DECEMBER 9, 2022

Regional de Montes Claros recomenda aos municípios o reforço de ações para o controle da raiva

A melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição ao vírus.

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Com informações de atividades realizadas nos últimos sete anos no Norte de Minas, voltadas para o controle da transmissão da raiva em pessoas e animais domésticos (cães e gatos), a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros encaminhou Boletim Técnico para os 54 municípios que compõem a sua área de atuação. O documento aborda 40 informações e as principais dúvidas das equipes de controle de endemias sobre a raiva e as ações de controle preventivo que devem ser realizadas anualmente para manter a transmissão da doença sob controle.

A raiva é uma doença que pode matar, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição ao vírus. A doença é transmitida às pessoas pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura. A doença também pode ser transmitida pela arranhadura ou lambedura desses animais.

O médico veterinário Milton Formiga observa que dos 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde somente Montes Claros consegue desenvolver todas as ações de vigilância e controle da raiva. Por isso o município é considerado Área de Raiva Controlada (ARC). 

Nesse contexto, a bióloga Patrícia Brito observa que “para manter as ações de prevenção e controle da raiva na região, os municípios precisam adotar uma série de medidas que vão garantir a proteção dos seres humanos, cães e gatos. Entre as providências recomendadas está a incorporação de médicos veterinários nas equipes de vigilância epidemiológica; a observação dos animais suspeitos (cães e gatos) por dez dias após a ocorrência de algum ato de agressão a pessoas; a coleta e o envio de materiais para diagnósticos laboratoriais e o preenchimento correto das fichas de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)”. 

Além disso, lembra a coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, “os municípios precisam melhorar as atividades de integração entre os serviços de atenção primária e de endemias, desenvolvendo ações conjuntas, incluindo a notificação de casos suspeitos da doença. É importante também que os municípios melhorem a rastreabilidade dos profissionais envolvidos nas campanhas de vacinação antirrábica em que o coordenador, responsável pelo setor de endemias, deve verificar se os trabalhadores foram vacinados contra a raiva no esquema de pré-exposição”.Agna Menezes entende que “o fortalecimento das equipes de controle de zoonoses dos municípios constitui medida necessária e importante, visto que nos últimos anos tornou-se frequente os registros de morcegos não hematófagos reagentes positivos para a raiva e encontrados em áreas urbanas”.

No ano passado, 26 municípios atingiram a meta de vacinar 100% dos gatos e 22 localidades conseguiram coberturas vacinais entre 70% a 99%. Por outro lado, seis localidades apresentaram cobertura vacinal inferior a 50% de felinos. Já a vacinação de cães, em 2021, atingiu ou superou a meta em 43 municípios. E outras 11 secretarias de saúde ficaram com cobertura vacinal entre 70% a 99%.

Para aumentar as coberturas vacinais contra a raiva, a enfermeira Amanda Costa entende que “há necessidade dos municípios desenvolverem ações para melhorar o monitoramento da população de cães e gatos para que consigam estimar um número mais aproximado com a realidade de cada localidade. É fato que quanto maior a cobertura vacinal em cães e gatos mais protegida estará a população”, reforça a enfermeira.

Jair Aparecido Santos Gonçalves, agente de saúde pública e técnico do Laboratório da Macrorregião de Saúde do Norte de Minas, lembra que “a participação do setor de educação em saúde do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Montes Claros ao realizar ações de mobilização social nas zonas urbana e rural envolvendo associações de bairros, escolas, empresas, igrejas e imprensa, se constitui importante estratégia que busca criar um elo entre a população e os serviços de prevenção”.

NOTIFICAÇÕES

Outra recomendação destacada no Boletim Técnico repassado às secretarias de saúde é a necessidade dos municípios terem agilidade nas ações de investigação de casos suspeitos de raiva em animais de produção (bovinos, equinos, suínos, caprinos e ovinos). Nesses casos, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) deve ser acionado para que a situação seja averiguada por uma equipe técnica assegurando, com isso, as ações de controle preventivo.

No Brasil, entre 2010 e 2021 foram registrados 39 casos de raiva humana transmitidos por diversas espécies animais (cães, gatos, macacos e morcegos). No entanto, o número de notificações em que o morcego é o animal agressor tem aumentado. 

Na opinião da enfermeira Amanda Costa, “os animais não hematófagos são importantes do ponto de vista epidemiológico, em virtude da adaptação desses mamíferos em zonas urbanas, o que favorece maior aproximação com os seres humanos e animais domésticos”.

Por outro lado, a incidência de raiva transmitida por cães diminuiu em quase 98%: 300 casos notificados em 1983 a seis notificações contabilizadas em 2021. A maioria dos casos registrados recentemente teve origem em animais silvestres, especialmente morcegos hematófagos. 

“Os resultados observados nas últimas décadas sinalizam que estamos nos aproximando da meta de eliminação da raiva humana proveniente de cães. A redução na incidência é um grande avanço que está vinculado às ações de campanhas de vacinação em massa, sensibilização social e disponibilidade das atividades de profilaxia de pré-exposição e pós-exposição para 100% da população”, conclui o veterinário Milton Formiga.

SINTOMAS

Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de dois a dez dias. Nesse período, o paciente apresenta mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaléia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento; irritabilidade; inquietude e sensação de angústia.

Podem ocorrer inchaço, aumento da sensibilidade ao tato ou à dor, frio, calor, formigamento, agulhadas, adormecimento ou pressão no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura e alterações de comportamento.

A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes; febre; delírios; espasmos musculares involuntários, generalizados ou convulsões.

Via: SES – Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

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