O homem que fazia uma criança e um jovem reféns levou um tiro durante a manhã desta quinta-feira, 22 de setembro, dentro de uma casa no bairro Parque São Pedro, na região Norte de BH. As negociações não evoluíram e um sniper, que é um atirador especializado, disparou contra o homem. Leandro Melo, de 39 anos, sequestrou o enteado, de sete anos, e um jovem, de 23, durante a noite de quarta-feira, 21 de setembro, por não aceitar o término do relacionamento.
As negociações duraram mais de 15 horas. De acordo com a porta voz da Polícia Militar de Minas Gerais, Major Layla Brunella, o homem ameaçava matar a criança e por esse motivo foi necessário recorrer ao sniper. “A gente lamenta muito, pois não era o desfecho que a gente gostaria, mas foi o possível”, disse em primeira entrevista após o ocorrido, quando os policiais acreditavam que o rapaz havia sido morto. Em um segundo momento, a major explicou que o sequestrador apresentou sinais vitais e que, por isso, será levado para um hospital.
A criança e o jovem que estavam em cárcere foram liberados sem ferimentos. “A criança está bem, calma, já teve contato com o pai. Está bem, está tranquila, mas como eu falei, é muito pequeno, não tem noção da gravidade. O psicológico precisa ser trabalhado, mas a parte física está tranquila”, disse.
As negociações com o suspeito foram conduzidas por um policial. Elas tiveram início durante a noite de ontem e continuaram durante a madrugada. Na manhã de hoje, as negociações pioraram, segundo a PM. A energia da casa chegou a ser cortada para evitar que ele tivesse acesso as informações, o que poderia ter comprometido as conversas pela liberdade dos reféns.
Segundo a Major, não existia um limite de horário para as negociações e que o acionamento dos snipers seria feito diante da piora nas conversas com suspeito, o que ocorreu diante das ameaças de matar do menino. “Ele teve acesso ao celular da ex e as mensagens deixaram ele irritado. Por causa disso, ele começou a interromper as negociações”, contou a Major.
O homem tinha como condição para a liberdade dos dois a presença da ex-companheira, que é mãe da criança. A possibilidade foi descartada pela Polícia, já que o suspeito possui histórico de feminício com requintes de crueldade. O caso ocorreu em 2008, no bairro Maria Goretti, na região Nordeste. A vítima foi encontrada nua, com um pano enrolado no pescoço e com um rato dentro da boca. O crime teria sido motivado pelo fim do relacionamento.
Familiares receberam áudios com ameaças
De acordo com a Polícia Militar teria enviado áudios para familiares informando que iria matar a criança. Ele ficou muito nervoso depois que teve acesso as mensagens no celular da ex-companheira. ” O tempo todo o que ele fazia era ameaçar a vida do menino. Quando percebemos que teve a quebra da negociação, que ela não avançava e que as ameaças ficaram mais contundentes, houve o uso do sniper, que é a força letal”, disse a major Layla Brunella.
Uma prima de Leandro disse que chegou a ver o suspeito online no aplicativo de conversas. Ela mandou uma mensagem e ele respondeu que estava bem. O suspeito teria dito que a vida do menino estava garantida e que era para tranquilizar a mãe da criança. Leandro disse ainda que a vida dele não seria preservada, porque ele queria morrer. As mensagens teriam sido trocadas por volta das 7h da manhã de hoje.
Para a Major Layla Brunella, o desfecho não foi o desejado, já que a intenção era de que os três deixassem a casa em vida. No entanto, a ação teve êxito já que as duas vítimas foram resgatadas. “Quando alguem resolve ir contra a lei, sequestrar uma criança, sabe que pode ser necessário o uso da força letal”, disse.
‘Ação legítima’, avalia especialista
O especialista em segurança pública Vinícius Domingues Cavalcante avalia que a execução é uma “ação legítima” nos casos em que o sequestrador ameça a integridade física dos reféns. Segundo a Polícia Militar, as negociações estavam difíceis e o homem havia dito que só deixaria o local morto.
“A execução é opção no caso do comandante da operação detectar que existe um ânimo real de ferir os reféns ou do individuo não se entregar de verdade. Se perceberam o risco e que havia possibilidade de comprometimento da integridade dos reféns é correto”, afirmou.
O caso
Leandro foi à casa da ex-companheira, de 25 anos, durante a tarde de quarta-feira (21). A residência fica no bairro Parque São Pedro, na região Norte de Belo Horizonte. Ele estava armado quando tentou abordar a mulher, que estava acompanhada do filho e de um casal de amigos. Um vizinho viu a confusão e entrou na frente de Leandro. As duas mulheres conseguiram fugir, mas a criança e o jovem foram sequestrados por ele.
A residência onde eles estão possui difícil acesso, segundo a Polícia Militar. Além dos policiais militares, agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais estão no local. As negociações foram acompanhadas pela mãe e pelo pai da criança. Durante a madrugada, a mulher chegou a passar mal.
[Com informações de O Tempo]
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