DECEMBER 9, 2022

Epidemia de dengue dispara venda de repelentes e telas de janela; mas funcionam?

Farmácias reforçam estoque e sindicato afirma que não há risco de faltar repelente.

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Foto: Rodney Costa/O Tempo

O principal combate à dengue e à chikungunya ainda é a eliminação dos focos de reprodução do Aedes aegypti, mas outros métodos também são recomendados por médicos para diminuir a chance de adoecer. Com a atual epidemia em Minas Gerais, a busca por repelentes nas farmácias e por orçamentos de instalação de telas mosquiteiras nas janelas disparou — mas exige alguns cuidados para garantir a eficácia das alternativas.

O habitual é que as vendas de repelente sejam mais intensas nas farmácias durante o ápice do verão, entre janeiro e fevereiro. Agora, com a ameaça mais forte da dengue, os estabelecimentos registram um pico atípico para este período do ano. “Com certeza, a procura aumentou duas, três vezes, na última semana, o que não é normal nesta época. Faltam algumas marcas em uma ou outra farmácia, mas não há falta geral de repelentes. A transferência de estoque de farmácias de um Estado para o outro é rápida”, pontua o primeiro vice-presidente Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Minas Gerais (Sincofarma), Rony Anderson.

Em três farmácias visitadas pela reportagem nesta segunda-feira (27), funcionários atestaram alta de cerca de 30% das vendas nas últimas semanas, em comparação às anteriores, e disseram não ter escassez do item nas prateleiras. Hairton Guimarães, farmacêutico e bioquímico da drogaria Araujo,  confirma um aumento na demanda, porém avalia que o uso de repelentes não está popularizado como deveria no dia a dia da população. “O uso ainda é pequeno perto do perigo do que está acontecendo. O repelente é mais uma proteção com preço acessível. A média de preço é de R$ 35 a R$ 50 e também manipulamos o produto na farmácia, o que fica mais em conta”, diz. Na Araujo, as vendas aumentaram 75% em março deste ano, em comparação ao mesmo período de 2022.

Em uma farmácia de Montes Claros, no Norte de Minas, cidade onde há a maior ocorrência de dengue e chikungunya no Estado, o repelente não chega a faltar, mas reabastecer o estoque está difícil, segundo a proprietária, Sheila Dantas. “Tivemos que pedir mais e dois fornecedores de Belo Horizonte não tinham, encontrei no terceiro. No mês passado, eu vendia dois, três repelentes por dia. Agora, são dez, 15”, descreve. Em outra farmácia da cidade, o balconista relata que a demanda aumentou entre 20% e 30% em comparação ao mês anterior.

A procura por telas mosquiteiras, que são instaladas nas janelas de casa para impedir a entrada de mosquitos, também teve um boom. “Aumentou em mais de 30% do mês passado para este mês. Os lugares que mais estão procurando são Castelo, Pampulha e, na região de BH, onde há muita mata, como Lagoa Santa, Sete Lagoas e Brumadinho. O aumento é normal na época de calor, mas os clientes têm falado que estão instalando por causa da dengue, por ter parentes e conhecidos que pegaram a doença”, diz o responsável pela empresa de telas Pernilongo Não Entra, Michael Hudson. As telas, explica ele, são feitas de fibra de vidro revestidas com PVC e são fixadas nas janelas com uma moldura de alumínio. Em uma casa com quatro a cinco janelas, o preço da instalação fica em torno de R$ 900 a R$ 1.000.

Repelente funciona contra o mosquito da dengue?

O infectologista Estevão Urbano reforça que o uso de repelente é importante especialmente para pessoas que vivem em áreas com maior ocorrência de mosquitos. “O odor afasta o mosquito, então, em momentos de crise, o repelente é sempre bem-vindo. Na bula do fabricante, estará o número aproximado de horas de proteção para reaplicar. Para pessoas que ficam em casa onde o mosquito é pouco encontrado, é opcional”, destaca. Ele também lembra que o repelente pode ser aplicado sobre o protetor solar e deve ser utilizado em áreas que não estão cobertas pela roupa. 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforça que soluções caseiras — à base de própolis, por exemplo — não são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, portanto, não têm eficácia comprovada. Já os repelentes de tomada são testados com cepas de mosquitos criadas em laboratório e se mostraram eficazes contra eles, mas é possível que cepas presentes no meio ambiente escapem aos seus efeitos, de acordo com a fundação.

As substâncias presentes nos repelentes que afastam os mosquitos são as DEET, Icaridin ou Picaridin e EBAAP ou IR3535. Em geral, aqueles que possuem DEET não devem ser utilizados por menores de dois anos. A embalagem do repelente traz a informação precisa, mas, quanto maior a concentração de DEET, maior o tempo de duração do efeito do produto — crianças de dois a 12 anos só devem utilizar concentração de até 10%. Os repelentes com Icaridin ou Picaridin têm duração habitualmente maior e versões infantis para maiores de dois anos. Os produtos com EBAAP ou IR3535 podem ser utilizados por crianças a partir de seis meses.

(Com colaboração de Raquel Penaforte)

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