Repórter Larissa Durães
A Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE), acontece através de corpos estranhos, podendo ser pequenas partículas de variadas origens e constituição física que, muitas vezes, apesar de aparentemente inofensivas devido ao tamanho, podem causar danos sérios e até irreversíveis.
SE LIGA! Diante de um paciente com asfixia, caso as funções respiratórias não sejam restabelecidas dentro de 3 a 4 minutos, as atividades cerebrais cessam totalmente, ocasionando a morte. O oxigênio é vital para o cérebro.
Por isso, é importante o rápido atendimento sendo necessário agir com precisão, manter a calma e tranquilizar o paciente. O conhecimento e a serenidade sobre o que está fazendo são fundamentais para o trabalho de primeiros socorros.
O instrutor hospitalar do Núcleo de Educação Permanente do SAMU Macro Norte, Antônio Osmar Santos Gusmão, explica que o engasgamento ou obstrução das vias aéreas por corpo estranho pode se dar por objetos líquidos ou sólidos e, geralmente, é mais comum em pacientes adultos e pediátricos.
O maior índice, de acordo com Antônio, está relacionado com crianças e idosos, e geralmente é quando a pessoa não consegue deglutir um volume de um bolo alimentar um pouco maior, ou quando a pessoa aspira algum conteúdo líquido para as vias aéreas superiores, o que pode ocasionar a obstrução dessa via que é a passagem do ar para os pulmões.
“Quando isso acontece, na pessoa adulta, ela vai apresentar uma tosse difícil e ineficaz, dificuldade de falar, dificuldade de respirar, apresenta agitação, geralmente olhos esbugalhados, uma ou duas mãos em volta do pescoço tentando no afoito retirar esse objeto. A gente chama tudo isso de sinal universal do engasgo”, informa.
Segundo Antônio, quando for no caso de crianças, bebes, recém-nascidos, eles vão apresentar um choro ineficaz, um choro rouco, uma face bem roxa, agitação psicomotora, geralmente tem dificuldade em respirar ou de falar. “Infelizmente eles não conseguem pedir por ajuda, porque vão ter a fala interrompida, então é importante quem for ajudar, intender essa condição”, ressalta.
COMO PROCEDER NESSES CASOS?
Para o instrutor do SAMU, ao identificar a vítima nessa condição, deve abordá-la e perguntar se ela está engasgada e incentivar a vítima a tossir. “Pedi ela para tossir de forma voluntária. Se perceber que ela não consegue, o socorrista deve imediatamente aplicar a medida que é chamada de manobra de Heimlich para poder desobstruir essas vias aéreas”, explica.
Já se na situação estiver envolvido um bebê, será preciso pegá-lo no colo com a mão e segurando a cabecinha da criança para olhar dentro da boca dela, verificar se o objeto está visível e alcançá-lo, mas se não for visível e alcançável, tem que virar a criança, segurando ela com cuidado, com a cabeça mais baixa que o restante do corpo e desferir cinco tapinhas (a medição da força é essencial para evitar lesões à vítima) entre as escapulas (é um osso com formato triangular, localizada na parte de trás do ombro) da criança. Vira a vítima de barriga para cima e comprime cinco vezes na região do tórax dela. Repetir o movimento até que a criança desobstrua”, explica.
Vale ressaltar que nesse momento é importante que peça para que alguém solicitar o serviço de emergência 192 ou 193 enquanto os primeiros socorros são prestados. Se for em um adulto, devemos orienta-lo a tossir primeiramente, nada de dar tapas nas costas do paciente, se ele não conseguir tossir, o socorrista deve ficar por trás do paciente e colocar a mão entre o umbigo e a boca do estomago do paciente e segurar uma mão sobre a outra e fazer uma compressão em formato de “Jota maiúsculo” de trás para a frente, comprimindo para dentro e pra cima até a completa desobstrução do paciente.
“Lembrar sempre que se algum desses pacientes (adulto ou criança) desmaiar em consequência da obstrução, devemos iniciar compressões torácicas, entrelaçar as mãos, começar a comprimir o tórax do paciente e sempre observar dentro da boca dele para ver se o objeto vai ser expelido e se é possível retira-lo. Mas nunca deve enfiar o dedo às cegas na via aérea do paciente para tentar retirar o corpo estranho. O que pode ser feito é uma proteção, como enrolar um pano e colocar no canto da boca do paciente e só depois enfiar o dedo para tentar tirar o objeto, porque se não fizer assim o paciente pode, involuntariamente, mastigar ou morder o dedo do socorrista no momento da retirada do objeto”, alerta o instrutor do SAMU.
Mais uma vez, a sua atitude pode ser fundamental para salvar uma vida.
Casos de obstrução atendidos pelo SAMU na Região Macro Norte/MG
Nos anos de 2020 a 2022, no período de janeiro a março de 2023, na Região Macro Norte/MG e em Montes Claros, os atendimentos realizados pelas equipes do SAMU, referente à Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE) foram:
Região Macro Norte
- Em 2020: total dos atendimentos foram 205, com uma média mensal de 17 atendimentos;
- Em 2021: total dos atendimentos foram 173, com uma média mensal de 14 atendimentos;
- Em 2022: total dos atendimentos foram 174, com uma média mensal de 15 atendimentos;
- Em 2023: total dos atendimentos, nos três primeiros meses, foram 40, com uma média mensal de 13 atendimentos.
Montes Claros
- Em 2020 total dos atendimentos foram 85, com uma média mensal de 07 atendimentos;
- Em 2021 total dos atendimentos foram 80, com uma média mensal de 07 atendimentos;
- Em 2022 total dos atendimentos foram 60, com uma média mensal de 05 atendimentos;
- Em 2023 total dos atendimentos, nos três primeiros meses, foram 16, com uma média mensal de 05 atendimentos.
Fonte: SISFAPH SAMU Macro Norte/MG (2020 a 2022 e no período de janeiro a março de 2023).