas que estão disponíveis gratuitamente nas unidades básicas de saúde”, reforça Agna Menezes.
Em 2020, a cobertura vacinal em Minas Gerais para a meningocócica C (Conjugada) foi de 86,43% em crianças menores de um ano e de 85,67% em crianças acima de um ano. Já em 2021, a cobertura registrada foi de 73,7% nos menores de um ano e de 72,26% para os maiores de um ano de idade.
A DOENÇA
A meningite é uma infecção que atinge as meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Embora todos os tipos de meningites demandem rigor no acompanhamento do quadro clínico, a meningite do tipo meningocócica apresenta maior gravidade.
“Todas deixam sequelas e levam à morte, porém a doença meningocócica tem evolução para óbito em até 24 horas, além de sequelas que vão de surdez até a amputação de membros”, reforça Fernanda Barbosa, referência técnica da Coordenadoria de Doenças e Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais.
Fernanda explica que a doença meningocócica é a infecção causada por uma bactéria (meningococo), podendo apresentar vários sorogrupos, sendo A, B, C, W, X e Y os mais importantes.
“A garganta dos seres humanos é o reservatório natural desse microrganismo, portanto, a sua transmissão ocorre por meio de partículas eliminadas durante a respiração, a fala, a tosse, o espirro, o beijo ou, ainda, por meio de contato direto com secreções respiratórias de pacientes ou portadores assintomáticos”, explica a referência técnica.
A coordenadora estadual do Programa de Imunizações, Josianne Dias Gusmão explica que, apesar de a faixa etária em maior risco de adoecimento ser a das crianças menores de um ano de idade, os adolescentes e adultos jovens são os principais responsáveis pela manutenção da circulação da doença na comunidade. “Portanto, a única forma de controlar a doença meningocócica é manter elevadas coberturas vacinais tanto na população infantil como em adolescentes”, reforça.