DECEMBER 9, 2022


Doença de Parkinson: como a tecnologia está sendo usada nos novos tratamentos

Apesar de não ter cura, técnicas inovadoras são capazes de melhorar bastante a qualidade de vida dos pacientes

Foto: Freepik (imagem ilustrativa)

A doença de Parkinson é considerada, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a segunda condição neurodegenerativa mais comum em todo o mundo, atrás apenas do Alzheimer. Apesar de não ter cura, a patologia atualmente aposta em recursos tecnológicos para o avanço dos tratamentos. As novas técnicas são capazes de melhorar bastante a qualidade de vida dos pacientes.

Caracterizada por movimentos não intencionais, tremores de membros, rigidez muscular e dificuldade de equilíbrio e coordenação, a patologia é lembrada neste 11 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Parkinson. A data é uma oportunidade para discutir os desafios da doença, que afeta cerca de 1% da população mundial com idade superior a 65 anos. Só no Brasil, aproximadamente 200 mil pessoas sofrem com esse problema.

De acordo com o neurocirurgião especialista em Parkinson, Bruno Burjaili, apesar de existir muitos tratamentos eficazes contra a doença, poucos são conhecidos por muitas pessoas. “Apesar das dificuldades de diagnóstico, o Parkinson é uma das doenças neurológicas para as quais surgiram mais tratamentos nas últimas décadas, São vários os medicamentos no nosso arsenal para melhorar a qualidade de vida do paciente,” enfatiza.

O especialista destaca dois tratamentos que utilizam a tecnologia:

Estimulação Cerebral Profunda

O tratamento também conhecido como ‘marca passo cerebral’ não é muito conhecido pelos pacientes, mas já é bastante consolidado na medicina atualmente. Ele traz excelentes resultados através do implante de um eletrodo no cérebro, que permite atenuar sintomas como tremor, rigidez, lentidão, algumas formas de alteração de caminhada, movimentos involuntários e até alguns tipos de dor.

Ultrassom focalizado de alta intensidade

Esse tratamento já possui uma grande literatura médica que o apoia, porém, é mais consolidado para tremor essencial, sendo eventualmente usado para o Parkinson em situações especiais, principalmente em pacientes com predominância de tremores.

Futuro promissor? 

Conforme o neurocirurgião, novos métodos de tratamento estão sendo estudados pela ciência para ajudar na melhora dos sintomas e qualidade de vida dos pacientes. As novas possibilidades envolvem o uso de implantes cerebrais integrados com Inteligência Artificial (IA) e canabinóides.“Essas substâncias são derivadas da cannabis, e têm sido bastante estudadas, mas ainda não oferecem o fundamento científico suficiente para o uso generalizado no Parkinson, são pensadas apenas para situações muito excepcionais”.

Outra técnica evidenciada por Burjaili está explorando a estimulação do sistema nervoso através da coluna vertebral, o que pode ajudar nos sintomas de “congelamento de caminhada”, assim como nas estratégias de diagnóstico ou numa proximidade cada vez maior com a cura para o futuro.

“Os novos tipos de implantes cerebrais, muito comentados atualmente – como no caso da empresa Neuralink de Elon Musk – , além de experiências de alto nível que os precederam, também são possibilidades adicionais para o avanço do tratamento do Parkinson,” finaliza o médico.

Cuidado com promessas milagrosas

Burjaili afirma que é preciso ter cuidado com promessas de recuperações muito grandes e rápidas.“Infelizmente existem diversos tratamentos que são expostos como eficazes, mas que carecem de comprovação científica. Além disso, outras substâncias, suplementação ou dosagem de vitaminas e soroterapias sem evidência de eficácia contra a doença. Por isso, é muito importante pesquisar antes de aderir a um tratamento.”

Tratamento multidisciplinar

Conforme o médico, o tratamento básico para a doença utiliza diversos profissionais para auxiliar no controle dos sintomas e melhora da função do paciente em áreas como mobilidade, fala e coordenação. “Existem muitas terapias associadas ao tratamento farmacológico, como a fisioterapia – para melhorar a caminhada, o equilíbrio e a postura; a fonoaudiologia – que ajuda a melhorar a fala e a deglutição; terapia ocupacional – que auxilia nas atividades práticas do dia a dia; psicoterapia – para ajudar a lidar com a doença e manter a saúde mental; dentre outras.”

É possível prevenir o Parkinson?

De acordo com o neurocirurgião, embora não haja uma maneira garantida de prevenir o Parkinson, adotar um estilo de vida saudável pode ajudar a alcançar melhores condições de vida. Isso inclui manter uma dieta equilibrada, exercitar-se regularmente para promover a saúde cardiovascular e cerebral, ter um sono de qualidade e evitar toxinas ambientais, como pesticidas.

O diagnóstico 

“O diagnóstico continua sendo clínico, por meio de consulta médica. Os exames complementares, como os de imagem, são apenas auxiliares nesse processo e não substituem uma boa avaliação”, explica Bruno.

Principais sintomas

Tremores: Movimentos involuntários e ritmados, principalmente nas mãos;

Rigidez muscular: Sensação de rigidez e dificuldade de movimento;

Bradicinesia: Lentidão nos movimentos e dificuldade de iniciar ações;

Instabilidade postural: Dificuldade em manter o equilíbrio e postura ereta;

Alterações na marcha: Passos curtos, arrastados e instáveis ao caminhar.

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