DECEMBER 9, 2022

Direita consolidada

Historicamente, as legendas de direita levam mais vantagem que as da esquerda em eleições municipais

A ampliação no número de prefeituras conquistadas pela direita no país é resultado de uma série de fatores e não pode ser, necessariamente, atribuído a uma suposta vitória do bolsonarismo, ainda que Bolsonaro se mantenha como o principal nome deste campo político no Brasil.

Historicamente, as legendas de direita levam mais vantagem que as da esquerda em eleições municipais. Um dos motivos é o maior número de partidos de direita no Brasil em comparação com os rivais à esquerda.

As eleições deste ano tiveram como principal vitorioso um centro que pode pender mais ou menos para um dos lados do jogo político nacional, a depender da dinâmica de cada cidade. Maiores exemplos disso são  o PSD e o MDB, os dois campeões das prefeituras.

O Centrão, hoje comandado pelo Presidente da Câmara Artur Lira terá papel decisivo no pêndulo do poder: para onde girar a vitória poderá girar. Por enquanto continua em cima do muro. Afagos ao governo e afagos à oposição, visando a eleição do seu sucessor Hugo Mota.

Um levantamento feito pela BBC News mostra que dos 29 partidos registrados atualmente junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), somente nove são apontados por especialistas como de esquerda ou de centro-esquerda: PT, PDT, PSB, PCdoB, PCB, PSTU, UP, PSOL e PCO.

Os demais ou são apontados como de direita, centro-direita ou não se manifestam sobre isso em seus estatutos.

“Há um ambiente com maior oferta de candidatos de legendas à direita. Isso tem influência no resultado”, disse o especialista.

Ainda de acordo com dados do TSE, dos cinco partidos com mais candidatos ao cargo de prefeito, quatro são de centro-direita ou de direita: MDB (1.926), PSD (1.751), PP (1.501) e PL (1.499).

Um dos indícios de que a vitória da direita não pode ser atribuída somente ao bolsonarismo é o fato de que algumas das legendas mais vitoriosas não são aquelas mais ligadas diretamente ao ex-presidente.

É importante não colocar toda a direita no colo do Bolsonaro. O que as pesquisas indicavam era um crescimento de legendas como o União Brasil, PSD e PL. São partidos de direita ou centro-direita que são diferentes entre si. O União Brasil e o PSD, por exemplo, têm cargos no governo do presidente Lula.

O PSD e o União Brasil são dois dos partidos de centro-direita que viram suas fatias no número de prefeituras aumentar nestas eleições. O PSD, presidido por Gilberto Kassab, saiu de 664 prefeituras em 2020 para 888 prefeituras em 2024. O União Brasil, que nasceu da fusão entre o Democratas e o PSL, obteve 589. O Governador de São Paulo Tarcisio de Freitas emerge como grande liderança da centro direita com forte guinada à direita. No entanto não decidiu ainda se já é o momento de tentar chegar ao Palácio do Planalto ou se tenta uma segura reeleição em São Paulo.

De olho em 2026 um ministro com assento no Palácio do Planalto afirma que  qualquer aumento de espaço das siglas partidárias no governo será  condicionado a um compromisso rígido com a reeleição do Presidente Lula. Enquanto isso,  ministros de partidos aliados pontuam que o crescimento do centro nas eleições municipais deve ser levado em conta na equação.

O Ex Presidente Bolsonaro se não conseguir se viabilizar vai insistir na tese de formar maioria no Senado Federal para tentar impor o Impeachment de Ministros do STF. Para isto precisa de Michele Bolsonaro e mais diversos senadores. E para complicar enfrenta agora uma forte dissidência do governador de Goiás Ronaldo Caiado que se sentiu ofendido na última campanha. Segundo o Governador : “ A gente não ganha eleição  em posições extremadas. As pessoas querem moderação, querem equilíbrio. A população brasileira está cansada dessa queda de braço, desse processo de enfrentamento todo o dia. O povo não aguenta mais este nível de  fake News, rotulando, se não concorda com a ideia deles, daí sai como comunista, sai como pessoa que não tem respeito à família. Pessoas totalmente desqualificas para falar de família e falar de Deus. Tem que ter respeito com Deus. Deus é uma coisa que todos nós somos tementes”

Houve uma consolidação de um espaço político que é o espaço da direita. Antes, havia um certo receio em candidatos se assumirem como de direita. Hoje, não há mais essa preocupação. Como o Brasil é um país muito conservador, os membros das antigas elites políticas do país usaram suas antenas para captar esse sentimento.

Com certeza o vitorioso de 2026 será aquele campo político que conseguir atrair mais partidos e eleitores de centro para o seu campo. O movimento político conservador já vem trabalhando isto há várias eleições. Agora as forças de esquerda, capitaneadas pelo Presidente Lula, candidato à reeleição, irão procurar se aproximar ainda mais do centro e do “ centrão” visando atingir o eleito médio que não quer saber de muita ideologia; mas de oportunidades, obras, e uma nova perspectiva de vida. Parece que a era do “ Bolsa família da voto” acabou. Tanto para o Presidente Lula como para o Ex Presidente Bolsonaro, que ampliou o programa.

Gustavo Mameluque. Jornalista. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Colunista do Novo Jornal de Notícias e da Revista Tempo.

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