DECEMBER 9, 2022


Seguir adiante!

Mesmo durante a pandemia, o agronegócio no Norte de Minas não parou. Empresários e entidades de classe se organizaram para superar este difícil momento. Um exemplo disso foi a manutenção dos leilões da Expomontes, realizados com sucesso de forma virtual Érika Soares Da redação O Norte de Minas abrange a maior parte do semiárido mineiro, […]

OPÇÃO ABERTURA8

Mesmo durante a pandemia, o agronegócio no Norte de Minas não parou. Empresários e entidades de classe se organizaram para superar este difícil momento. Um exemplo disso foi a manutenção dos leilões da Expomontes, realizados com sucesso de forma virtual

Érika Soares Da redação

O Norte de Minas abrange a maior parte do semiárido mineiro, região reconhecida por ter um clima quente, onde chove pouco ou a chuva é mal distribuída. Historicamente, a seca castigou, de fato, essas bandas dos gerais. Desde 2011, o Norte de Minas vinha sofrendo com reduções expressivas nos números da agricultura e do rebanho bovino. No entanto, nos últimos dois anos, o homem do campo vivenciou o que parecia ser a redenção da região, como explica o engenheiro agrônomo e coordenador técnico regional da Emater, Luiz Aroldo Oliveira Almeida: “Em 2018/2019 e 2019/2020, apesar do volume total das chuvas ter permanecido dentro da média histórica, houve uma melhor distribuição, situação propícia para os pecuaristas melhorarem as condições de produção das pastagens.”

Tudo parecia ir bem, os produtores e criadores de animais ficaram otimistas, já fazendo planos, porém o que ninguém esperava era que uma pandemia fosse tirar todo mundo do eixo. “Prejudicou principalmente os aspectos de comercialização, tanto para aquisição dos insumos – influenciando o custo de produção – quanto na comercialização da produção, o que inclui os animais, a carne, leite e derivados”, afirma o coordenador técnico regional da Emater. Uma importante vitrine para a venda desses animais é a Exposição Agropecuária de Montes Claros, que por causa do coronavírus precisou ser cancelada.

Por culpa do coronavírus, a Expomontes foi cancelada. No entanto, a venda de animais permaneceu firme e forte, desta vez por meio de leilões virtuais. A previsão inicial era que fossem vendidas 6 mil cabeças de gado, mas o volume de negócios foi bem maior do que era esperado: o dobro Crédito: Solon Queiroz

Aconteceu o mesmo com outras grandes feiras, leilões e eventos agropecuários de todo o país, distanciando pecuaristas de possíveis compradores de animais. O que poderia ser feito para contornar a adversidade? Seguir adiante! E como já bem dizia Euclydes da Cunha, no livro Os Sertões, “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Forte e destemido. Cancelar a Expomontes não foi uma decisão fácil, no entanto nem tudo estava perdido, como conta o presidente da Sociedade Rural, José Luiz Veloso Maia: “Por causa da pandemia tivemos que cancelar a exposição, decisão doída, triste, dolorosa, mas que tivemos que tomar pensando no bem das pessoas. No entanto, conseguimos manter os leilões de forma virtual, que foram sucesso absoluto. Então, a gente tem que registrar isso, as pessoas têm que entender e perceber que a pecuária é decisiva, gera renda e empregos, é importante.”

A relação da pecuária com o Norte de Minas é amor antigo, segundo o presidente da Sociedade Rural: “Há 40, 50 anos, quando desciam as boiadas buscando as zonas de mineração ali em Diamantina, Ouro Preto, elas passavam pela região e as pessoas que conduziam as boiadas paravam para os animais se recomporem da viagem. Um dos lugares tradicionais que se fazia isso era em São João da Ponte, um lugar chamado Brejo Grande. Pois bem, essas pessoas observaram o quanto era saudável e o quanto era bom o clima aqui no Norte de Minas para a pecuária. Então, por aí, começou-se a estabelecer as fazendas de criação de gado de corte na região.”

“Nosso leilão de touros nelore é realizado há 14 anos na Expomontes. Esse ano, tudo aconteceu sem a presença dos amigos e clientes no recinto, só que contamos com o apoio e audiência de todos”, comemora o pecuarista Osvaldo Landes Tolentino (Crédito: Divulgação)

Para se ter ideia de como a pecuária vem crescendo, o Norte de Minas tem 1.712.194 habitantes, de acordo com dados publicados em 2019 no Diário Oficial da União e o rebanho bovino da região está estimado em 2,5 milhões. Por aqui, a raça predominante é a nelore, afirma o coordenador regional técnico da Emater: “O rebanho bovino da região é constituído principalmente pelo gado zebuíno, predominando a raça nelore. A região apresenta criações com seleção de genética de gado com aptidão para corte e para leite, o que tem proporcionado ao longo dos anos o melhoramento genético do rebanho regional e, com isso, proporcionando a melhoria da produtividade e da produção de carne e leite.”

O pecuarista e empresário de Montes Claros, Osvaldo Landes Tolentino Miranda, concorda que o gado da região está cada vez melhor. Ele é criador de gado nelore PO, que significa puro de origem, animais que têm todos os ancestrais registrados em livro genealógico da raça, uma espécie de garantia de qualidade. Se o rebanho é bom, o reconhecimento é certo, destaca o Osvaldo:

“Na pecuária, mesmo com o advento do coronavírus, o momento é bom. A arroba do gado está devidamente valorizada, o bezerro idem. O mundo não para de se alimentar com ou sem pandemia. O nosso país, especialmente nossa região, mesmo com todas as dificuldades mostra, mais uma vez, que temos competência em produzir alimentos, no caso da pecuária, a carne, com a qualidade que o planeta precisa.”

Essa força da pecuária ficou clara, ao serem realizados virtualmente os leilões previstos na agenda da Expomontes deste ano. O diretor de leilões da Sociedade Rural, Avelino Ramalho Murta, lembra como surgiu a ideia dessa modalidade de leilões: “Fomos obrigados a cancelar a exposição, mas a gente não poderia deixar passar tudo em branco, porque a Sociedade Rural precisa andar, o produtor rural precisa dessa entidade, dessa casa, desse apoio. Pensando assim, então nasceu a ideia de fazer os leilões virtuais. Fizemos um leilão experimental, foi um sucesso. A partir dele, vimos quais os pontos que poderíamos ajustar e assim nós fizemos. A gente vai adaptando e criando modelos de negócio.”

Inicialmente, acreditava-se que seriam comercializados entre cinco e seis mil animais nos seis leilões virtuais, realizados em parceria com a Confboi Leilões, número que deveria gerar uma receita de aproximadamente 10 milhões de reais, porém a expectativa foi superada, como revela o presidente da Sociedade Rural: “É importante dizer que após uma série de leilões desses, realizados de forma pioneira, virtual, o sucesso foi absoluto, com quase 12 mil animais vendidos.”

Para o pecuarista e empresário, Osvaldo Landes Tolentino Miranda, que disponibilizou animais em um dos leilões, o saldo foi realmente muito positivo.

“Nosso leilão de touros nelore é realizado há 14 anos na Expomontes. Esse ano, tudo aconteceu sem a presença dos amigos e clientes no recinto, só que contamos com o apoio e audiência de todos, e conseguimos fazer o leilão com os melhores resultados até aqui. Disponibilizamos 40 touros nelore PO, 2 fêmeas nelore PO e 3 lotes de bezerras nelore comercial e todos os lotes foram comercializados, com médias que ultrapassaram as dos anos anteriores”, comemora.

Mesmo com os animais vendidos de modo virtual, toda a documentação do rebanho é verificada, como garante o coordenador regional do Instituto Mineiro de Agropecuária em Montes Claros, Marco Túlio Pelaquim: “Os leilões virtuais não precisam de fiscalização, já que os animais estão na fazenda, porém checamos toda a documentação dos animais, averiguamos se está tudo legalizado, e tem dado muito certo. Eu tenho acompanhado os últimos leilões realizados virtualmente e os animais estão sendo bem vendidos e, o melhor, eles estão ficando na região. O Norte de Minas está de parabéns!”.

A relevância do agronegócio pode ser medida em números. Segundo a Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais, no ano de 2018, além de ter sido responsável por 33,2 % do Produto Interno Bruto do estado, o agronegócio mineiro representou 14% do PIB brasileiro do setor, totalizando 199,22 bilhões de reais. Minas Gerais permanecia em primeiro lugar nacional em produção e exportação de café e na mesma posição em produção de leite, uma potência no agronegócio.

O empresário Gilberto Walter dos Santos, proprietário da Triama Norte, sempre soube da força do homem do campo, no entanto acredita que esse reconhecimento veio agora:

“A balança comercial só está positiva pelo agronegócio. As exportações do agro bateram todos os recordes. O homem do campo está sendo reconhecido, principalmente quando se fala do Norte de Minas. Nós tivemos um período de chuvas melhores, então ele está tendo mais condição de ganhar dinheiro, de recuperar os prejuízos do passado. Eu vejo que o homem do campo passou a ser respeitado nesse momento, eu brinco com meus colegas dizendo que você pode precisar de um advogado alguma vez na vida, pode precisar do médico algumas vezes na vida, mas do homem do agronegócio, do fazendeiro, você precisa no mínimo três vezes por dia: no café da manhã, no almoço e no jantar. Tudo em nossa volta depende do agronegócio.”

E se o agronegócio vai bem, a empresa do Gilberto vai bem também: “O nosso negócio é ligado diretamente ao homem do campo. Vendemos máquinas agrícolas, tratores, carregadeiras e o que posso dizer é que o produtor continua comprando sim. O banco começou a acreditar mais nele, facilitar as linhas de crédito, então o produtor rural voltou a investir mais. A minha equipe, que trabalhou seguindo as normas de proteção, boa parte fazendo o serviço de casa, deu um show no agronegócio. Eu tive departamento que teve o crescimento de 50% em relação ao ano passado. A minha equipe não parou, nem o produtor rural. Com certeza vamos sair mais fortes desta pandemia.”

Tecnologia nos leilões

Para a realização dos leilões virtuais foi preciso investir em tecnologia.  A Sociedade Rural instalou dez linhas telefônicas e internet mais veloz, no Tattersal Daul Dias Soares, que fica no Parque de Exposições João Alencar Athayde.

Os leilões foram transmitidos pelo Canal da Confboi Leilões e também pelo Canal 20. Os lances foram dados por telefone e os compradores, que tinham interesse em arrematar os animais, fizeram um pré-cadastro, garantindo assim  a segurança de vendedores e compradores.

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