A história de Zé Côco do Riachão, um dos mais genuínos nomes da cultura popular brasileira, está prestes a ser eternizada através de um documentário que foi idealizado e iniciado há quase 30 anos, mas que sempre esbarrou na falta de recursos financeiros. Músico e luthier, Zé Côco do Riachão transformou o cerrado norte-mineiro em fonte de inspiração e matéria-prima para seus instrumentos e composições, deixando um legado que está sendo resgatado pela cineasta Andrea Martins. Para garantir que isso aconteça, foi lançada uma campanha de financiamento coletivo através da plataforma apoia.se.
O projeto do documentário, que já recebeu apoio inicial por meio do edital Sismic/2017, lançado pela Prefeitura Municipal de Montes Claros, através da Secretaria Municipal de Cultura, ainda depende da captação de recursos financeiros para ser concluído. “O financiamento conseguido pelo edital foi importante para retomar o projeto, mas é insuficiente para cobrir todas as fases de produção, incluindo o licenciamento de imagens de arquivo, captação de novas imagens e depoimentos, além do processo de montagem e finalização”, explica Andrea.
O ator e músico Jackson Antunes, que fará a narração do documentário, está colaborando com a divulgação da campanha, ao lado do poeta e compositor Murilo Antunes, e dos jornalistas Carlos Felipe e José Edward. A produção está confiante de que outros artistas, locais ou de outras regiões, venham a aderir à campanha, tendo em vista que Zé Côco do Riachão é conhecido e admirado no meio musical, em todas as regiões do país.
Prova disso é um vídeo que vem circulando nas redes sociais em que o cantor e compositor Almir Sater cita Zé Côco como um dos três violeiros mais importantes do Brasil. “Os interessados em fazer parte dessa história podem contribuir com valores a partir de R$10, 00. Para contribuições maiores, estamos oferecendo brindes que incluem o CD Vôo das Garças, de Zé Côco do Riachão, um livro de contos de minha autoria, aquarelas e telas de Gemma Fonseca”. Andrea Martins informa, ainda, que todos os apoiadores terão seus nomes inseridos nos créditos do filme.
A diretora ressalta, ainda, que o apoio de Luiza Rodrigues, filha de Zé Côco, que autorizou a realização do filme, e a parceria com produtoras locais, como a Eleffante, ProArt Produtora Audiovisual, Fulô Comunicação e Cultura, estão sendo fundamentais para viabilizar o projeto.
Campanhas combinadas
Além da campanha de arrecadação principal, onde os colaboradores podem doar uma única vez, também existe a possibilidade de realizar um pagamento recorrente, ou seja, mensalmente, enquanto durar a campanha. “Essa sugestão partiu de alguns amigos que gostariam de fidelizar o apoio até o final do processo de produção. Ainda temos muito caminho pela frente, e toda contribuição é muito importante. Seja financeira ou através dos compartilhamentos e manifestações nas redes sociais”, diz Andrea Martins.
A opção pela campanha de financiamento coletivo se deu em razão da dificuldade de se conseguir os recursos necessários por meio de editais públicos, e sobretudo, pelo desejo de finalmente concluir a produção. O filme, no entanto, depende de imagens de arquivo de diferentes fontes, como a Rede Globo, TV Cultura e várias outras emissoras de televisão nas quais houve participação de Zé Côco do Riachão, além de outras fontes audiovisuais e impressas, e nem sempre se consegue a liberação de uso dessas imagens de forma gratuita.
As músicas dos primeiros LPs gravados também precisam ser licenciadas junto à gravadora que os produziu. “E não podemos deixar de considerar a remuneração dos membros da equipe de produção, que vem atuando com uma dedicação e profissionalismo admiráveis, e a necessidade de agregar outros profissionais ao projeto”, ressalta a cineasta, que diz estar também atenta aos editais de fomento à cultura e outras possibilidades de levantar recursos para o projeto. “Só não queremos que esse projeto volte para a gaveta novamente”, concluiu.
Sobre Zé Côco do Riachão
Nascido na comunidade de Riachão, no município de Brasília de Minas, Zé Côco viveu por muitos anos naquela e em outras comunidades às margens do Rio, razão de tê-lo adotado como nome artístico. Ele viveu também, em Mirabela, na comunidade de São Pedro das Garças, no município de Montes Claros, assim como na sede deste município, de onde se tornou conhecido no país inteiro e também em outros países.