O índice preocupa. Nada menos que 78,8% dos brasileiros estão com dificuldades para saldar os débitos, indica Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Os dados são do último mês e a única boa notícia é a estagnação do percentual após três meses consecutivos de alta.
Outro estudo aponta que o desastre nas finanças tem afetado cada vez mais a saúde de quem deve, mostrando que no país onde muitas famílias buscam acesso ao crédito para adquirir bens duráveis e suprir necessidades básicas o peso do endividamento é fator de piora da qualidade de vida.
Sondagem feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, revelou que 82% dos entrevistados com dívidas em atraso há pelo menos três meses sofreram algum tipo de sintoma que prejudicou tanto a saúde física quanto a mental. Nada menos que 84% afirmaram estar “constantemente” preocupados e 66% relataram alterações no sono.
Para 74%, o problema é a ansiedade gerada pelas contas não saldadas, seguido por estresse/irritação (65%) e sentimentos como vergonha e angústia (ambos atingindo 60% dos ouvidos), além de alteração do apetite (51%). Vale destacar que em maio deste ano, 84,82% das negativações realizadas foram de consumidores que já haviam aparecido no cadastro de inadimplência nos últimos 12 meses.
Segundo a pesquisa, os impactos físicos e emocionais podem fazer com que o endividado desconte suas preocupações em outros âmbitos da vida. Exemplo? Um percentual admitiu que a ansiedade o fez fumar, comer ou abusar de substâncias alcoólicas (37%) e de compras impulsivas (26%). Pensamentos negativos, irritabilidade e alterações de humor afetaram também o desempenho profissional.
Cerca de 57% relataram ocorrências de estresse no ambiente laboral, após a inadimplência; 43% ficaram mais desatentos ou improdutivos; 37% têm produzido menos; e 35% perderam a paciência com os colegas. Segundo Alex Araújo, CEO da 4Life Prime – líder no segmento de saúde e segurança do trabalho – a mudança de comportamento e a autoestima abalada por conta da dificuldade em honrar compromissos financeiros pode contaminar todo o ambiente de trabalho.
“Um funcionário endividado trabalha ansioso, muito por buscar resolver suas questões pessoais no horário de trabalho”, diz Araújo. “É uma situação que eleva o esgotamento e impede o seu desenvolvimento profissional em um momento específico”, completa.
Queda no padrão
Muitos sintomas físicos e emocionais estão atrelados ao esforço para manter uma condição de vida enquanto as dívidas se acumulam. Nove em cada dez entrevistados afirmaram que o padrão de vida sofreu impactos diante dos saldos devedores em atraso, enquanto 66% possuem um nível de preocupação alto ou muito alto frente a esses valores em aberto.
Diante disso, grande parte das pessoas com receio de não conseguir pagar as despesas buscam algum tipo de crédito, o que pode complicar ainda mais a situação. Pesquisa mostrou que cerca de 70% dos endividados tentaram acesso a algum tipo de linha de crédito -23% admitiram que usariam o dinheiro para comprar mais.
Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, acredita que nessas horas de desespero o melhor é realizar um planejamento para realizar cortes e priorizar o pagamento de contas em aberto.
“Agir pela impulsividade, não colocando a dívida em perspectiva de longo prazo, é o erro do consumidor. A falta de conscientização de finanças na realidade do brasileiro abre brechas para gastos desnecessários. Anotar os gastos e destacar as prioridades auxilia não apenas o detentor do dinheiro, mas todos ao redor”, orienta.
Dicas para evitar o aperto
Analise suas finanças: rodízio de contas a pagar compromete o orçamento em longo prazo.
É necessário mapear a renda total e organizar despesas fixas e variáveis, dívidas e pagamentos para ter real panorama da realidade financeira.
3.Planeje as despesas: com o orçamento mapeado, o próximo passo é inserir no planejamento as regras que ajudem a manter a organização.
4.Uma delas é a regra 50%, 30% e 20%: 50% dos ganhos para gastos fixos, 30% para gastos variáveis e 20% para investimentos ou fundo de reserva, que visa priorizar as despesas mais importantes.
5.Estabeleça metas: ajuda a manter o planejamento financeiro anual ativo e evitar gastos por impulso.
Fonte: Fernando Lamounier, educador financeiro
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