Uma das referências regionais no trabalho de coleta de leite materno, o Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) registra um aumento superior a 20% no total de doações na comparação entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período de 2020. O volume é dedicado exclusivamente aos bebês e principalmente aos prematuros nascidos na maternidade segura do Hospital da Unimontes. Além de reforçar a importância na saúde e no aspecto social, os números ampliam as comemorações do “Agosto Dourado” pelo mês mundial do Aleitamento Materno.
A campanha reflete um sentimento de dever cumprido sobre a conscientização da comunidade, especialmente no período de restrições em plena pandemia do Novo Coronavírus. Mas, também, é um misto de dedicação dos profissionais de saúde com um sinal de alerta para as mães e parturientes sobre a essencialidade do aleitamento materno, principalmente nos dois primeiros anos de vida da criança.Em 2020, o posto de coleta de leite humano do HUCF registrou a doação de 474 litros, com atendimento de 203 crianças recém-nascidas e prematuras. Analisando somente o primeiro semestre do ano passado, foram 239 litros de leite materno coletados e, na comparação com o primeiro semestre de 2021, chega-se a 297 litros doados, crescimento de 24,36%.
Benefícios
A médica cardiopediatra Patrícia Lopes, coordenadora do Bloco Obstétrico e da Maternidade Maria Barbosa do HUCF, destaca a importância da campanha do “Agosto Dourado” e da amamentação. A campanha é desenvolvida pelo Ministério da Saúde (MS) e Organização Mundial de Saúde (OMS). “O leite materno deve ser o alimento exclusivo do bebê nos primeiros seis meses de vida. Por si só, o aleitamento traz diversos benefícios aos pequenos e suas mamães”, explica a profissional, ao enfatizar que “o ato reduz em 13% a mortalidade até os cinco anos, evita diarréia e infecções respiratórias”.
As boas conseqüências são ainda maiores. A cardiopediatra destaca que o leite materno diminui o risco de alergias, diabetes, colesterol alto e de hipertensão e, ainda, proporciona à criança melhor nutrição, com redução das chances de obesidade infantil. “O ato de amamentar contribui para o desenvolvimento da cavidade bucal da criança e, ainda, promove o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê. Muitos estudos mostram que o bebê que é amamentado acaba apresentando maior nível de escolaridade”, explica a coordenadora.
Saúde da Mãe
Quando se fala em aleitamento, o foco também é a mãe. Ao amamentar, ela diminui o risco de câncer de mama e interfere positivamente no pós-parto, já que o útero se contrai e volta ao tamanho normal mais rapidamente.Aryanne Carvalho de Freitas Dias é mãe do pequeno Benício Josué Carvalho Dias, de 11 meses, e revela um sentimento de gratidão quando o filho prematuro precisou de leite e teve todo o suporte do HUCF. Hoje, ela retribui da mesma forma: doa o leite excedente para outros bebês que necessitam do sagrado alimento. Já são 6,3 litros doados.
“É gratificante poder doar o leite excedente para ajudar outros recém-nascidos ou prematuros. O sentimento que tenho é de gratidão, pois meu bebê precisou do leite materno e isso não faltou. Hoje, tenho o privilégio em ser doadora e faço por amor e gratidão”, revela Aryanne, que doa, em média, 200 ml por dia.Para as mães que queiram doar ou saber mais informações de como se tornarem doadoras do leite materno, o contato com o posto de leite humano do HUCF pode ser feito pelo telefone (38) 3224-8329. Na maternidade Maria Barbosa, o número é (38) 3224-8314.
Entre 1986 e 2020, o aleitamento como fonte principal de alimentação no primeiro ano de vida da criança passou de 30% para 53,1% de incidência no Brasil. De acordo com dados da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), 40% das crianças têm acesso ao aleitamento materno no mundo. Na América Latina, menos da metade das crianças mamam na primeira hora de vida. O Brasil conta com 222 bancos de leite materno e 220 pontos de coleta. Em 2020, foram doados 229 mil litros de leite materno por 182 mil mulheres.
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