O CEO da Sul Americana de Metais (SAM), Jin Yongshi, participou, na sexta-feira (19), em Salvador, do último dia do Fórum Bahia-China de Cooperação para Estudos, Projetos e Negócios, promovido pelo o Governo do Estado da Bahia. Em sua apresentação, Yongshi abordou as oportunidades trazidas por instalações logísticas diversificadas para a industrialização sustentável da Bahia, em especial o mineroduto que será utilizado para transportar minério de ferro do Norte de Minas Gerais até o Porto Sul em Ilhéus.
A conferência aconteceu nos dias 17, 18 e 19 de maio, na capital baiana, com o objetivo de discutir e fomentar a produção de estudos, tecnologia, negócios, inovação e dados científicos em diálogo entre os representantes dos governos da Bahia e da China, além de reunir pesquisadores, especialistas e representantes de áreas empresariais e comerciais.
O executivo da SAM iniciou sua fala contextualizando os presentes sobre a implantação de um mineroduto para o transporte de 27,5 milhões de toneladas de concentrado de minério de ferro extraído e beneficiado no Norte de Minas até o Porto Sul em Ilhéus. “A logística para o transporte do minério de ferro do nosso Projeto Bloco 8 ocorrerá via mineroduto, um modal considerado de menor impacto e mais seguro, e que permite a viabilidade econômica à extração e comercialização de um minério de baixo teor”, explicou Jin Yongshi.
O mineroduto será licenciado, implantado e operado por uma empresa de comércio e logística terceirizada, a Lotus Brasil Comércio e Logística Ltda. Terá uma extensão de 480km e percorrerá 21 municípios, sendo 12 na Bahia e 9 em Minas Gerais. Serão investidos 1,4 bilhão de dólares, sendo 780 milhões de dólares no estado baiano. Dos pouco mais de 2.900 empregos diretos criados na fase de construção do mineroduto, 2mil serão na Bahia. E outros 8.800 postos de trabalho indiretos. “Já na fase de operação serão gerados 142 empregos diretos, com 120 na Bahia, e 426 empregos indiretos”, completou.
Grandes potenciais
Segundo Yongshi, a implantação do mineroduto desperta grandes potenciais para a Bahia. “Vai viabilizar outros depósitos de minério de ferro no Norte de Minas, por meio do compartilhamento da chamada faixa de servidão, mais cargas de minério de ferro serão transportadas para o Porto Sul, tornando-o um hub de exportação de minério de ferro no futuro. Além disso, os municípios da Bahia ao longo do mineroduto receberão royalties CEFEM de mineração e haverá o compartilhamento de cabo da fibra ótica usado com as operadoras de telecomunicação, melhorando os serviços”, pontua.
Outro benefício do mineroduto será o aumento significativo do volume de carga no Porto Sul. “Trinta milhões de toneladas representam 1 bilhão de reais em taxas portuárias, o que contribui para a sustentabilidade econômica do empreendimento”, avalia. A SAM tem, ainda, intenção de investir 1,5 bilhão de reais em uma usina de pelotização com capacidade de 7 milhões de toneladas/ano no Porto Sul, após o início da operação do Bloco 8.
Por meio da reutilização da água do mineroduto – disponibilidade de 814m³, será possível produzir cerca de 400 mil toneladas por ano de hidrogênio verde. Hidrogênio verde (H2V) é denominação para o hidrogênio produzido a partir da eletrólise da água, com baixa ou nula intensidade de carbono, utilizando energia limpa e renovável para a sua produção. Ou seja, ele é obtido sem emissão de CO2. “Será possível propiciar um mineroduto de hidrogênio para as cidades através da rota compartilhada com o mineroduto de polpa de minério ferro da Lotus”, finalizou.
Sobre o Projeto Bloco 8
O Projeto Bloco 8 é formado principalmente por um complexo minerário e uma barragem de água e ficará localizado nos municípios norte mineiros de Grão Mogol, Fruta de Leite, Padre Carvalho e Josenópolis. Além de trazer soluções para a disponibilização dos recursos hídricos, o projeto tem como compromisso fomentar na região uma plataforma de crescimento econômico e social. O investimento atual previsto pela SAM para o empreendimento é de 2,1 bilhões de dólares tornando viável a extração de minério de ferro de baixo teor (média de 20%) e a transformação do minério do norte do estado em um produto de alta qualidade. O tratamento do material a ser realizado no local viabilizará o aumento de sua concentração de 20% para um teor de 66,5%. A previsão é que sejam gerados 6.200 novos postos de trabalho direto durante o pico da fase de implantação do Projeto Bloco 8, e mais 1.100 empregos durante a sua operação, com produção anual de 27,5 milhões de toneladas de concentrado minério de ferro.
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