A Polícia Civil concluiu nesta quinta-feira, 19 de janeiro, inquérito policial que apurou crime de feminicídio tentado, ocorrido no dia 11 de janeiro em Montes Claros. A vítima, uma mulher de 20 anos, foi ferida no pescoço com um tiro de revólver calibre 32, disparado pelo homem, de 31 anos, com quem teve um relacionamento.
Entenda o caso
Suspeito e vítima haviam terminado, há seis meses, um relacionamento que durou seis anos. A vítima residia na casa dos pais, com o filho de dois anos de idade, fruto do relacionamento com o suspeito. No dia 11 de janeiro, pela manhã, o autor, a vítima e a criança, estiveram no posto de identificação, na Unidade de Atendimento Integrado (UAI), a fim de expedirem a carteira de identidade do menor. Saíram juntos do local e, por insistência do autor, a vítima e a criança entraram no veículo dele.
Ainda segundo as investigações, enquanto se deslocavam para a residência da vítima, teriam iniciado uma discussão que evoluiu para agressões contra ela. Entre socos e chutes, o autor tentou impedi-la de sair do veículo. Naquele momento, em um ato de desespero, a vítima entregou o filho para uma transeunte que passava pelo local. Tentando desvencilhar das agressões e sair do carro, a vítima teve sua perna ferida quando o autor bateu a porta do carro contra ela. Mãe e filho se refugiaram na casa de uma pessoa que prestou socorro a eles e acionaram a Polícia Militar.
Horas mais tarde, o suspeito retornou à casa da vítima proferindo ameaças, mas evadiu devido a presença de policiais militares no local. O autor aguardou que os policiais saíssem do local e retornou à casa da vítima, invadindo a residência ao adentrar na garagem do imóvel após derrubar o portão com seu veículo. Com a arma de fogo em punho, subiu as escadas à procura da vítima, que estava com a criança no colo e tentou se esconder no banheiro, momento em que o autor efetuou um disparo que transfixou a porta e acertou a vítima no pescoço. O pai da vítima, um homem de 42 anos, chegou ao local para tentar socorrer a filha e o neto e foi surpreendido com um disparo de arma de fogo em sua direção, efetuado pelo suspeito. O disparo não o atingiu.
Após as tentativas de homicídio, o suspeito subiu mais um lance de escadas e pulou em direção à rua, na provável expectativa de colocar fim à própria vida.
A premeditação do crime
A delegada, Monique Morais Bicalho, esclareceu que, segundo levantamentos feitos pela equipe de investigação, dois dias antes do crime, o suspeito procurou adquirir a arma de fogo utilizada e, uma semana antes, demitiu funcionários do estabelecimento comercial do qual era proprietário, providenciando quitar obrigações, tendo, inclusive, retirado um cofre do local.
O relacionamento do casal
Segundo a delegada, não havia histórico de nenhum tipo de violência registrado em desfavor do suspeito. A vítima iniciou seu relacionamento com autor aos 14 anos de idade, e relatou ter levado um “tapa” no rosto nesse início. Apesar de se demonstrar ciumento e possessivo, proibindo-a de estudar e freqüentar alguns locais, não havia histórico de ocorrências de agressões.
O investigado foi indiciado pelo crime de tentativa feminicídio contra a ex-companheira com causa de aumento de pena por ter sido praticado na presença do filho menor, do casal; tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil, contra o ex-sogro e tentativa de homicídio contra o próprio filho, menor de 2 anos que estava no colo da vítima no momento do disparo de arma de fogo.
O indiciado permanece à disposição da justiça, recolhido no sistema prisional e devido à sua condição de saúde, ainda não foi ouvido. O inquérito policial foi encaminhado à justiça para os trâmites legais.
Compartilhe: