DECEMBER 9, 2022


SES-MG intensifica ações para o controle da doença no Norte de Minas

No Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria, sediado em Montes Claros, é a unidade de referência para tratamento de pacientes acometidos pela leishmaniose visceral.

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FOTO: SRS Montes Claros

Neste primeiro semestre, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS) está intensificando as ações de acompanhamento e monitoramento das ações de implantação do Programa de Vigilância e controle da Leishmaniose visceral nos municípios de Francisco Sá, Jaíba, Montes Claros, Grão Mogol e Fruta de Leite. Os trabalhos foram iniciados em 2021 com a realização de treinamento de profissionais de saúde dos municípios que foram selecionados pelo Ministério da Saúde para compor a primeira etapa do Programa que envolve 132 cidades do país.

Além dos cinco municípios das SRS de Montes Claros o Programa de Vigilância e Controle da leishmaniose visceral tem a participação de sete municípios que estão jurisdicionados à Gerência Regional de Saúde de Januária – (GRS): Itacarambi, Manga, Montalvânia, São Francisco, São João da Ponte, São João das Missões e Varzelândia. Já na área de atuação da GRS de Pirapora o município selecionado foi Santa Fé de Minas.

A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa grave, sistêmica e que pode causar a morte de pessoas se não for tratada. No meio urbano, o principal reservatório da doença são os cães.

Por esse motivo, a referência técnica das coordenadorias de vigilância epidemiológica e de saúde da SRS de Montes Claros, Bartolomeu Teixeira Lopes explica que “a definição dos primeiros 132 municípios selecionados pela Coordenação de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, levou em conta as localidades que nos últimos três anos apresentaram alta, intensa ou muito intensa transmissão da leishmaniose visceral”. Nesse contexto, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais – (SES-MG) participa da execução do Programa proporcionando suporte técnico aos municípios para a implementação das ações de campo e monitoramento de indicadores.

Nos municípios da área de atuação da Superintendência Regional de Saúde, além da realização de testes rápidos para detecção da leishmaniose em cães, a previsão é de que 19 mil 260 animais recebam uma coleira impregnada com deltametrina 4%. A substância tem ação repelente contra o mosquito transmissor do parasito da leishmaniose visceral. O insumo é de uso exclusivo em cães, a partir de três meses de idade, e deve ser trocado a cada seis meses.

“Para o controle da leishmaniose em áreas que apresentam alta incidência de transmissão da doença, serão realizados oito ciclos de encoleiramento de cães. Em alguns municípios o trabalho já está em fase adiantada e os resultados observados pelos técnicos são positivos, além da boa aceitação por parte da população pelo fato de viabilizar o controle de uma doença que pode ser fatal”, observa Bartolomeu Lopes.

ESTUDOS
A coordenadora de vigilância em saúde da SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes explica que por meio de estudos de intervenção controlado e multicêntrico realizado em 2010 em 14 municípios do país, entre eles Montes Claros, o Ministério da Saúde concluiu que a proposta de incorporação de coleiras impregnadas com inseticida deltametrina a 4% para o controle da leishmaniose visceral foi responsável pela redução de 50% da prevalência da doença em cães.

Após a obtenção desse resultado, o Ministério da Saúde realizou avaliação de custo e efetividade e chegou à conclusão de que os investimentos com o uso do insumo são positivos.

“Os municípios são divididos em áreas que são determinadas a partir de setores censitários, considerando o coeficiente de incidência acumulada de leishmaniose visceral ou pelo menos um dos seguintes indicadores: número de cães por habitante; prevalência canina ou vulnerabilidade socioeconômica”, pontua a coordenadora.

A DOENÇA
A ocorrência da leishmaniose visceral é descrita no Norte de Minas desde a década de 1940 e, no Vale do Rio Doce, desde 1960. A partir da década de 1980 a leishmaniose visceral se expandiu para o ambiente urbano. A doença é transmitida pelo vetor Lutzomyia longipalpise, conhecido popularmente como mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros.

Os principais sintomas são: febre de longa duração; aumento do fígado e baço; perda de peso; fraqueza; redução da força muscular e anemia. Apesar de grave, a leishmaniose visceral tem tratamento gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde – (SUS).

“A leishmaniose visceral é uma doença de notificação compulsória. A partir de todo caso suspeito se torna obrigatória a investigação, com a avaliação do paciente e a realização dos exames que possam confirmar o caso, bem como desencadear ações ambientais para o controle da doença”, explica Agna Menezes.

No Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria, sediado em Montes Claros, é a unidade de referência para tratamento de pacientes acometidos pela leishmaniose visceral.

Para a realização de exames, os pacientes residentes em Montes Claros são encaminhados para a Policlínica do bairro Alto São João, onde é feita coleta de sorologia. Nas demais localidades esse procedimento é de responsabilidade das secretarias municipais de saúde. As amostras são encaminhadas para análise no Laboratório Macrorregional da SES-MG, sediado em Montes Claros.

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