A Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (PCMG) concluiu nesta terça-feira (17/1) inquérito que apurou o homicídio do advogado desaparecido em 13 de dezembro, na cidade de Montes Claros, região Norte do estado.
De acordo com a delegada Francielle Drumond, que conduziu a investigação, em 13 de dezembro, foi noticiado o desaparecimento do advogado de 34 anos e instaurado procedimento para apurar o desaparecimento do criminalista. No dia seguinte, o veículo dele foi encontrado abandonado em um motel na cidade de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a delegada, iniciaram-se várias diligências no sentido de identificar as pessoas que teriam abandonado o veículo naquela cidade. Posteriormente, os dois ocupantes do veículo foram identificados como sendo pessoas que teriam envolvimento com o desaparecimento da vítima.
Em 16 de dezembro, a Polícia Civil tomou conhecimento da tentativa de homicídio de um dos ocupantes do veículo. Os suspeitos envolvidos na tentativa de homicídio estavam diretamente relacionados ao desaparecimento do advogado, e teriam tentado matar o outro envolvido por motivação de queima de arquivo com o receio de que ele pudesse denunciar a ação criminosa na qual estavam envolvidos. O corpo do advogado foi localizado em 18 de dezembro e quatro autores foram presos, inclusive o suspeito que foi vítima da tentativa de homicídio. O quinto autor estava foragido na cidade de Uberlândia e foi preso em 30 de dezembro.
Sobre a dinâmica do crime, a delegada esclarece que Polícia Civil apurou que a morte do advogado ocorreu na data do seu desaparecimento (13/12). Ele teria sido atraído por um dos suspeitos, seu amigo, até a residência de um dos envolvidos. Lá chegando, ambos foram rendidos mediante ameaças com uma arma de fogo, por outros dois autores que os aguardavam. O advogado e o seu amigo foram colocados de joelhos, amordaçados e encapuzados. A partir desse momento, o amigo foi desamarrado passando a auxiliar os comparsas na execução do crime contra a vítima. A vítima morreu por enforcamento com um cinto no pescoço. As informações periciais preliminares davam conta de um traumatismo craniano, que ficou provado ter sido provocado após a morte, quando a vítima teve seu corpo arrastado pelas escadas da casa onde foi morto. O corpo do advogado foi trasladado do imóvel onde ocorreu o crime para outro imóvel onde seu corpo foi enterrado e ocultado sob concreto.
A delegada ressalta que foi possível à PCMG apurar a participação dos cinco suspeitos e individualizar a conduta de cada um deles. Apurou-se ainda que o homicídio do advogado foi premeditado e que o amigo da vítima foi o responsável por planejar o crime. A motivação do suspeito em arquitetar e executar o homicídio contra a vítima deu-se pelo fato de que era esse amigo quem intermediava todos os empréstimos que o advogado fazia. Ele pegava dinheiro emprestado com a vítima a juros de 10, 20% e repassava a juros de 40%. Diante dessa cobrança abusiva de juros, objetivando conseguir a participação dos outros autores, o amigo da vítima os influenciou, descrevendo a vítima como sendo uma pessoa violenta e perigosa ligada, inclusive, a facções criminosas, e que, uma vez que eles também eram devedores, com a morte do advogado, ele continuaria recebendo os pagamentos devidos, porém com promessas de que haveria abatimento de juros e parcelamento das dívidas.
Os cinco suspeitos continuam recolhidos no sistema prisional à disposição do Poder Judiciário. A delegada concluiu o inquérito indiciando os cinco autores pelo cometimento do crime de homicídio triplamente qualificado, pois o crime ocorreu por motivo torpe, utilizando meio cruel mediante traição e emboscada, impossibilitando a defesa da vítima. Três deles foram indiciados ainda pela ocultação do cadáver e outro, pelo crime de furto.
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