A explosão de casos de doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti tem feito com que as pessoas recorram aos repelentes para tentar se livrar das estatísticas. Em Minas, já são nove mortes provocadas pela dengue, além de 39.282 casos confirmados. Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), atualizado na segunda-feira (5 de fevereiro), há ainda 9.320 diagnósticos de chikungunya e uma morte. O Estado também tem dois pacientes com zika.
O calendário de vacinação contra a dengue deve ser definido ainda nesta semana, segundo o Ministério da Saúde. Inicialmente, a imunização será aplicada em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, em municípios considerados endêmicos para a doença. Em Minas, 22 cidades estão na lista. Mas, enquanto a vacina não chega para todo mundo, muita gente se lambuza de repelentes e enche a casa de inseticida, o que faz com que as vendas desses produtos disparem no mercado.
No entanto, essas práticas precisam ser dosadas porque, segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional MG, Abrahão Osta, o excesso de uso do repelente pode provocar irritação na pele e até intoxicação. Algumas pessoas chegam inclusive a passar o produto antes de dormir, hábito que, conforme o médico, não deve acontecer.
“É importante também ficar atento às faixas etárias. Não é indicado usar o repelente em bebês com menos de seis meses, principalmente o de passar na pele. Em outras idades, o produto deve ser aplicado só duas ou três vezes ao dia, por exemplo. Por isso, é sempre bom perguntar ao farmacêutico na hora de comprar sobre qual repelente é melhor indicado para a faixa etária pretendida e quantas vezes deve ser utilizado,” explica Abrahão Osta.
Nessa busca por proteção, outras pessoas se apegam aos repelentes naturais ou àqueles feitos com receitas caseiras à base de citronela, limão com cravo, folha de louro, eucalipto, óleo de copaíba e tantos outros. Mas aí, surge a dúvida: eles funcionam mesmo? De acordo com o médico, esses produtos não possuem comprovação de eficácia nem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), até o momento.
Confira perguntas e respostas elaboradas pela Anvisa sobre repelentes e inseticidas:
Os repelentes de tomada são eficazes contra o Aedes aegypti ? Posso deixar o aparelho ligado o dia inteiro?
Os repelentes de tomada são produtos saneantes repelentes de ambiente que tiveram a eficácia comprovada contra o Aedes aegypti ao serem registrados pela Agência.Contudo, vale ressaltar que essa eficácia foi comprovada com cepas de mosquitos criados em laboratório. É possível que cepas presentes no meio ambiente apresentem resistência ao produto.Para saber se o aparelho pode ficar ligado o dia todo, consulte as instruções de uso na embalagem.
Gestantes e crianças menores de dois anos de idade podem utilizar todos os repelentes registrados na Anvisa?
Não há restrições de uso de repelentes para gestantes, desde que sejam seguidas as instruções presentes no rótulo do produto.No entanto, tais produtos não devem ser usados em crianças menores de dois anos. Em crianças entre dois e 12 anos, a concentração dever ser no máximo 10% e a aplicação deve se restringir a três vezes por dia. Concentrações superiores a 10% são permitidas para maiores de 12 anos.
Há algum tipo de restrição ou limite para permanência em ambientes que passaram por aplicação de inseticidas contra o mosquito da dengue?
Sim. Alguns produtos podem apresentar restrições de uso específicas de acordo com as informações apresentadas para a Anvisa pelos fabricantes. Nestes casos, as restrições de uso estão descritas na rotulagem, mas para todos os produtos inseticidas, as regras gerais são:
- Pessoas ou animais domésticos não devem permanecer no local durante a aplicação;
- Após o tempo de ação do produto, o ambiente deve ser ventilado antes da entrada de pessoas ou animais;
- É fundamental a leitura da rotulagem. A forma correta de usar, o melhor local para a utilização, as precauções de uso e os cuidados em caso de acidentes são informações que podem evitar danos à saúde das pessoas.
- Na dúvida, sempre siga a orientação do rótulo e do profissional que aplicou o produto.
A ingestão de vitamina B é eficaz contra o mosquito Aedes aegypti ?
Não. Não há medicamentos que tenham comprovação de eficácia como repelentes para mosquitos.
Qual a norma vigente para registro de repelentes na Anvisa?
Para repelentes de pele, ou cosméticos, a norma vigente é a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 19/2013.Já para repelentes de ambiente, ou saneantes, a norma vigente é a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 34/2010.Mas é importante lembrar: crianças menores de dois anos não devem usar repelentes contendo a substância ativa DEET.
Como posso saber se o repelente ou inseticida é registrado na Anvisa?
Todos os repelentes e inseticidas devem expor no seu rótulo o número de registro na Anvisa ou do processo do produto na Agência. Para os cosméticos, ou os repelentes de pele, o número do registro do produto, normalmente, aparece no rótulo como Reg. MS – X.XXXX.XXXX. O registro de cosméticos começa com o algarismo 2 e possui nove dígitos.
Para os repelentes de ambiente e inseticidas, classificados na Agência como saneantes, o registro começa com o algarismo 3 e também possui nove dígitos.
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