Os resultados estão associados a um processo de redução de preços das carnes em 2023. Uma estimativa da LCA Consultores mostra que os bovinos registram a maior redução de preço (-11,9%) em 2023 depois de uma alta no ano anterior. O frango (-9,2%) teve a 2ª maior retração, também depois de uma elevação em 2022. Suínos (-4,9%) vêm em seguida, mas já estavam em processo de queda dos preços desde 2021. Os ovos tiveram aumento de 4% e registram alta nos preços há 3 anos.
O resultado tanto do aumento de consumo, quanto do barateamento de bovinos foi impulsionado por causa do excedente de carnes do tipo no Brasil, diz o presidente da ABPA, Ricardo Santin. O especialista falou que o descarte de matrizes (quando o frigorífico realiza abate de bois menos produtivos para deixar somente os animais com maior capacidade) aumentou a quantidade da commodity no Brasil. Além disso, na análise de Santin, houve uma influência do mercado externo. Frigoríficos brasileiros queriam mais exportações, mas a demanda do exterior não estava quente. Um exemplo foi quando o envio de carne de boi para China foi suspenso em março por causa de um caso atípico de “mal da vaca louca”. Além disso, há fatores macroeconômicos que contribuíram para aumentar o poder de compra dos brasileiros. Um deles foi o processo de baixa na inflação. O índice para alimentos foi o que mais segurou a baixa do indicador no geral em 2023.
O presidente associa o aumento das outras proteínas ao desenvolvimento de novos hábitos alimentares da população durante a pandemia. Naquela época, os cortes bovinos ficaram mais caros e os cidadãos recorreram a carnes mais baratas –frango, suínos e ovos. Dessas 3, nenhuma está com o consumo per capita menor que em 2019, ano anterior ao surto de covid-19. De certa forma, esses cortes teriam se inserido mais no cotidiano dos brasileiros ao decorrer do tempo.
Ricardo diz que a troca do boi por outras carnes foi puxada, especialmente, pela população mais pobre. Esse mesmo segmento puxa os resultados de 2023. “Nas classes menos favorecidas, quando tem uma oferta maior e um preço estável, aumenta o consumo”, declarou.
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