Ainda faltam três meses para o final do ano e o número de apreensões de azeites fraudados já é maior do que todo o ano de 2023. Apenas no primeiro semestre do ano, foram apreendidos mais de 97 mil litros do produto falso, de acordo com o Ministério da Agricultura (MAPA). No ano passado, o volume foi de 82.986 mil litros.
O Brasil é o terceiro maior importador de azeite de oliva do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia. De acordo com o Conselho Oleícola Internacional (International Olive Council, ou IOC, na sigla em inglês), importamos cerca de 100 mil toneladas métricas de azeite por ano.
E é justamente esse cenário de alta demanda, o alto valor agregado e os preços elevados algumas das motivações, apontadas por especialistas, para as adulterações. A fraude mais comum, identificada pelos fiscais do Ministério no primeiro semestre de 2024, é a adição de óleos vegetais diferentes do azeite de oliva, como o de soja, e o uso de corantes.
Se a adulteração for essa, os especialistas do Mapa entendem que não há risco à saúde. O problema é o consumidor comprar um produto achando que irá usufruir dos benefícios que ele oferece e isso, na prática, não acontecer. Outro problema – e esse mais grave – é haver o acréscimo de substâncias tóxicas, como o dióxido de enxofre, um tipo de conservante encontrado em excesso num coco ralado da marca Coco & Cia, apreendido, na semana passada pela Anvisa, junto com duas marcas de azeite: Serrano e Cordilheira.
Como escolher um bom azeite?
- Prefira os vidros escuros que protegem o conteúdo da claridade. De acordo com o Mapa, o azeite tem três inimigos que o fazem estragar rapidamente: a luz, o oxigênio e o calor.
- Alguns produtos trazem a data de envase. Opte pelos que tenham sido envazados mais recentemente, lembrando que a palavra de origem árabe ‘azeite’, significa ‘suco de azeitona’. Então, como todo suco, quanto mais fresco melhor.
- Procure se informar sobre a marca do produto, a origem e a propriedade onde é feito. Se encontrar poucas informações na Internet ou não encontrar nenhuma, desconfie.
- Desconfie também dos produtos baratos, com um valor muito discrepante das marcas conhecidas.
Como é feita a fiscalização?
Trata-se de um trabalho minucioso, feito pelo Ministério da Agricultura, e que conta com testes de fraude e qualidade.
O processo segue o seguinte protocolo:
- Uma equipe especializada recolhe garrafas de azeite, consideradas ‘suspeitas’ nos supermercados;
- Amostras desse material são enviadas a um laboratório para que seja analisado microscopicamente. O objetivo é checar se trata-se de azeite puro ou se há outros óleos misturados. As amostras passam por dois equipamentos;
- Caso o conteúdo seja considerado puro, segue para a próxima etapa: os testes de qualidade.
- Nessa etapa, os especialistas vão investigar se o produto é extravirgem, virgem tipo único ou mesmo um lampante, que não pode ser consumido. As amostras passam por análises físico- químicas e sensoriais.
- A equipe conta com pessoas especializadas em descobrir irregularidades pelo cheiro e pelo paladar.
Qual é a diferença entre o azeite extravirgem, virgem, azeite tipo único e o lampante
Extravirgem: É o óleo em seu estado mais puro, com acidez de até 0,8%. As azeitonas são colhidas no momento exato e passam pela maceração e pela prensa em temperatura ambiente. O líquido passa por vários processos para a retirada de impurezas.
No azeite virgem, a acidez se encontra acima de 0,8% e até 2% . As azeitonas utilizadas são submetidas a uma temperatura um pouco mais alta do que o normal para garantir a retirada de todo o óleo presente no interior dos frutos.
Lampante – É o óleo obtido a partir de azeitonas muito fermentadas ou machucadas, cuja acidez supera os 2%. O aspecto é rançoso, e o gosto é forte e desagradável, o que torna o alimento impróprio para consumo humano.
Tipo Único – É o lampante que passou por refinação e alguns processos químicos. Misturado com o azeite virgem, é envasado e vendido, normalmente.
[Com informações de Itatiaia]
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