Terceiro longa do cineasta mineiro Rafael Conde (1962-), “Zé” (2023- 2horas e 23minutos), vai ser mais uma das atrações do Festival de Cinema de Montes Claros (MG), em comemoração aos 21 anos do Cineclube Cinema Comentado, que acontece nos dias 18, 19 e 20 de outubro.
O filme é baseado no livro-reportagem homônimo do cearense-pernambucano Samarone Lima (1969-), e conta a história de José Carlos Novais da Mata Machado (1946-1973), assassinado no Recife por policiais do Doi-Codi. José Carlos estudava Direito em Belo Horizonte, e foi uma das principais lideranças do Movimento Estudantil mineiro, durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Abandonou os estudos para trabalhar com alfabetização de jovens e adultos em Pernambuco, onde foi preso e morto. Rafael Conde é mineiro de Belo Horizonte, e além de cineasta é professor na Escola de Belas Artes da UFMG. De acordo com o cineasta, este é um momento difícil para o país, quando pessoas pedem a volta de ditaduras, e por isso o filme é importante, por trazer essas reflexões. As exibições dos filmes selecionados para o festival acontecem no Corredor Cultural, no centro da cidade.
Preparação de elenco para cinema
Outro momento importante do festival é a Oficina de Interpretação e Preparação de elenco, que vai ser dirigida pelo ator, diretor, bacharel em Direito e preparador de elencos, Luciano Risso (1977-). Mineiro de Uberaba, Luciano escreveu, produziu e dirigiu alguns curtas-metragens independentes. Entre os trabalhos realizados está a preparação de elenco do filme “Marighella” (2019 – 2horas e 35minutos), direção de Wagner Moura (1976-), sobre o ex-deputado baiano e guerrilheiro que pegou em armas contra a Ditadura Civil-Militar, Carlos Marighella (1911-1969), assassinado em São Paulo pela polícia paulista.“Serão em torno de oito horas e meia de trabalho, e pretendo abrir com um compilado desses filmes que trabalhei, para mostrar os processos diferentes em cada um deles”, explica Luciano Risso sobre como vai funcionar a oficina. Ele entende a sua trajetória como a de um profissional que saiu do interior mineiro, e conseguiu furar o bloqueio das hegemonias de Rio de Janeiro e São Paulo, no universo cinematográfico. “Tenho orgulho de ser mineiro, e vai ser muito legal estar em Montes Claros realizando essa oficina, mostrar que é possível, sim, sair do interior e fazer realizações”, diz Luciano Risso. As oficinas acontecem nos dias 18, 19 e 20 de outubro, e as inscrições vão estar abertas a partir do próximo dia cinco.
O festival, que acontece no Corredor Cultural, no centro da cidade, tem parceria com a Fulô Comunicação e Cultura, e apoio do Museu Regional, Departamento de Extensão da Unimontes (PREX), InterTVGrandeMinas e Lei Paulo Gustavo (LPG). Toda a programação é gratuita.
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