DECEMBER 9, 2022


Qual é o tempo mínimo para mudar de emprego sem manchar o currículo? Descubra

Especialistas falam sobre o período mais adequado para permanecer no trabalho.

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Foto: Andrea Piacquadio/Pexels/Reprodução

Ter um emprego por ano e mudar assim que tiver a oportunidade, mas correr o risco de ser considerado uma pessoa desleal. Ou ficar no mesmo cargo por anos e ser avaliado como alguém acomodado. Esta é uma escolha que divide trabalhadores e chama atenção de recrutadores. Mas, afinal, qual é o tempo mínimo para mudar de emprego sem manchar o currículo? E o máximo para se manter na mesma empresa sem deixar de evoluir?

Antes de responder a essa pergunta, especialistas explicam as diferenças do mercado de trabalho atual e de gerações anteriores. “Os profissionais que estão no mercado atualmente não são os da geração dos nossos pais, que ficavam 25, 30 anos em uma empresa. Isso não é comum”, diz o gerente da consultoria de recrutamento Robert Half Alexandre Mendonça.

“Algo que tenho percebido e escutado muito de colegas do mercado é que as pessoas ficam menos tempo nas empresas, saem se alguma coisa não vai bem, se não está indo conforme o planejado”, complementa Ligia Hacker, líder de Pessoas e Cultura da Vagas, empresa de tecnologia e dona do portal Vagas.com. “Isso traz a discussão sobre a falta de resiliência da turma mais jovem no mercado de trabalho”.

Não necessariamente, “pular” de trabalho em trabalho é algo ruim, entretanto. “Quanto mais eu trocar de emprego, maior meu networking”, pondera o primeiro gerente de RH do LinkedIn, Steve Cadigan. Ainda assim, especialistas concordam que a regra implícita de se manter pelo menos um ano no emprego continua válida. “O profissional que ‘pula’ de ano em ano ainda é visto com maus olhos, porque é alguém que não teve um início, meio e fim de um processo de entrega, para colher os frutos de um projeto”, avalia Mendonça, da Robert Half.

Por outro lado, embora departamentos de RH mais conservadores ainda valorizem profissionais que passaram muitos anos na mesma empresa, o quadro começa a mudar. “A pessoa que trabalhou por mais tempo em uma empresa talvez traga estabilidade, e temos que ir desmistificando isso, porque pode ser que sim, pode ser que não. A tendência é que vivamos mais, então podemos ter diferentes experiências em várias empresas”, sublinha Ligia Hacker, da Vagas.

Os especialistas concordam que não existe uma regra sobre tempo mínimo e máximo de permanência no emprego, mas o gerente da Robert Half Alexandre Mendonça avalia que por volta de três anos é um bom período para que o profissional possa ter iniciado um projeto e colhido os resultados dele. Ao mesmo tempo, ele destaca que as contratações por projeto, em que o profissional é contratado temporariamente, são cada dia mais comuns.

E se, por um lado, mudar de emprego rápido demais pode ser malvisto, ficar por muitos anos na mesma empresa também pode ser um problema. A permanência não é um problema em si, explica o gerente Alexandre Mendonça. A questão é não progredir. “Se você ficou tempo demais na mesma posição, isso pode depor contra você, porque não houve crescimento na carreira, então gera uma imagem de comodismo. Mas, se você começou como analista e terminou como gerente, por exemplo, teve um período de crescimento muito forte, e isso é favorável”, aprofunda.

Ainda que não seja uma promoção, mudar de área na mesma empresa também é interessante, na visão de parte do mercado. O CEO do Spotify, Daniel Ek, por exemplo, estimula que os funcionários não fiquem mais de dois anos no mesmo cargo, e atuem em outros setores da empresa ao longo do tempo na companhia.

Como mudar de emprego sem causar má-impressão no ex-empregador

O mercado de trabalho dá voltas, e seu antigo empregador pode aparecer na sua carreira novamente no futuro, portanto manter boas relações pode ser um trunfo importante para o trabalhador. “Toda a comunicação tem que ser clara com o gestor. Não saia correndo. Se a empresa pedir 15 dias de aviso, fique, seja leal nesse processo para que ela não feche as portas”, aconselha o gerente da Robert Half Alexandre Mendonça.

E ele também alerta sobre cuidados antes de aceitar uma proposta de emprego. “Olhar os valores e cultura da empresa é mais importante do que o salário propriamente dito. Já vi profissionais de todos os níveis que fazem a transição pelo salário e, quando chegam na nova empresa, enfrentam problemas. Mudam por R$ 200 a mais e, na nova empresa, enfrentam algo muito maior”, conclui.

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