Na manhã desta terça-feira (16), um caminhão-tanque carregado com GLP, conhecido como “gás de cozinha”, colidiu com o Viaduto Chico Ornellas, na Rua Juca Prates, 719, que dá a cesso ao centro de Montes Claros pelo bairro Santa Rita. O Corpo de Bombeiros foi acionado rapidamente para atender o acidente, que resultou em um vazamento de produto químico, biológico, radiológico e nuclear (QBRN).
O aspirante oficial do 7º Batalhão Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (7º BBM), Dênis Oliveira Uemato, informou que a situação está sob controle. “A equipe de emergência da Empresa Municipal de Planejamento, Gestão e Educação em Trânsito e Transportes de Montes Claros (MCTrans), acionada na base em Belo Horizonte, está a caminho para realizar o transbordo da carga, com previsão de chegada por volta das 16h), informa o oficial.
Ele conta que para garantir a segurança da população, foi estabelecido um perímetro de isolamento de 150 metros ao redor do local do acidente. “Jatos de água foram aplicados para dispersar os gases, e a área foi evacuada. No momento a situação está sob controle”, avisa.
A interrupção no trânsito de trens na linha férrea acima do viaduto permanece até a remoção completa do produto. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e a MCTrans estão no local para controle e apoio.
Não houve vítimas no acidente, e a previsão de liberação do local é às 20h, conforme informado pelos bombeiros. O trânsito está sendo desviado pelas ruas Corrêa Machado, Melo Viana e pelo Viaduto Chico Ornellas na contramão. O perímetro fechado inclui:
– Rua Tiradentes com Pça Cel Ribeiro
– Rua Juca Prates com Rua Corrêa Machado
– Rua Leonel Beirão com Rua Corrêa Machado
– Rua General Carneiro com Rua Melo Viana
– Rua São Francisco com Rua Tiradentes
O Subtenente Cleonil de Freitas Menezes, agente regional da Defesa Civil, informou que o motorista relatou estar seguindo as instruções de um GPS para descarregar o veículo na cidade, o que o levou ao viaduto. “No viaduto, há sinalização adequada. Quanto às ruas que levam até ele, essa responsabilidade é da prefeitura ou do órgão responsável pela sinalização da cidade. A Defesa Civil não interfere nessa questão. Nosso papel aqui é apoiar os órgãos, principalmente o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, a MCTrans e alguns órgãos da Prefeitura, para dar suporte à população.”
Menezes explicou que o caminhão veio de Belo Horizonte com gás para distribuição na cidade. “Parece que o destino era o centro da cidade, para hotéis ou restaurantes.” Sobre o horário do incidente, ele informou que aconteceu por volta das 7 horas da manhã. “Por isso, o horário era adequado para o tráfego do caminhão no centro para fazer a descarga.”
Quanto ao uso de água para dispersar o gás, ele explicou que, segundo informações do Corpo de Bombeiros, a água foi usada para pulverizar o gás, que é denso. “Eles aplicam água conforme necessário, dependendo da intensidade do gás no ar”, explicou o Subtenente.
De acordo com o chefe de sessão de fiscalização de trânsito da MCTrans, Roberto dos Anjos Souza, sobre a possível causa do incidente, Souza afirmou que a sinalização no local é adequada. “Não faltou sinalização, até porque a sinalização lá está suficiente. Temos sinalização aérea, placa aérea e também a sinalização vertical nas laterais do viaduto. Tanto na Juca Prates quanto na Rua General Carneiro, a sinalização é visível.”
Sobre a imprudência do motorista, Souza confirmou que haverá punições. “Além da infração prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), acredito que também haverá sanções administrativas. Houve uma distração imprudente, tanto que ele não permaneceu no local e evadiu”, informou o chefe do MCTans.
Para ele, no momento, a prioridade é garantir a segurança. “Ainda não identificamos o motorista nem contatamos a empresa responsável, pois nossa primeira preocupação é a segurança, o desvio do trânsito e a interdição das ruas locais.”
Souza também comentou sobre o cheiro de gás na área e o tempo necessário para resolver a situação. ” Segundo o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, uma série de procedimentos está sendo adotada, e esperamos que tudo esteja resolvido até às 20 horas.”
Relato dos cidadãos
Aline Valadares Costa, que trabalha em um consultório odontológico próximo ao local do acidente, relatou os eventos da manhã. “Eu estava levando meu filho para a escola e vi que um caminhão tinha tombado ali. Vi o pessoal tirando as crianças da escolinha. Tive que dar a volta para conseguir deixar meu filho na escola. Parece que o motorista não sabia que a ponte não tinha altura suficiente, e houve um acidente. Está escapando um gás, com risco de explosão.”
A respeito da sinalização, Aline afirmou: “Com certeza faltou sinalização. Se há risco, é porque ele não viu nenhuma sinalização sobre a altura da ponte, e isso causou o vazamento de gás.”
Ela também comentou sobre as alegações de que o GPS foi responsável pelo acidente. “O GPS realmente precisa de atualização. Já aconteceu outras vezes de caminhões pararem nesse local porque o GPS manda. Então, falta atualização do sistema”, acredita.
Sobre a situação atual no consultório, Aline informou que o trabalho foi suspenso. “Estamos com medo aqui. Por enquanto, não estamos correndo risco, segundo as autoridades. Estamos aguardando novas orientações. Eles disseram que estamos a uma distância segura, mas se houver algum problema, eles vão nos avisar.”
Apesar das garantias, Aline confessou que não se sente segura. “Não, não nos sentimos seguros”, desabafou.
Morador há 19 anos na Rua Princesa Isabel, que cruza com a Rua Juca Prates, o comerciante Carlos Roberto Freitas Barbosa relatou como soube da necessidade de evacuação. “Eu estava em casa quando ouvi um barulho e senti um cheiro estranho. Saí para ver o que estava acontecendo e vi que estava cheio de bombeiros. Retiramos minhas sobrinhas e fomos para a casa da minha irmã, aqui perto.”
Sobre a imprudência do motorista e a sinalização, Carlos opinou. “Faltam placas adequadas. Às vezes, as placas são altas demais ou caem, e os motoristas não conseguem ver. A sinalização é ruim. Sempre acontece isso, mas geralmente com carros pequenos, não com caminhões.”
Carlos expressou sua preocupação com a situação. “Estou com medo. Passei por debaixo do outro viaduto, aqui perto, e senti um forte cheiro de gás. Se alguém jogar uma bituca de cigarro ali, pode causar uma explosão. Eles deveriam verificar isso.”
Ele também mencionou que muitos moradores foram retirados de suas casas e destacou que esta é a primeira vez que enfrenta uma situação tão assustadora. “Caminhões sempre batem lá, mas nunca foi tão assustador como agora,” relatou o comerciante assustado.
Para tranquilizar a população, o oficial Dênis Oliveira, do 7º BBM, esclareceu: “É verdade que a causa do acidente ainda não foi determinada. Mas o Corpo de Bombeiros está focado em conter os danos e minimizar os riscos,” informou o oficial.
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