DECEMBER 9, 2022


Uso de vape e narguilé cresce quase 50% entre adolescentes do Brasil

Vale ressaltar que a comercialização do cigarro eletrônico foi proibida em 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e reiterada em 2022.

Foto: Nery Zarate/Unsplash

O uso de cigarros eletrônicos – conhecidos também como vape – e narguilés entre adolescentes é um problema que cada vez mais preocupa as autoridades de saúde. É que esses dispositivos têm como base o tabaco, um produto muito prejudicial à qualidade de vida humana. Um estudo da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado neste mês, chama ainda mais atenção para o tema, ao mostrar um aumento de quase 50% da utilização de cigarros eletrônicos e narguilés por adolescentes de 13 a 17 anos de escolas públicas e privadas do Brasil. O índice que era de 10,6% em 2015 subiu para 14,8% em 2019.

A pesquisa se baseou em dados das edições mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). As maiores prevalências de usar cigarro eletrônico foram entre aqueles que faltaram às aulas sem autorização dos pais (26,8%), que sentiam que ninguém se importava com eles (17,71%) , que não tinham amigos (18,61%), que consumiam bebidas alcoólicas (37,7%) , usavam outras drogas (78,89%), que eram fumantes passivos (22,96%) e que tinham pais ou responsáveis fumantes (22,84%). Em contrapartida, as menores prevalências do uso ocorreram entre os adolescentes que tinham supervisão familiar.

O estudo foi respondido pelos estudantes por meio de smartphone, sob a supervisão de pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Os dados comparativos foram elaborados a partir de perguntas sobre: uso de cigarro nos últimos 30 dias (uso atual), uso de outros produtos do tabaco (com exceção do cigarro) e uso de qualquer dos produtos do tabaco (cigarros de palha ou enrolados a mão, charuto, cachimbo, cigarrilha, cigarro indiano ou bali, narguilé, rapé, fumo de mascar, cigarro eletrônico).

A coordenadora da pesquisa, professora Deborah Carvalho Malta, do Departamento de Enfermagem Materno-infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG, alerta para o risco dessa prática à saúde. “O cigarro eletrônico tem sido vendido pela indústria como um produto inofensivo, que pode ajudar a  reduzir o uso do tabaco, mas o que temos visto é exatamente o oposto. Ele aumenta o uso do tabaco, e se associa a inúmeros riscos, incluindo os de doenças pulmonares, como a Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarros Eletrônicos (EVALI) – caracterizada por falência respiratória e outros sintomas gastrointestinais.”

A professora também enfatiza que uma sessão de uso do narguilé – que em geral dura 60 minutos – pode equivaler ao uso de 100 ou mais cigarros. “O narguilé tem sido um fator para iniciação de jovens ao fumo, dado o seu uso coletivo, além de também utilizar substâncias com sabores que melhoram a aceitação entre os adolescentes. Esse hábito pode ser o início para fixar o hábito e a dependência do tabagismo”.

Vale ressaltar que a comercialização do cigarro eletrônico foi proibida em 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e reiterada em 2022. No último dia 20, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado retirou de pauta o projeto de lei 5.008/2023 que regulamenta a comercialização dos cigarros eletrônicos. O PL, que teve a votação adiada outras vezes, propõe regras similares às da comercialização dos cigarros comuns — obrigando que empresas incluam nas embalagens informações sobre os riscos do uso.

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