DECEMBER 9, 2022


Montes Claros: Operação da PF cumpre mandados de prisão contra grupo que aliciava migrantes no Brasil

Os envolvidos identificados gerenciam pagamentos, documentação fraudulenta e o transporte e travessia das fronteiras ao longo do trajeto. A investigação busca responsabilizar os encarregados tanto pelo apoio financeiro quanto pelo suporte logístico, e inclui agentes de viagens, taxistas, hoteleiros e “coiotes”.

Foto: PF/ Divulgação

A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira (31) a Operação Everest, com o objetivo de desarticular um grupo criminoso que atua no contrabando de migrantes em direção aos Estados Unidos. Ao todo, são cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de prisão preventiva.

Os mandados, expedidos pela 7ª Vara Federal de Porto Velho., são cumpridos por 104 agentes da corporação nas seguintes cidades:

  • Porto Velho (RO)
  • Guajará-Mirim (RO)
  • São Paulo (SP)
  • Jardinópolis (SP)
  • Sumaré (SP)
  • Montes Claros (MG)
  • Boa Vista (RR)
  • Assis Brasil (AC)
  • Manaus (AM)

 

Como funcionava

O grupo criminoso aliciava migrantes da Ásia, principalmente de Bangladesh e Nepal, para entrarem ilegalmente nos EUA, levando-os por rotas clandestinas, em condições perigosas, muitas vezes desconhecidas das vítimas, que pagavam, em média, cerca de dez mil dólares americanos pelo “serviço”.

O esquema revelado ocorria por meio de redes transnacionais que operam desde o Aeroporto de Guarulhos/SP, ponto de chegada dos migrantes no território nacional, até as cidades de fronteira do Norte do Brasil, utilizadas como corredor de acesso para os países vizinhos como a Bolívia, a partir de Guajará-Mirim/RO, e o Peru, a partir de Assis Brasil/AC, de onde as vítimas seguiam pela América Central, por via terrestre, até a fronteira mexicana com os EUA.

Dos trechos mais arriscados da viagem, destaca-se a selva de Darién, na fronteira entre a Colômbia e o Panamá, onde o percurso leva semanas a pé por pântanos, rios, montanhas e onde as vítimas são expostas a doenças tropicais, animais selvagens e à ação de grupos criminosos especializados em roubos e sequestros de migrantes naquela região.

Os envolvidos identificados gerenciam pagamentos, documentação fraudulenta e o transporte e travessia das fronteiras ao longo do trajeto. A investigação busca responsabilizar os encarregados tanto pelo apoio financeiro quanto pelo suporte logístico, e inclui agentes de viagens, taxistas, hoteleiros e “coiotes”.

Além disso, foram constatadas fraudes nos pedidos de refúgio, para fins de entrada e permanência temporária no Brasil. Crescimento no número de pedidos de refúgio de nacionais sul-asiáticos, sem causas aparentes nos países de origem, indicou abuso na utilização do instituto humanitário.

A investigação foi iniciada a partir de prisões em flagrante de “coiotes” realizadas ao longo do ano de 2023 na fronteira com a Bolívia. Ao longo de 2024, 6 pessoas foram presas em flagrante e 22 migrantes do Nepal e da Índia foram resgatados em Guajará-Mirim/RO, na fronteira com a Bolívia.

Os investigados supostamente cometeram o crime de contrabando de migrantes (promoção de migração ilegal) e de associação criminosa, previstos nos artigos 232-A, §1º, e 288 do Código Penal. Se condenados, poderão receber pena de até 8 anos de prisão.

 O nome da Operação faz alusão à dificuldade do caminho percorrido pelos migrantes e aos perigos da escalada da montanha situada no Nepal, país de origem de grande parte dos migrantes vitimados pelo esquema criminoso.

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Theodomiro Paulino