DECEMBER 9, 2022


IFNMG: professor do Campus Januária é integrante da equipe que usou a neurociência para analisar o consumo de Fake News

No experimento, 23 participantes, sendo 13 homens e 10 mulheres, foram expostos a oito notícias. Metade delas eram verdadeiras, extraídas do portal Estado de Minas, e a outra metade, falsas, coletadas de mensagens e publicações compartilhadas em grupos de Facebook e WhatsApp entre março de 2020 e maio de 2022.

A fonte da informação é o elemento que o leitor dá mais atenção para avaliar se uma notícia é falsa ou verdadeira. Essa é uma das conclusões de um estudo que usou tecnologia de rastreamento ocular para analisar as diferenças no padrão de leitura de conteúdo noticioso. Os resultados foram publicados, nesta semana, no anuário da Organizações das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco/ONU), dentro de um programa dedicado ao debate sobre a Alfabetização Midiática e Informacional no mundo.

No experimento, 23 participantes, sendo 13 homens e 10 mulheres, foram expostos a oito notícias. Metade delas eram verdadeiras, extraídas do portal Estado de Minas, e a outra metade, falsas, coletadas de mensagens e publicações compartilhadas em grupos de Facebook e WhatsApp entre março de 2020 e maio de 2022. Todas as notícias abordavam temas relacionados à COVID-19, como a gravidade da doença, a eficácia da quarentena e problemas com vacinas.

Descobertas

Os resultados mostraram que além de conseguirem captar mais a atenção das pessoas quanto ao título e ao texto da notícia, as imagens das notícias falsas não foram percebidas de modo diferente das notícias verdadeiras. Já a fonte das notícias falsas recebeu um número significativamente maior de regressões em comparação com as verdadeiras.

De acordo com Diogo Rógora Kawano, professor do Instituto Federal do Sul de Minas (IFSULDEMINAS) e líder da pesquisa, os resultados ajudam a compreender pontos de extrema importância no contexto atual. Um deles é o fato de que as imagens, tão difundidas nos dias atuais e suscetíveis a manipulação por inteligência artificial (AI), parecem não estar sendo notadas com desconfiança pelas pessoas. O outro ponto é que a fonte da notícia foi o único elemento capaz de diferenciar notícias falsas das verdadeiras em uma das medidas do estudo, justamente o elemento que frequentemente ‘desaparece’ ou é distorcido no processo de difusão de mensagens por redes sociais, impactando diretamente sobre a percepção de veracidade. O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologias em Comunicação e Neurociência Aplicada (LTCN&NA), do IFSULDEMINAS.

O outro autor do trabalho é o professor Tiago Nunes Severino, do Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG) – Campus Januária e idealizador do curso de especialização em Mídias e Educação no IFSULDEMINAS. Ele destaca a importância da alfabetização midiática para capacitar os cidadãos a discernir informações verdadeiras de falsas, especialmente em tempos de ampla disseminação de Fake News. “Superar o negacionismo científico é crucial para fortalecer a confiança pública na ciência e combater a desinformação que pode prejudicar a saúde e a segurança da sociedade”, afirma.

Onde ler a pesquisa?

O estudo é intitulado ‘Do Fake News Catch Our Attention? A Study of Visual Attention Applied to the Consumption of Fake News About COVID-19 in Brazil‘. A íntegra do texto está disponível no livro ‘Media and Information as a Public Good: Milid Yearbook 2023’.

O livro foi organizado por Maarit Jaakkola, do Centro de Pesquisa de Mídia Nórdica da Universidade de Gotemburgo (Suécia), Tomás Durán Becerra, diretor de Pesquisa da Universidade Uniminuto (Colômbia) e Omwoyo Bosire Onyancha, professor pesquisador da Universidade da África do Sul (Unisa). A obra também tem artigos de pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha), Academia Árabe de Ciências e Tecnologia (Egito), Universidade de Hamburgo (Alemanha), Universidade Vytautas (Lituânia) e Universidade Moulay Ismail (Marrocos).

Um dos participantes do livro é Alton Grizzle, que é o responsável pelo programa de Informação e Comunicação da Unesco em Paris. Em seu texto, ele afirma que a rápida disseminação de informações, muitas vezes acompanhada por desinformação, evidenciou, nos últimos tempos, a necessidade urgente de capacitar indivíduos a discernir entre fontes confiáveis e enganosas. Para ele, o desenvolvimento de habilidades que vão além da simples leitura e escrita são indispensáveis para construir uma comunidade global mais informada e conectada.

Clique aqui para acessar a pesquisa sobre neurociência e Fake News.

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