DECEMBER 9, 2022

Bullying pode gerar sentimentos que resultam em morte, dizem especialistas

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), um em cada três alunos em todo o mundo, inclusive no Brasil, já foi vítima de bullying.

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Foto: João Godinho/O TEMPO

“Eu sempre sofri bullying na escola e não morri”. Se, por um lado, essa frase é constantemente utilizada nas redes sociais para minimizar os efeitos das agressões físicas e psicológicas na vida de crianças e adolescentes, por outro, acontecimentos recentes e especialistas alertam: o bullying, quando não recebe a devida atenção, pode desencadear sentimentos e ações que resultam, sim, em morte. Na última segunda-feira (27), um menino de 13 anos promoveu um ataque em uma escola de São Paulo, matando uma professora e ferindo outras três pessoas. Relatos de colegas dão conta de que, dias antes, esse mesmo garoto havia chamado outro jovem de “macaco”, iniciando uma briga. 
 
Outros alunos logo contaram que o bullying no colégio é constante. Em entrevistas, pais e responsáveis afirmaram que o assunto não recebia a devida atenção, o que acabava gerando uma onda de violência e sentimentos mal-trabalhados. 

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), um em cada três alunos em todo o mundo, inclusive no Brasil, já foi vítima de bullying. Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também fez um estudo sobre o tema. Na época, 23% dos alunos de 13 a 17 anos afirmaram que haviam sido humilhados nos 30 dias anteriores à pesquisa. Os resultados também mostram que os principais motivos para o bullying são: aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%). Diante de um cenário de frustração e tristeza, 21,4% dos alunos afirmaram que sentem que a vida não vale a pena. Já 40,9% se diziam irritados, nervosos ou mal-humorados na maioria das vezes ou sempre. Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Educação afirma não ter dados específicos sobre o tema, mas diz promover ações de combate, com formação de profissionais e medidas voltadas para a prevenção da violência, acolhimento e resgate da autoestima. 

“É muito delicado falar que o bullying causa um assassinato. O bullying, em si, não causa morte. No entanto, ele pode desencadear sentimentos de frustração, raiva e agressividade que, quando não elaborados, geram o ato”, explica Rita Andréa Guimarães, fundadora do Instituto e Câmara de Mediação Aplicada. Para a especialista, o problema passa por um agravamento atualmente: a perda cada vez maior, por parte da sociedade, da capacidade de dialogar. Uma escuta atenta e rodas de conversa, diz ela, são ações que têm um grande valor e que merecem atenção, e não cair no desuso. Mas a “automatização” do dia a dia, com os avanços tecnológicos e a diminuição de interações mais profundas, podem estar mostrando o seu preço. 

A artesã Denise Santos, de 40 anos, sabe bem a importância do diálogo para acolher as crianças e adolescentes e apaziguar conflitos. Mãe de duas meninas, de 14 e 8 meses, e de um menino de 3, ela conta que sempre conversou com os filhos, instruindo-os a respeitar os colegas e a não excluir ninguém, além de ouvi-los em suas necessidades. E foi a partir do diálogo que ela descobriu que a filha mais velha era vítima de bullying na escola. A adolescente já foi chamada de “macaca” e ouviu comentários desrespeitosos em relação ao cabelo dela. 

“Como mãe, eu fico muito chateada de ver isso. No caso do ‘macaco’, eu fui à escola e conversei com a coordenadora. Era um problema recorrente, e os pais deles (dos colegas) eram chamados pela diretora”, relata Denise. 

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