DECEMBER 9, 2022

De São Romão para o mundo: norte-mineiro é promessa na elite do Free Fire

Marcos Vinicius Rosa Frois se mudou há oito meses para SP em busca de oportunidades no game; em menos de um ano, se tornou treinador, conquistou títulos nacionais e internacionais, e agora disputa a LBFF

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Marcos Vinicius Rosa Frois, de 19 anos, é treinador da LOUD na série A da Liga Brasileira de Free Fire/ Foto: Arquivo pessoal

Em menos de um ano, a vida do norte-mineiro Marcos Vinicius Rosa Frois, de 19 anos, mudou radicalmente. E para melhor. Devido à pandemia, os projetos de estudos para ser soldado do Exército foram adiados, situação que o fez enxergar no Free Fire uma oportunidade de ganhar dinheiro, além de se divertir. O jogo tem ganhado cada vez mais adeptos, sendo o mais baixado mundialmente no ano passado, segundo o relatório State of Mobile 2020, feito pela especialista em dados de jogos, App Annie.

Há quase quatro anos, Frois começou a jogar o Free Fire de forma amadora. “Um amigo meu de São Romão me apresentou, a gente começou por diversão, jogava apenas quando eu tinha um tempo livre. E depois disputamos alguns campeonatos amadores. Daí, fomos criando gosto”.

Atualmente, Frois é coaching de uma das 18 equipes que disputam a série A da Liga Brasileira de Free Fire (BLFF). Há oito meses ele se mudou do Norte de Minas para a cidade paulista de Cotia, em busca de mais oportunidades no jogo eletrônico. A Revista Tempo fez uma entrevista com ele quando esteve recentemente em visita à região. Marcos falou sobre as conquistas, os desafios e as expectativas para a carreira, que já se mostra bastante promissora. O gamer comenta que apesar de estar se destacando em tão pouco tempo, o caminho de ascensão até aqui foi intenso.

“O concurso foi suspenso, e eu precisava focar em algo para não ficar parado muito tempo. Já tinha dois anos que eu jogava, então, ali aconteceu um evento em que subiram algumas equipes amadoras para o profissional. Nesse tempo, consegui ser contratado por uma equipe depois de alguns testes. Nós disputamos um campeonato chamado Copa Free Fire, e o nosso time se destacou pela estratégia, com o estilo de estar sempre no final da partida vivo. Na modalidade que estávamos, esperavam um time de pouca expressão, um time com jogadores bem desconhecidos, e o nosso bom desempenho surtiu efeito em times grandes”, contou.

Com a boa repercussão, vieram os convites. Surgia, então, uma estrela no mundo dos gamers. “Foram mais de seis equipes que me procuraram na época e eu aceitei a proposta da LOUD para disputar na modalidade emulador, no time para computadores. Nisso, a gente montou um time muito forte, uma seleção, com nomes gigantescos e bem conhecidos. Ganhamos quase todos os campeonatos naquele período, em torno de 8 a 10 campeonatos”, completou Frois.

A partir daí, o menino prodígio de São Romão ficou ainda mais disputado entre as equipes da elite do FF e logo recebeu a proposta de migrar de jogador para treinador. O convite foi uma aposta da LOUD para se recuperar no cenário competitivo, já que após ganhar o título de campeão da América, no México, o time tinha caído de rendimento.

“O time estava em má fase e precisava mudar a equipe. Eles me procuraram e eu assinei contrato com a empresa, só que na modalidade mobile, para celular. Quando entrei no time, estávamos na zona de acesso, na repescagem e quase sendo rebaixado para a série B. Conseguimos reerguer e passar em primeiro lugar disparado. Depois disso, fomos vice-campeão da Liga Brasileira de Free Fire. Em seguida, viajamos para Singapura, onde conquistamos o vice-campeonato mundial. A competição foi feita no mês de maio e registrou quase seis milhões de pessoas asssistindo ao vivo simultaneamente. É um record mundial atualmente”, comentou.

O treinador da LOUD acredita que com a parceria com a seleção brasileira, a tendência é que mais brasileiros sejam inseridos nas opções de personagens, como o atacante Neymar Júnior. E, na medida em que o jogo cresce, cresce também o número de patrocinadores. Consequentemente, os valores arrecadados nos jogos também saltam exponencialmente.

“Dá pra ficar rico, sem dúvidas. Tenho contrato com salário de ‘head coach’ da equipe profissional. Ganhamos um prêmio em dinheiro se ficarmos em 1º, 2º e 3º lugar. Além disso, os próprios organizadores do Free Frire dão uma renda por Split, e mais R$ 100 mil para manter o time”, afirmou Frois.

Informações da Garena, empresa desenvolvedora do jogo, confirmam que o Free Fire tem sido uma fonte rentável. Só em 2021, já tiveram três Splits da LBFF [fases], principal competição do game em âmbito nacional. A LBFF 4, realizada no mês de maio, em Singapura, contou com uma premiação total de R$ 745 mil e duas vagas para o Mundial de Free Fire 2021. O campeão da LBFF 4 foi o Fluxo, que garantiu sua vaga direta na grande final do mundial. Já a LOUD, equipe do norte-mineiro, foi vice-campeã, e assegurou a vaga no play-in, ou fase de entrada.

Free Fire foi o jogo mobile mais baixado do mundo em 2020/ Foto: App Annie/ Divulgação

Em Singapura, quem saiu com a taça foi a Phoenix Force (Tailândia). A LOUD ficou com o vice do mundial. Após a competição internacional, o cenário brasileiro deu início à LBFF 5. A nova etapa aconteceu de 12 de junho a 24 de julho, tendo como campeã inédita a Vivo Keyd, levando para casa a premiação de R$ 300 mil.

No dia 28 de agosto, começou aLBFF 6. O torneio tem como uma das favoritas a LOUD, treinada por Marcos Frois. A 1ª e 2ª rodada foram disputadas no último sábado (28) e domingo (29), seguem até o mês de outubro. Com esses primeiros resultados, a LOUD, que possui 11, 5 milhões de seguidores no Instagram, está na 8 ª posição da tabela de classificação geral, e promete brigar pelo título. O próximo confronto da equipe será neste domingo (05).

Jogo de ação e aventura tem conquistado adeptos pelo mundo/ Foto: Garena/ Divulgação

Entenda o jogo

O Free Fire é um segmento de esporte eletrônico de ação e aventura, lançado oficialmente em agosto de 2017, e que consiste em desenvolver jogadas de estratégias de sobrevivência. Para quem não entende muito do jogo – como a repórter aqui – Marcos Fróis explicou um pouco mais da modalidade e pontuou alguns passos para quem deseja se aventurar no mundo do game.

“Para entrar no jogo, basta baixar na loja de aplicativo do celular. Para os jogadores amadores é mais simples, mas o profissional, demanda mais tempo, treinamento. No entanto, é importante lembrar que você não pode parar sua vida pessoal por conta do jogo, tem que saber dividir o tempo, ter muito foco e determinação. O jogo está crescendo. Já tivemos vários campeonatos, e ainda tem muito para mostrar”.

Marcos continua: “De maneira resumida, o FF é um jogo que cai todo mundo em um mapa aberto (ilha) e você consegue ter uma comunicação com o seu time de forma fácil, seja pessoas do Brasil inteiro, ou do mundo. É um tipo de game que impera a lógica. Você cai literalmente de paraquedas em um mapa, fica dentro de uma zona protegida, e o cerco vai fechando, o objetivo é você ser o último a morrer. Para isso, precisa atirar para todos os lados, com muita estratégia para ganhar. Por partida são 20 minutos e podem jogar 48 jogadores. Os personagens mais fortes no momento são, por exemplo, o CR7 (Cristiano Ronaldo), e o brasileiro Alok”, disse.

Ao mesmo tempo que Frois pontua as vantagens do jogo, ele também chama a atenção para a necessidade de equilibrar o tempo entre a diversão e os estudos.
“É muito acessível para todo mundo. O jogo surgiu com essa proposta de opção para a galera da favela, e do interior, como eu. Ele faz muito pela comunidade, tira o moleque novo ali da roça, da favela e da rua, também não precisa de muita internet, não precisa de um celular caro. As empresas adotam a ideia de Free Frire justamente por essa ideia de ser popular. Mas, tem que saber dosar a mão. Quando eu jogava Free Fire e estudava para ser sargento, eu ficava praticamente o dia inteiro estudando, e quando eu tinha um tempo livre a noite, ou de madrugada, que eu jogava. Não pode faltar algo nos estudos, pois se faltar você vai se prejudicar”, alertou.

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