Maior campeão do mundo de futebol todos os tempos e ídolo de várias gerações, Mário Jorge Lobo Zagallo, que morreu nesta sexta-feira (5), nasceu em Atalaia, em Alagoas, em 1931. Aos oito meses de idade, o ex-treinador da Seleção Brasileira se mudou para o Rio de Janeiro com a família.
A paixão pelo esporte começou antes mesmo de pisar em campo. Os primeiros chutes, ainda criança, foram nos campinhos da Tijuca na zona norte carioca. O menino compensava a falta de massa muscular com velocidade, visão de jogo e inteligência.
O pai, Aroldo Cardoso, que chegou a jogar pelo CRB de Alagoas, mesmo diante da habilidade do menino com a bola, preferia vê-lo estudando e só se convenceu de que Zagallo poderia seguir no futebol após a intervenção do primogênito, Fernando.
A carreira como jogador começou nas divisões amadoras do America-RJ. Em 1950, foi para o juniores do Flamengo, clube que assinou seu primeiro contrato profissional, em 1951, e conquistou, dentre outros, o tricampeonato carioca (1953, 1954 e 1955).
Com suas atuações no Rubro-Negro, passou a ocupar um lugar na Seleção Brasileira e fez parte do time que ganhou a Copa de 1958, no Chile. Zagallo marcou um dos gols da goleada do Brasil sobre a Suécia por 5 a 2, na decisão do título.
Já consagrado, viveu outro momento de muita intensidade no Botafogo, de 1958 a 1965. Foi nesse período que conquistou o bicampeonato mundial, ao lado de seus colegas de clube Didi, Nilton Santos, Amarildo e Garrincha, lendas do esporte.
Em 1970, obteve o terceiro título de Copa do Mundo, como treinador do time que reunia Pelé, Clodoaldo, Tostão, Gerson, Jairzinho, Rivellino, Carlos Alberto Torres e outros craques. Abraçou o novo ofício também com empenho e alegria. Com o respaldo da façanha no Mundial do México, permaneceu na equipe na Copa de 1974, na Alemanha, vencida pelos anfitriões em histórica decisão com a Holanda.
Sua trajetória como técnico já o qualificava como um dos melhores do mundo. Aos poucos, começou a ganhar todas as divididas fora de campo, em embates com outros treinadores, jornalistas e jogadores de nome. Esteve novamente no comando da Seleção brasileira no Mundial de 1998 e na Copa de 2006 trabalhou como auxiliar de Carlos Alberto Parreira.
Em 1997 foi destaque com a famosa frase “Vocês vão ter que me engolir!”, quando o Brasil, dirigido por ele, conquistou a Copa América vencendo os seis jogos que disputou. A frase soou inicialmente como desabafo contra jornalistas que estariam fazendo pressão para Vanderlei Luxemburgo assumir o cargo.
Zagallo decidiu parar profissionalmente no futebol em 2011, com 79 anos. Em 2012, o tetracampeão sofreu o maior baque de sua vida – a morte de sua esposa Alcina, com quem estava casado havia 57 anos. Os dois tiveram cinco filhos.
O respeito e afeto pelos amigos de longa data era outro aspecto revelador da personalidade de Zagallo. Em 2021, ao completar 90 anos, recebeu mensagem especial de Pelé. “Nós já fomos companheiros de time. Já fomos adversários. Já fui seu jogador e você meu treinador. Mas acima de tudo sempre fomos grandes irmãos. Você é um líder, um mentor, um ídolo e um amigo de coração imenso, que o futebol brasileiro jamais irá esquecer.”
*Com informações da CBF.