Seja para complementar a renda, ou se manter na ativa, muitas pessoas com mais de 60 anos seguem no mercado de trabalho. A empreendedora Denize Miranda, de Montes Claros, no Norte do estado, comanda o Sabores de Casa, aos 61 anos de idade. Pedagoga de formação, ela se aposentou como funcionária pública, aos 52, e decidiu cursar Gastronomia. “O hábito de fazer bolo, com frequência, para consumo, me despertou para a possibilidade de ganhar dinheiro com isso. Então, investi na venda por encomendas, e também comercializo os produtos em grandes eventos públicos”, conta.
A empreendedora participa do Prepara Gastronomia, programa do Sebrae Minas para capacitar os pequenos negócios do segmento de alimentação fora do lar. “Estou aprendendo muito sobre gestão e precificação, além de dicas sobre como aprimorar e criar novas receitas. Amo o que faço, e sinto que não estou velha para pensar em coisas maiores. Gosto de trabalhar, e já estou me preparando para adaptar minha casa para, e em breve, abrir meu próprio restaurante”, conta.
De acordo com levantamento realizado pelo Sebrae, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), atualmente existem mais de 4 milhões de donos de negócio 60+, ou seja, 13,5% do total no Brasil (29,8 milhões). O número cresceu 42% no recorte temporal analisado (4º trimestre de 2012 até o 4º trimestre de 2023), demonstrando um potencial de mercado cada vez maior. Em Minas Gerais, 12,1% da população sênior são donos de negócios.
O levantamento também mostra que quase 90% dos donos de negócios sênior estão há dois anos ou mais na atividade. Destaca, ainda, que empresários seniores no Brasil ganham, em média, 41% a mais do que os jovens empreendedores. A renda média dos empreendedores com 60 anos ou mais é de R$ 3.347,00, enquanto a média geral dos donos de negócios é de R$ 3.209,00.
A tendência crescente do empreendedorismo sênior demonstra que a idade não é um obstáculo para quem deseja empreender. Segundo o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, a experiência de vida, a maturidade e a rede de contatos são diferenciais que impulsionam o sucesso desses empresários. “O empreendedorismo se tornou uma alternativa atrativa para que muitas pessoas continuem ativas no mercado de trabalho, mesmo após a aposentadoria. Pequenos negócios liderados por seniores estão cada vez mais numerosos e contribuindo para a dinâmica econômica do país”, afirma.
Negócios estabelecidos
De acordo com o Monitor Global de Empreendedorismo (GEM – Global Entrepreneurship Monitor) 2023, pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), o empreendedor sênior é o principal responsável pelos negócios estabelecidos no mercado brasileiro. Entre os cerca de 16,6 milhões de negócios com mais de três anos e meio existentes no Brasil, quase 18% têm à frente empreendedores com idades variando entre 55 e 64 anos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2023 revelam que pessoas com 60 anos ou mais já representam 15,6% da população no país, superando, pela primeira vez, a faixa etária entre 15 e 24 anos (14,8%). Essa mudança demográfica traz novos desafios e oportunidades para o mercado de trabalho, inclusive para quem deseja abrir o próprio negócio.
Dia do Idoso
O Dia do Idoso, comemorado em 1º de outubro, é uma oportunidade para celebrar a vitalidade e a contribuição dos mais velhos para a sociedade. Com o crescente número de brasileiros acima de 60 anos empreendendo, essa data ganha ainda mais relevância. Ao incentivar o empreendedorismo na terceira idade, o país investe no futuro e promove o desenvolvimento econômico e social. “O empreendedorismo sênior não se limita somente à geração de renda, ele é um meio de promover a inclusão social e desafiar estereótipos sobre a idade”, destaca Marcelo de Souza e Silva.
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