A nutricionista do IFNMG-Campus Arinos, Graciele Monteiro, e seu orientador de doutorado na Universidade Federal de Lavras (Ufla), professor Eduardo Vilas Boas, levaram R$ 161.178,00 no quadro The Wall, exibido no programa Domingão com Huck, da rede Globo, na noite do último domingo, 6 de agosto. O objetivo inicial era levantar R$ 60 mil, valor estimado para financiar a inscrição e participação da dupla em um evento científico de tecnologia em alimentos e nutrição, em Paris, na França, onde apresentariam um artigo originado de pesquisa sobre produção de filmes biodegradáveis para embalagem de alimentos a partir de resíduos do baru, um fruto típico do cerrado.
“Fã de carteirinha” do apresentador Luciano Huck, Graciele conta que sempre teve vontade de participar dos quadros de seu programa. Com seu artigo aceito para o evento na França e sem ter outras formas de bancar a viagem, ela não pensou duas vezes em contar a história no The Wall e arriscar a sorte.
Deu certo, no entanto, mesmo com o prêmio bem superior ao esperado, a participação no evento não foi possível, já que a conferência aconteceu em julho e o programa só foi ao ar no início de agosto. No entanto, a servidora do IFNMG afirma que não faltarão oportunidades para divulgar os resultados de sua pesquisa, já que ela ainda tem artigos a publicar antes de terminar o doutorado. Graciele e o professor Eduardo ainda avaliarão os eventos científicos dos quais participarão para apresentar os trabalhos. “E parte do recurso será utilizado para demais demandas do meu projeto, como materiais, análises, publicação e revisões”, acrescenta.
A pesquisa
Graciele Monteiro faz doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde ingressou em fevereiro de 2021, mas a parte experimental de seu projeto é desenvolvida na Ufla. A pesquisadora é bolsista do Programa de Bolsas para Qualificação dos Servidores (PBQS) do IFNMG.
Ela teve o primeiro contato com o baru quando se mudou para Arinos, onde fica o campus do IFNMG no qual trabalha. “Como nutricionista, vislumbrei o potencial do fruto primeiramente pela sua castanha. Mas, ao pesquisar mais a fundo, vi que a castanha já tem uma cadeia produtiva alicerçada e muitos estudos na área”, explica. De um desafio lançado pelo orientador e posterior levantamento bibliográfico, surgiu o projeto para explorar os resíduos do fruto, mais especificamente a parte que recobre a castanha, rica em celulose. “É essa parte que estamos utilizando para produzir filmes diodegradáveis para fazer embalagem para alimentos, substituindo os plásticos convencionais.”
Graciele ressalta que filmes biodegradáveis são muito estudados e de grande interesse científico. “O maior desafio é tornar o filme biodegradável viável comercialmente. Na linha laboratorial, conseguimos processar e ver as fragilidades da tecnologia, que ainda não consegue superar a matriz comercial dos plásticos convencionais, que apresentam força mecânica, custo e praticidade, insuperáveis até o momento”, explica. Para ela, é necessário um esforço conjunto, da academia e da indústria, para aprofundamento em técnicas e materiais que consigam substituir efetivamente os polímeros de fontes não renováveis, como são os plásticos atuais.
Na visão da pesquisadora, explorar tudo que o baru tem para ser explorado e abrir caminhos para que a indústria enxergue o fruto como matéria-prima de excelência é um projeto bem amplo, que envolve muitas variáveis: promoção da saúde; preservação do bioma cerrado; agregação de valor à cadeia produtiva do fruto, que é baseada no extrativismo regional, por meio de tecnologias sustentáveis e inovadoras; além de geração de renda para as comunidades locais.
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