O trigo tem surgido como cultura promissora em várias regiões de Minas Gerais, graças à resistência ao calor e ao déficit hídrico apresentado por algumas cultivares. Além disso, o cereal pode ser utilizado tanto para produção de grãos quanto para alimentação de animais, oferecendo diferentes alternativas de renda para produtores rurais.
Com o intuito de difundir tecnologias e resultados de pesquisas, e também fomentar o cultivo do trigo no norte do estado, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) realiza o 1º Dia de Campo sobre Trigo Forrageiro, em 7/8, a partir das 7h30, no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (ICA-UFMG), em Montes Claros.
“O objetivo principal do evento é apresentar aos produtores do Norte de Minas os benefícios do trigo para a produção de forragem e de grãos no período de entressafra do milho. Normalmente, durante essa época, eles deixam as áreas de produção paradas ou plantam novamente milho ou sorgo, o que tem trazido grandes problemas, principalmente pragas e doenças”, destaca o pesquisador da Epamig Oeste, e um dos organizadores do Dia de Campo, Maurício Antônio Coelho, que completa: “Graças à rotação de culturas, o cultivo do trigo quebra o ciclo dessas pragas, diminui custos de produção, gera novas possibilidades de renda e ainda pode servir de alimento para os animais. Então, queremos desmistificar a ideia de que é impossível plantar trigo no Norte de Minas e mostrar que existe a possibilidade de se desenvolver cultivares adaptadas para regiões quentes e secas”.
Maurício conduzirá a estação “Manejo e tratos culturais do trigo MGS Brilhante para silagem”, na qual ele pretende abordar algumas diferenças entre a condução de uma lavoura voltada para produção de silagem e uma voltada para produção de grãos. “O manejo do trigo para a silagem requer alguns cuidados especiais referentes ao preparo do solo, adubação, quantidade de sementes e ao tipo de plantadeira que pode ser utilizada. Vou destacar também detalhes sobre a colheita desse trigo para silagem, que deve ser feita quando a cultura ainda está verde, antes que os grãos amadureçam e sequem”, detalha o pesquisador da Epamig Oeste.
Ele conta que a demanda prospectada junto aos produtores locais foi por um evento focado na produção de silagem de trigo à base da cultivar MGS Brilhante, tecnologia desenvolvida pela Epamig que tem sido amplamente recomendada por pesquisadores e extensionistas para o solo de Minas Gerais. Apesar disso, os organizadores optaram por também abordar as outras possibilidades de renda que a cultura traz.
Resultados de pesquisas e sequestro de carbono
Outras quatro estações completam a programação do evento, apresentando informações sobre o uso da silagem de trigo em outras regiões e estudos sobre sua qualidade e produtividade. A pesquisadora da Epamig Sul, Aurinelza Condé, fará uma apresentação das Unidades Demonstrativas implantadas pela Epamig em parceria com a UFMG, em maio deste ano. Elas integram um projeto que visa abordar o trigo como estratégia para enfrentamento às mudanças climáticas e para sequestro de carbono, uma vez que o trigo fixa mais carbono do que emite durante o seu ciclo produtivo.
O trabalho, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), busca coletar dados sobre o desempenho e adaptabilidade de 23 cultivares de trigo para a região do Norte do estado, e terá alguns de seus resultados iniciais divulgados ao longo do Dia de Campo.
Além da Epamig, o evento tem co-realização da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e do ICA-UFMG. As inscrições gratuitas serão realizadas no local do evento e haverá certificado de participação para aqueles que se interessarem. Mais informações pelo e-mail carlosjuliano@ufmg.br.
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