Só nos momentos finais da apuração do 2º turno das eleições presidenciais, na noite deste domingo, 30 de outubro, a população dos 854 municípios de Minas Gerais (MG) ficou sabendo que Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), venceria também no estado que é o segundo maior colégio eleitoral do país. E foi no Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri que se concentraram a maioria dos votos ao petista. Na contramão de quase todos os municípios dessas regiões, em Montes Claros, maior cidade dessa área de abrangência, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o mais votado. Ele recebeu 116.755 (51,25%) votos, 5.675 a mais que o presidente eleito, que obteve na cidade 111.080 (48,75%).
A votação foi acirrada e só foi definida quando 98,81% das urnas já estavam apuradas. No cenário nacional, Lula manteve o favoritismo que obteve no primeiro turno e se consagrou o novo presidente do Brasil com 50,90% dos votos (60,3 milhões) contra 49,10% de Bolsonaro (58,2 milhões). Em números de votos, a diferença entre Lula e Bolsonaro foi de pouco mais de 2,1 milhões.
Em Montes Claros, milhares de pessoas foram para as ruas comemorar a vitória de Lula, que entrou para a história ao obter o maior número de votos em uma eleição presidencial. A Praça da Matriz, no centro da cidade, foi o ponto de encontro daqueles que celebraram o retorno de Lula à presidência. As comemorações se estenderam pela madrugada adentro. A Avenida Sanitária também foi palco dos festejos em celebração à volta de Lula ao Palácio do Planalto, depois de uma disputa acirrada e marcada pela polarização.
Não só o Brasil, mas o mundo todo testemunhou uma corrida presidencial marcada por discursos de ódio, ataques nas redes sociais e episódios de violência que se espalharam por todo o país. Na noite deste domingo, o clima entre os eleitores de Lula era outro.
Eleitores explicam o porquê do voto a Lula
Para o vereador Daniel Dias (PCdoB), de Montes Claros, “o amor venceu o ódio, e a esperança venceu o medo”. O parlamentar não escondeu a alegria com o resultado das eleições e destacou alguns pontos que considera importante: “Eu acredito que o povo mostrou nestas eleições que é contra a cultura do ódio, pois não aceitamos a violência nem as armas. Queremos educação, saúde e desenvolvimento social. Quanto ao governo Lula, no seu primeiro pronunciamento, ele disse que não vai ser o governo do PT nem da esquerda, mas, sim, de todos os brasileiros, tanto é que o vice dele é o Geraldo Alckmin, que agora está no Partido Socialista Brasileiro (PSB). Lula fez alianças com Marina Silva, Amoêdo, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros. Tem uma frase que nunca fez tanto sentido como agora: ‘é hora de reunir os divergentes para derrotar os antagônicos’, e assim foi feito”, pontuou.
Eleitor de Lula e atual diretor-presidente da Fundação Hospitalar Dr. Moisés Magalhães Freire, de Pirapora, Paulo Rogério da Silveira esteve presente nas comemorações da eleição do petista. Paulo é mais um eleitor que viu no candidato a esperança para um país melhor. “A eleição do presidente Lula representa a esperança. Nós estávamos vivendo uma situação no país de grande violência e ódio. Eu acredito muito que, principalmente no Norte de Minas e nos lugares onde a gente mais precisa das políticas públicas, essa vitória dele vai representar um grande movimento”, afirmou.
A estudante Maria Clara Silva Figueiredo, 17 anos, do 2º ano do ensino médio de uma escola pública de Montes Claros também acredita nesse movimento. Por isso, ela decidiu votar nas eleições deste ano, mesmo sem ser obrigatório para ela por conta da idade. Em sua primeira experiência como eleitora, Maria Clara celebrou a vitória do candidato para o qual deu seu voto.
Questionada sobre as razões que teve para escolher o candidato petista, a jovem responde sem titubear: “Votar nestas eleições foi muito importante, porque tínhamos dois lados muito diferentes. Um candidato corta verbas da educação e o outro cria universidades. E exatamente por eu ser tão jovem e estar ainda estudando, fiz essa análise, principalmente porque estudo em escola pública e vi o quanto fomos prejudicados em decorrência da falta de ações políticas para contornar as consequências da pandemia. Tivemos greves, a merenda não apresenta a mesma qualidade de antes e ficamos sem amparo. Os estudantes das escolas públicas foram muito prejudicados. No ano que vem, termino o ensino médio e quero ingressa na universidade para fazer faculdade de moda”. E como uma cidadã que defende a liberdade de escolha, Maria Clara ainda complementa: “Quero fazer moda, porque será uma profissão que me fará feliz. E dá para conectar moda com política, sim, porque a moda é também uma expressão artística”, defende a estudante.
Com a posse marcada para acontecer em Brasília-DF no dia 1º de janeiro de 2023, Lula iniciará o seu terceiro mandato como presidente do Brasil, depois de derrotar o atual chefe do executivo nacional, Jair Bolsonaro (PL), que foi o primeiro presidente, desde a redemocratização, a perder uma reeleição.
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