A dona de casa Cileia Ferreira Cardoso, de 42 anos, percorreu 134 km de Janaúba até Montes Claros para realizar a coleta de DNA no Posto Médico Legal da Polícia Civil, na manhã desta terça-feira (15). O motivo? Mais uma tentativa de encontrar o filho dela, Henrique Ferreira de Jesus, que desapareceu na cidade de Irajá, no Rio de Janeiro. Ela conta que na época ele tinha 24 anos e que há um ano e quatro meses não conseguiu mais notícias dele.
“Há quatro anos ele morava lá, por que tenho um irmão e uma tia que vivem na mesma cidade. Por um tempo, ele trabalhou em uma empresa, mas depois resolveu ter o negócio próprio e montou uma barbearia. Em outubro de 2020, ele saiu para fazer uma consulta, pois estava passando mal, com a garganta muito inflamada, e nunca mais retornou. Eu me desloquei de Janaúba até lá. Buscamos pessoas que ele conhecia, fomos em locais que ele frequentava, mas até hoje não conseguimos nenhuma resposta”.
A coleta do material genético é mais uma chance de reencontrá-lo e acende a esperança da mãe. “Eu tenho a esperança de acha-lo vivo, se eu souber que ele morreu, pelo menos eu terei o direito de fazer um funeral descente para ele. Ou, de pelo menos a gente saber que ele está em paz. Mas tenho muita fé que irei encontrar ele, talvez perdido em algum lugar”, espera.
Talvez, muitos não sabem, mas, tanto a Cileia, como os milhares de familiares que possuem parentes desaparecidos, podem procurar a Delegacia da Polícia Civil e solicitar a coleta do DNA. Como explica o delegado Jurandir Rodrigues, nesse mês, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está com a campanha para intensificar e divulgar o trabalho, mas durante todo o ano, esse tipo de serviço é fornecido.
“No Norte de Minas, essa coleta está sendo no Posto Médico Legal de Montes Claros e de Januária. Mas atende a população de toda a região. Basta procurar a Polícia Civil, caso tenha algum familiar desaparecido, que será cruzado esse material com o material pessoas encontradas vivas ou mortas”, destaca.
Entre apurações de paradeiro e reencontros de familiares há muitos anos distanciados, há desfechos de alívio, alegria e também aqueles que demandam investigação criminal. A Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida (DRPD) da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) tem trabalhado na solução dos mais variados casos.
O médico legista do Posto em Montes Claros, explica que o processo de coleta acontece da seguinte maneira: “A família que tem uma vítima desparecida, deve comparecer a um Posto Médico Legal com um parente de primeiro grau. Ou seja, pai, irmão, ou filho. A coleta é rápida, indolor e não tem custo nenhum para o usuário. Ela é realizada através do swab bucal [passa-se uma espécie de esponja no interior da boca do familiar e são retiradas células da mucosa bucal]”.
Após coletado, esse material vai para o Banco Nacional de Perfis Genéticos, lá ele é comparado com os dados já existentes nesse banco, a fim de confrontar o DNA tanto de pessoas vivas, quanto de pessoas falecidas. O delegado Herivelton Santana comenta que o objetivo é atualizar os dados de pessoas não localizadas e trazer respostas a essas famílias.
“A Polícia Civil está aderindo a uma campanha nacional que é coordenada pelo Ministério da Justiça, para confronto com parentes de pessoas desaparecidas, sejam vivas ou mortas. A Polícia Civil esclarece que não é necessário que os parentes das vítimas aguardem aquele prazo de 24 horas quando seu ente querido venha a desaparecer. Que registrem o Boletim de Ocorrências, e a partir desse registro a delegacia vai requisitar a coleta desse DNA”, finalizou.
Veja os endereços dos postos de coleta em todo o estado:
Montes Claros
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) – Avenida Professor Rui Braga, s/nº, bairro Vila Mauriceia.
Januária
Posto Médico-Legal – Rua Maestro Manoel Leite, 50, bairro Bandeirantes
Unaí
Delegacia Regional de Polícia Civil (anexo) – Avenida Vereador João Narciso, 949, bairro Cachoeira.
Curvelo
Pronto Atendimento Municipal – Avenida Timbiras, 576, bairro Tibira.
Barbacena
Faculdade de Medicina de Barbacena (Funjobe) – Praça Antônio Carlos, 8, bairro São Sebastião.
Belo Horizonte
Instituto Médico-Legal Dr. André Roquette – Rua Nicias Continentino, 1.291, bairro Nova Gameleira.
Betim
Posto de Perícia Integrada – Avenida Amazonas, 4.201, bairro Cachoeira.
Conselheiro Lafaiete
Delegacia Regional de Polícia Civil – Rua Rodrigues Maia, 455, bairro Angélica.
Diamantina
Posto de Perícia Integrada – Avenida João Antunes de Oliveira, 284, bairro Cazuza.
Divinópolis
Delegacia Regional de Polícia Civil (anexo) – Rua Goiás, 1.985 (esquina com rua Itambé), bairro Vila Belo Horizonte.
Governador Valadares
Posto de Perícia Integrada – Avenida Minas Gerais, 2.100 , bairro Grã-Duquesa.
Ipatinga
Posto Médico-Legal – Avenida Londrina, s/nº, bairro Veneza II
Juiz de Fora
Delegacia Regional de Polícia Civil (anexo) – Rua Custódio Tristão, 76, bairro Santa Terezinha.
Lavras
Delegacia Regional de Polícia Civil (anexo) – Rodovia BR-265, 215, bairro Serra Verde.
Sete Lagoas
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (anexo – fundo) – Rua Jovelino Lanza, 1.316, bairro Jardim Arizona.
Teófilo Otoni
Centro Médico Philadelfia – Avenida Dr. Julio Rodrigues, 650, 3º andar, bairro Marajoara (em frente ao Hospital Santa Rosalia).
Uberaba
Posto de Perícia Integrada – Rua Luiz Próspero, 300, térreo, bairro Parque das Américas.
Uberlândia
Hospital das Clínicas – Universidade Federal de Uberlândia – Avenida Pará, s/nº, bairro Umuarama.
Varginha
Hospital Regional do Sul de Minas – Avenida Rui Barbosa, 158, bairro Centro.
Vespasiano
Delegacia Regional de Polícia Civil (anexo) – Rua Joaquim José da Silva Neto, 13, bairro Jardim Itaú.