DECEMBER 9, 2022

55 anos da Universidade Federal de Minas Gerais no Norte de Minas

Campus Montes Claros surgiu como Colégio Agrícola e passou para a UFMG no dia 11 de outubro de 1968.

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Foto: UFMG/Divulgação

Em 11 de outubro de 1964, o Ministério da Agricultura criava o Colégio Agrícola “Antônio Versiani Athayde”. Inaugurada em 2 de julho de 1966, a instituição, com sede em Montes Claros, oferecia formação profissional de segundo grau para os trabalhadores da agricultura. Em 1968, tem início uma nova fase. A escola foi incorporada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 1975, passou a oferecer cursos superiores de curta duração e recebeu a denominação de Núcleo de Tecnologia em Ciências Agrárias. Um ano depois, o núcleo foi elevado a Campus Regional de Montes Claros.

A força da UFMG no Norte de Minas
Em 1998, o curso de graduação em Agronomia foi instalado na instituição. A primeira turma começou a estudar no ano seguinte, em 1999. Em 2005, o campus Regional de Montes Claros passou a oferecer, o curso de Zootecnia. O nome Instituto de Ciências Agrárias (ICA) foi adotado em 2007, quando o local ganhou autonomia como unidade acadêmica da UFMG. As peculiaridades, vocações e necessidades do semiárido direcionam todo o trabalho desenvolvido no local. Hoje, o ICA oferece cursos de Graduação em Administração, Agronomia, Engenharia de Alimentos, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Florestal e Zootecnia. Juntos, somam um total de 242 vagas anuais. O campus da UFMG em Montes Claros também oferece Mestrado em Produção Animal, Produção Vegetal, em Sociedade, Ambiente e Território (UFMG/Unimontes) e Alimentos e Saúde. A instituição tem ainda especialização em Recursos Hídricos e Ambientais e Doutorado em Produção Vegetal.

A reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, Sandra Regina Goulart Almeida destaca a importância do campus Montes Claros ao longo destes 55 anos. “Hoje, oferecemos cursos de graduação que refletem a vocação da região e também temos pesquisas importantes e projetos de extensão, que são o nosso contato com a sociedade. É um enorme orgulho ter uma parte da Universidade Federal de Minas Gerais no Norte de Minas. Que nós continuemos nos próximos anos sendo um polo de referência nas áreas de Ensino, Pesquisa e Extensão na região”, afirma.

Para o diretor do campus Montes Claros, professor Hélder dos Anjos Augusto, a presença da UFMG na região tem grande contribuição para o desenvolvimento local. “O Instituto de Ciências Agrárias representa, nesses 55 anos, o centro dinamizador da região norte e nordeste de Minas Gerais. Esta data constitui o baluarte para o avanço do papel da UFMG na mesorregião de Minas. É importante ressaltar que a trajetória histórica nos mostra os avanços na qualidade de ensino, nos desafios da pesquisa regional e as ações de extensão que promovem transformações em ambientes outrora inóspitos. Em suma, o ICA vem experimentando nos últimos anos um crescimento satisfatório no seu capital físico e intelectual”.

Histórias que se entrelaçam
A história da professora Rúbia Fonseca também perpassa para história da UFMG em Montes Claros. A docente foi aluna do curso de Técnico em Agropecuária do Colégio Agrícola Antônio Versiani Athayde. Ela fez graduação, mestrado e doutorado em outras instituições. Chegou a atuar na iniciativa privada, passou em um concurso público no Nordeste do país. Ao saber de um concurso para professor na UFMG em Montes Claros, não pensou duas vezes antes de se inscrever. “Eu já queria voltar para a região. Quando eu vi a vaga para a minha área, me dediquei a este concurso. É muito bom estar aqui hoje, contribuindo para a formação de profissionais para a região e para o restante do país”.
Servidor da UFMG em Montes Claros há 31 anos, o motorista Nivaldo Leandro Silva viu de perto as várias transformações pelas quais o campus passou. “Quando eu entrei aqui era apenas um colégio de Ensino Médio. A princípio, era uma escola pequena, com menos prédios, menos servidores. Era uma escola conhecida regionalmente. Alguns alunos de cidades vizinhas moravam dentro da escola, na antiga moradia. Quando veio o curso superior de Agronomia, o público aumentou consideravelmente. A escola que era regional passou a atender todo o país”, conta.
Para ele, boa parte da história de vida se mistura à história da UFMG no Norte de Minas. “Eu me sinto muito feliz de ter visto e de ter contribuído para o crescimento da universidade. Eu me sinto parte da UFMG. Mais da metade da minha vida eu passei aqui, criei vínculos de amizade com funcionários, professores e alunos. Quando eu sei de algum egresso que se tornou um líder comunitário, um professor, que está em alguma grande empresa, eu fico muito feliz. É muito gratificante, me faz bem fazer parte desta história”.

O acadêmico de Engenharia Florestal Patrick Cruz afirma que se encontrou dentro da UFMG. Natural do estado do Pará, ele se mudou para Montes Claros para fazer a graduação. “É muito bom estudar na UFMG. O campus é bem grande, com laboratórios de ponta, professores especializados, a gente consegue fazer pesquisas. Aqui, temos muitas oportunidades de Ensino, Pesquisa e Extensão. Além disso, ser engenheiro florestal em Minas Gerais é um diferencial. Porque você aprende dentro do estado que tem a maior área de floresta plantada do Brasil e que mais produz carvão vegetal”, avalia.

Assistência Estudantil
Garantir ao estudante plenas condições socioeconômicas e culturais para a conclusão do curso, visando minimizar as diferenças de oportunidades anteriores ao seu ingresso na Universidade. É esta a missão da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), responsável pela assistência estudantil da UFMG. Em 2010, a grande conquista para Montes Claros foi a inauguração da Moradia Universitária Cyro Versiani dos Anjos, em Montes Claros, com 108 vagas. O terreno da nova moradia foi doado à Fump pela prefeitura de Montes Claros. Já a antiga residência universitária, que ficava dentro do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) e oferecia 30 vagas, foi transformada em laboratórios e sala de professores. Este ano, mais 40 vagas foram abertas com a conclusão da obra do novo bloco da Moradia Universitária, totalizando 148 vagas para estudantes classificados socioeconomicamente.

A gerente da Fump, Andréa Silva, ressalta que a Moradia Universitária é apenas um dos programas oferecidos pela assistência estudantil da UFMG. “Além da Moradia, nós temos o programa de Alimentação e outros auxílios como assistência à saúde, auxílio financeiro, auxílio material acadêmico e bolsa de formação profissional complementar que têm o objetivo de garantir a permanência do estudante na Universidade”, explica.

Lailton Bispo é um dos assistidos pela Fump. Acadêmico de Agronomia, ele tem o benefício da Moradia Universitária. “Pensando em renda, seria muito complicado me descolar de Matias Cardoso para me manter aqui. Se eu fosse trabalhar, exigiria muito mais de mim. Eu estaria muito mais cansado e teria muito menos tempo para as atividades acadêmicas. Então, o meu rendimento seria muito baixo e não sei se conseguiria ainda assim me manter na cidade sem a assistência estudantil”.

Emilly dos Santos é uma das novas moradoras da Moradia Universitária. Natural de Belo Horizonte, a acadêmica do quarto período de Engenharia Agrícola e Ambiental dividia um apartamento até então. Para ela, conseguir este benefício da Assistência Estudantil traz mais tranquilidade.  “Agora, vai bem melhor. Vou ter mais conforto, porque eu só tinha uma cama e minhas coisas ficavam no chão. Aqui, eu tenho o guarda-roupa, a mesa para eu estudar. Acredito que meu desempenho vai ser muito melhor a partir de agora”.

Da UFMG para o mercado
Se durante a graduação, a Universidade marca a vida dos acadêmicos. Ao concluírem o ensino superior, eles levam a marca da UFMG para o mercado. Em alguns casos, os egressos seguem a carreira na própria unidade acadêmica. Foi o caso do técnico administrativo do laboratório de Solos, Ismael Amorim. Ele estudava Agronomia em Janaúba. Ao passar no concurso para a UFMG, fez a transferência de curso para o campus Montes Claros. Ao concluir a graduação, ele fez também o mestrado em Produção Vegetal na instituição. “Quando eu estava no laboratório de Análise de Solos, tinha muito contato com produtores rurais. Eles apresentavam algumas dúvidas e eu tentava responder dentro do que sabia. Vendo esta necessidade, senti a vontade de estudar um pouco mais. Foi aí que fiz meu mestrado voltado para a produção de forragem conciliado com o que eu já vinha trabalhando há mais tempo, que era a área de solos”, conta.
Ele se orgulha da trajetória dentro da UFMG ao longo destes anos. “Esta busca por conhecimento, esse ambiente de tecnologia e inovação me motivam. Gosto deste contato com os alunos. É muito bom compartilhar conhecimento com eles e aprender novos conceitos que eles trazem para a gente”, afirma.

Estudar na UFMG era o sonho da administradora Larissa Oliveira Silva. Ela soube que tinha um campus da Universidade em Montes Claros por meio da visita de acadêmicos da instituição na escola onde estudava. Para ela, tudo o que viveu na Universidade contribuiu para abrir portas no mercado de trabalho. “Toda essa experiência me concedeu a oportunidade de logo ao formar ingressar no mercado de trabalho, trabalhei em Instituições do Terceiro Setor aqui da cidade, que me ensinaram a executar o meu trabalho enquanto administradora com excelência, ética e zelo. Retornei à UFMG para o Mestrado. Hoje atuo como Orientadora Educacional em uma Universidade do Paraná, na modalidade remota, e sou muito feliz e orgulhosa em ser UFMG”, diz emocionada.

Egresso do curso de Engenharia Florestal da UFMG em Montes Claros, Lucas Verciane foi bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) de Engenharia Florestal por três anos, quando desenvolveu projetos de ensino, pesquisa e extensão. Em 2021, fez estágio na multinacional Alemã Bayer. Lá, foi um dos destaques na premiação do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), vinculado à Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Ele venceu na categoria Projetos inovadores – grandes empresas pelo melhor projeto de estágio em 2022. Do estágio já saiu com emprego na empresa. Hoje, ele atua na Suzano uma das maiores produtoras de celulose do mundo. “A minha formação na UFMG contribuiu muito para estar onde estou. Estar envolvido em projetos de Ensino Pesquisa e Extensão, aliado à qualidade excepcional do corpo docente da UFMG, fez toda a diferença em minha trajetória profissional. Tenho muito orgulho de ter sido um aluno do Instituto de Ciências Agrárias, que é a presença da UFMG no Norte de Minas”, avalia o egresso.

História/ Recordação

Vista Lateral do bloco A, um dos prédios do campus. Foto Arquivo ICA/UFMG

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