A indignação tomou conta dos moradores do distrito de São Geraldo, zona rural de Francisco Sá, ao amanhecerem nesta terça-feira, 13 de julho. É que segundo testemunhas, pelo menos 10 cachorros e um gato morreram envenenados na comunidade.

A localidade fica a 95 km da cidade sede, e de acordo com os próprios moradores, a maioria dos animais tinham donos. Todos foram encontrados mortos com uma baba espessa e branca na boca. Ainda de acordo com os moradores, um sacola com carne envenenada foi encontrada. Entre eles está o Pitoco, de oito anos. A dona dele, Luana Martins, conta que o pai dela, Francisco percebeu quando o cão chegou em frente a casa deles assustado, espumando e cambaleando. “Em poucos minutos que ele chegou, ele caiu, gemeu até a morte. Estou indignada com tamanha crueldade que aconteceu hoje em minha comunidade, ato de truculência. Como é possível alguém ter o coração tão maldoso ao ponto de envenenar um simples animal, aliás, 10 cachorros mortos, inclusive o meu. É muito triste e doloroso você ver seu cachorro morrendo aos poucos, sofrendo e espumando. Não desejo a dor de perder um cachorro-amigo pra ninguém”, lamentou Luana.

A suspeita de envenenamento também despertou tristeza na moradora Paloma Alves. Engajada nas causas animais, ela contou a reportagem em lágrimas. “Não é de hoje que vem acontecendo isso em vários outros lugares. E agora isso aconteceu aqui, na nossa frente. Até onde vai a maldade humana, será que os animais nunca terão paz? Eu queria entender por que esses seres tão inocentes incomodam tanto? Eles não tem absolutamente noção de nada, são apenas companheiros, seres dóceis. Em nome da comunidade que está toda revoltada, eu quero justiça em nome de toda nossa comunidade. Eu quero mais proteção para esses seres de bem, eu quero mais segurança para eles, eu quero investigações e quero também que a pessoa que fez pague pelo que fez. Tem aquele ditado né: você alimenta um cão por três dias e ele lembrará de você por 30 anos. Alimente um humano por 30 anos e ele te esquecerá em três dias! Nós queremos justiça!”, indagou Paloma.

As cachorras Lola e Joia também foram vítimas. De acordo com a dona, Nivia Aguiar, as duas foram envenenadas na rua. “Todo dia que eu vou trabalhar, onde eu vou, elas vão atrás, e hoje quando minha filha saiu para a escola, elas saíram também para a rua. Em cinco minutos, chegou a notícia que elas já estavam morrendo no portão de casa. Foi algo tão rápido, o veneno é tão forte, que rapidinho elas morreram. As duas ficaram babando uma gosma branca e sem conseguirem levantar até morrer. A gente ver elas desse jeito, ficamos sem reação, porque não podemos fazer nada. Eu chorei demais”, disse abalada.

Segundo as primeiras informações da Polícia Militar, populares acionaram a PM informando que alguns animais tinham sido envenenados. Ao chegarem no local, os moradores relataram que tinham encontrado os animais mortos. A ocorrência ainda está em andamento e estão sendo feitos levantamentos a fim de identificar a autoria. O Boletim de ocorrência ainda não foi finalizado. Uma vez concluído, será encaminhado para a Polícia Civil para que o caso seja investigado.

A reportagem procurou esclarecer a situação com o advogado criminalista Marcos Fellipe Vitorino Correia. Ele explicou que os maus tratos são considerados crime e recentemente a pena para esse tipo de delito foi extendida.

“No nosso ordenamento jurídico brasileiro, vigorou durante muito tempo a lei 9.605/1998, que dispunha sobre os crimes contra o meio ambiente, contra a fauna e a flora, com a penalidade de detenção de três meses a um ano, mais multa, em casos de maus tratos contra animais. No entanto, recentemente teve uma alteração legislativa, com a Lei 14.064/2020 que aumentou a pena para quem maltratar cães e gatos. Então, a partir da promulgação e efetivação dessa lei, essas práticas de mais tratos são passíveis de dois a cinco anos de reclusão, multa, e a proibição da guarda de qualquer animal. Com maior gravidade o cometimento desse crime. Quando esse ato resulte em morte, a pena pode ser aumentada de mais 1/3 da pena”, explanou o advogado.