DECEMBER 9, 2022


“BC não atende aos interesses do povo brasileiro”, diz presidente do Sebrae

Para Décio Lima, a manutenção da taxa de juros acima de dois dígitos não tem explicação razoável e prejudica os pequenos negócios

Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto. Foto: Divulgação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de Juros (Selic), no patamar de 10,5% ao ano. Com isso, o BC quebrou uma sequência de sete reduções consecutivas. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião. No mês passado, a redução foi de 0,25 ponto percentual.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom havia elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que teve início em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic, interrompidos agora.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, não há qualquer explicação racional para o fato da taxa de juros estar ainda acima dos dois dígitos, quando temos uma inflação anual de menos de 4%.

“Da maneira como está sendo conduzido, o Banco Central não é independente, não serve aos interesses do povo brasileiro, porque está sendo utilizado a serviço dos rentistas, daqueles que ganham dinheiro, tornando ainda mais difícil a vida do trabalhador”, Décio Lima, presidente do Sebrae.

Ele avalia que já passou da hora do país mudar essa política de juros. “A manutenção da Selic nessas bases prejudica não só o governo, que tenta recuperar a economia. Ao manter elevados os juros da dívida pública, o BC atinge também os consumidores e as empresas, principalmente os micro e pequenos negócios, porque o crédito fica mais caro”, acrescenta.

A taxa de juros média repassada aos pequenos empreendedores é baseada na Selic e chega a 40%. Por isso, destaca o presidente do Sebrae, a necessidade de uma redução mais acelerada do indicador. “Os juros praticados pelo sistema financeiro são a principal razão por trás do fato de que metade dos pequenos negócios não toma empréstimos”, comenta Décio Lima.

Programa Acredita

O Sebrae tem atuado, junto ao governo federal, para ampliar o acesso das MPE ao crédito por meio do programa Acredita. No início do mês, a instituição comemorou a marca de R$ 1 bilhão de crédito concedido através do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), gerenciado pelo Sebrae.

No total, cerca de 20 mil operações foram realizadas com os recursos do fundo de janeiro a maio. São 29 instituições bancárias aptas a ofertar os recursos que foram possibilitados com o aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae e que vai viabilizar R$ 30 bilhões em crédito nos próximos três anos.

 

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