Cento e trinta e cinco crianças e adolescentes são vítimas de maus-tratos por mês em Minas Gerais. O dado da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG) é somente a ponta de algo que ainda está muito distante de retratar a realidade, segundo um especialista da área, visto a existência de subnotificações. Somente no primeiro semestre de 2023, 814 registros foram feitos junto às forças de segurança.
O especialista em segurança pública Jorge Tassi avalia que os crimes de maus-tratos contra crianças e adolescentes ocorrem, em regra, no “seio do lar”. “Infelizmente essa é a realidade da sociedade. A maioria dos agressores são os pais ou responsáveis legais. A estatística que temos é limitada por conta dos registros que não são feitos”, avalia.
Um dos fatores que ajudam a explicar a existência de subnotificações, conforme analisa Tassi, é o fato da dependência existente entre vítima e agressor. “Mesmo com o Estado ampliando as possibilidades para denúncia, a queixa acaba não sendo realizada, pois temos uma relação muito estreita entre os envolvidos”.
Para que a violência diminua, Tassi pondera a necessidade de haver uma mudança na sociedade. “Só teremos a verdadeira mudança nas estatísticas quando nós melhorarmos. Os maus-tratos contra crianças, adolescentes, deficientes e idosos é mais uma questão social do que de segurança pública. Estamos falando de algo antropológico, do comportamento humano. E, nos dias de hoje, o ser humano está adoecido e desconta a fúria dentro do ambiente do lar”, finaliza.
Dados
Veja os dados de maus-tratos contra crianças e adolescentes em Minas Gerais:
2022 – 1.348
2022 (janeiro a junho) – 670
2023 (janeiro a junho) – 814
Denuncie
Casos de suspeita de violação ou maus-tratos a crianças ou adolescentes devem ser comunicados imediatamente ao Conselho Tutelar, Delegacia de Polícia e Disque 100.
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