Ações referentes ao projeto Quebrando o Silêncio aconteceram no final de semana em Montes Claros e outras cidades do norte e noroeste de Minas Gerais. Distribuição de revistas, flayers, palestras, fórum, visitas à maternidade e gestantes foram algumas das ações realizadas.
O tema
O projeto Quebrando o Silêncio aborda, em 2023, o tema da violência obstétrica com o objetivo de trazer o assunto à tona, propagando conhecimento para a prevenção e combate a essas situações.
Enquanto para algumas mulheres a gestação, o parto e o pós-parto são experiências tranquilas e felizes, para outras, ficam marcadas por muito sofrimento. Uma gravidez indesejada, fruto de um relacionamento abusivo e/ou sem uma rede de apoio é um cenário desastroso, com repercussões negativas de longo prazo na vida da mãe e do bebê.
Outro quadro traumatizante e, infelizmente, bastante comum, é a violência obstétrica. O termo caracteriza os abusos praticados por profissionais de saúde ao atenderem mulheres gestantes e em trabalho de parto. O serviço desumanizado, que pode envolver violência física, psicológica, sexual ou mesmo a adoção de procedimentos desnecessários ou sem o consentimento da paciente, pode ferir a sua autonomia, gerar sofrimento evitável e resultar em graves consequências psicológicas.
Igrejas mobilizadas
Igrejas adventistas mobilizadas, realizaram o projeto dentro e fora dos templos. O Quebrando o Silêncio é um projeto educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países da América do Sul, (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai) desde o ano de 2002.
Rozangela Carvalho, líder do Ministério da Mulher da Igreja Adventista do Sétimo Dia para o norte e noroeste de MG, explica que há mais de 20 anos, o projeto Quebrando o Silêncio tem buscado traduzir, a partir de uma cosmovisão bíblica, a dor de milhares de pessoas em palavras.
Necessário
Na concepção de Rozangela, isso se fez necessário para que mulheres, crianças, idosos e grupos vulneráveis possam ser ouvidos, acolhidos, amados, mas, acima de tudo, respeitados. Rozangela ressalta que ao longo dessas mais de duas décadas, os assuntos discutidos foram muitos, mas o propósito sempre foi o mesmo: mostrar que é possível romper com o ciclo de violência.
“Neste ano, diante de um tema que tem recebido visibilidade e gerado preocupação por parte das autoridades e, sobretudo, das gestantes, o projeto traz para discussão a violência na maternidade. Em todo o mundo, mulheres têm enfrentado situações que se tornaram conhecidas, como a violência obstétrica, composta por práticas que vão contra o desejo das mães e que, por vezes, resultam em danos não apenas físicos, mas emocionais, tando para a mãe quanto para o bebê”, relata Rozangela.
Relevância
Para Tatiane Beatriz, enfermeira de gestão e auditoria, a abordagem do tema “Violência Obstétrica” no projeto Quebrando o Silêncio 2023 é de extrema importância. Observa que o é pouco discutido na sociedade brasileira, “talvez por não existir uma legislação específica que dê clareza ao tema, mas que atinge diretamente as mulheres, desrespeitando a sua autonomia, ao seu corpo, aos seus processos reprodutivos, afetando diretamente a sua qualidade de vida, ocasionando traumas, abalos emocionais, depressão, entre outros”.
Convidadas
Tatiane foi um das convidadas para um roda de conversa realizada na manhã de sábado, 26 de agosto, na igreja adventista- Comunidade Morada, localizada no bairro Morada do Sol. Ressalta que através das discussões em torno do tema, foi possível trazer para a mulher uma maior reflexão sobre a importância de adotar medidas preventivas, através de maior conhecimento sobre o seu próprio corpo, seus direitos e a preservação de sua autonomia em um momento tão sonhado e importante.
“Lembrando que ao adquirir conhecimento, a parturiente e seu acompanhante contribuem de forma ativa das decisões em parceria com os profissionais de saúde para que seja garantido um parto seguro e humanizado”, assegura Tatiane.
Opinião compartilhada por Isabel Cristina de Jesus, investigadora de polícia, lotada na Delegacia Especializada no atendimento às Mulheres de Montes Claros. Ela destacou a importâcia do Quebrando o Silêncio: “Sempre são temas importantes. A relevância deste, em específico, foi justamente o fato de ser um assunto pouco divulgado”, comenta.
Compartilhe: