Na manhã desta quarta-feira, 25, o Ministério Público de Minas Gerais, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco – Regional de Montes Claros), em parceria com a Polícia Militar, deflagrou a Operação Castelo de Cartas. A ação tem como objetivo desarticular um esquema de lavagem de dinheiro associado à exploração ilegal de jogos de azar.
“Em princípio, nós teríamos aqui a prática de jogos de azar, lavagem de dinheiro e eventualmente uma organização criminosa, caso existam outras pessoas envolvidas nós estamos investigando. Essa operação visa combater jogos de azar e lavagem de dinheiro, especialmente por meio de rifas virtuais. Os alvos são pessoas com grande influência nas redes sociais que exploravam jogos sem a autorização do Ministério da Fazenda para captar recursos e promover a entrega de prêmios. Apesar de muitos desses influenciadores alegarem estar em conformidade com a lei, essas atividades são consideradas ilegais”, explicou o promotor Flávio Pinheiro.
As investigações revelaram que um casal de influenciadores digitais de Montes Claros estava explorando jogos de azar através de “rifas virtuais” nas redes sociais, o que resultou em um aumento patrimonial significativo. Os valores obtidos de forma ilícita eram disfarçados por meio de transações bancárias entre os investigados e suas empresas, além da compra de veículos importados, imóveis e itens de luxo.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em empresas e residências de Montes Claros e Uberlândia, resultando na indisponibilidade de bens no valor de R$ 4.875.220,55 e na apreensão de um veículo de alto valor. “A operação foi baseada na ilegalidade dos jogos de azar e na utilização indevida de recursos para lavagem de dinheiro, com a Justiça determinando a indisponibilidade de bens e valores que somam quase R$ 5 milhões”, disse Pinheiro.
Para dar ares de legalidade às suas atividades, os investigados realizavam doações de parte das quantias arrecadadas e publicavam comprovantes de pagamento de impostos em suas redes sociais. Além disso, há suspeitas de que os sorteios eram direcionados, com prêmios destinados a pessoas próximas aos envolvidos.
O promotor Flávio Pinheiro ressaltou a necessidade de conscientizar a população sobre a legalidade das atividades relacionadas a jogos de azar. Ele alertou que, por trás de doações a entidades filantrópicas, há práticas prejudiciais que afetam especialmente indivíduos de baixa renda, comprometendo seus salários. “Muitos apostadores são beneficiários de programas assistenciais do governo, gastando grande parte de suas rendas em busca de uma riqueza utópica. Atualmente, cerca de dois milhões de brasileiros são viciados em jogos de azar, o que representa uma tragédia social”, aponta o promotor. “Em 2023, o Banco Central registrou mais de R$ 58 bilhões em apostas, um montante que poderia ser investido no desenvolvimento econômico local e na aquisição de bens.”
Pinheiro destacou ainda a idolatria que algumas dessas figuras públicas recebem, utilizando sua influência para obter lucro e perpetuar um ciclo vicioso que prejudica a sociedade. “Muitas pessoas, inclusive beneficiários do Bolsa Família, gastam grande parte de sua renda em rifas e apostas, o que representa uma preocupação para o Ministério Público, pois impacta diretamente as famílias. É uma praga social”, concluiu.
Por fim, o promotor fez um apelo à sociedade para que tenha consciência e evite apostas, ressaltando que, se as pessoas pararem de apostar, os influenciadores terão que buscar outras formas de ganhar dinheiro. “O Ministério Público clama para que todos reflitam sobre suas escolhas e evitem se envolver com essas práticas prejudiciais”, finalizou.
As investigações seguem em andamento e o processo corre sob segredo de justiça. A Operação Castelo de Cartas é parte da estratégia da Unidade de Combate ao Crime e à Corrupção (UCC) do Ministério Público de Minas Gerais, que visa coibir práticas criminosas e promover a justiça na região.
Bens apreendidos pela polícia
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