“Adjetivo é o que serve para modificar um substantivo, acrescentando uma qualidade, uma extensão àquilo que ele nomeia”
Aurélio Buarque de Holadno
Certa vez, li em um livro que quando uma pessoa é muito autêntica, seu nome se transforma num adjetivo. Meu pai é um desses casos excepcionais. O adjetivo “Paulo Ribeiro” é uma espécie de mistura de força e coragem, com uma capacidade de produção de amor explosiva (ressalte-se a palavra explosiva).
Com ele, não existe moderação, vista grossa ou qualquer tipo de concordância tácita com o mal feito. Quem o conhece sabe do que estou falando. Já o vi perdendo amizades, fechando portas e criando brigas com gente muito graúda. Num mundo cada vez mais individualista, que vende a ilusão da felicidade como atributo pessoal, a mensagem paterna mais latente, para mim, é a recusa em aceitar a comodidade proveniente da indiferença. Papai é um indignado nato que não se importa em pagar o preço por ser quem ele é.
Se, quando eu era pequeno, toda vez que presenciava qualquer cena de injustiça, estufava o peito e pensava: “vou lá ser Paulo Ribeiro”, hoje tenho a certeza que Paulo Ribeiro são muitos. E é exatamente por isso que ele é eterno.
Papai é uma daquelas frutas do Norte de Minas, eternizadas na letra do Grupo Raízes: “Capaz sim da mais alta bravura, mas que não deixa de florescer no momento certo, nos encantando com sua sensibilidade surpreendente”.
André Tourinho Ribeiro, filho
Compartilhe: