Uma mãe procurou a reportagem do Webtempo para denunciar o fato de o filho dela, Ytalo Nunes Carvalho, de 24 anos, não ter conseguido ser vacinado contra a Covid-19, em Montes Claros, mesmo sendo portador da Síndrome de Moebilis, a paralisia cerebral.
A senhora Veranice Nunes de Azevedo, de 57 anos, conta que ao chegar na sala de vacinação, eles alegaram que não poderia vacinar o rapaz porque o nome dele não estava na lista e que o cartão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), documento que é apresentado durante a vacinação, não estava no nome de Ytalo, mas no de Veranice.
“Levei o Ítalo no Drive thru do shopping , e não consegui vaciná-lo. Mesmo ele sendo cadastrado no programa Benefício de Prestação Continuada (BPC) e tbm no Posto de Saúde da Família (PSF) Esmeralda, eles recusaram vaciná-lo. Falaram que não poderia aplicar a vacina porque o nome dele não estava na lista. Além disso, comentaram que o cartão de benefício dele estava no meu nome. E argumentaram que tinha que estar no nome de Ytalo. Aí eu disse:’ claro, como ele é incapaz, quem resolve tudo para ele sou eu’. Como ele não sabe ir em banco resolver nada, eu que sou a responsável legal”, disse Veranice.
Mesmo diante de tantos argumentos, Veranice disse que não conseguiu convencer a equipe de fazer a aplicação. Situação que deixou a família inconformada.
“Achei um descaso, pois o mesmo tem comorbidade. A gente quase não está saindo porque Ítalo é grupo de risco, e quando saímos, perdemos a viagem. Entrei em contato com o PSF, eles me pediram para levar a declaração do BPC. Mas não tenho acesso ao meu INSS. Então, teria que aguardar um laudo até o fim dessa semana ainda”, afirmou a mãe.
Outra reclamação de Veranice é que após a recusa na sala de vacinação, ela ligou nesta segunda-feira (24) para o posto de saúde onde o filho está cadastrado e a equipe teria recusado ir vacinar o rapaz na casa dele. No entanto, segundo nota divulgada pela própria prefeitura, além das 29 salas de vacinação espalhadas pela cidade, a família pode entrar em contato com o PSF e agendar a ida de um profissional até a casa de pessoas que tem dificuldades de locomoção, ou está camada.
“Liguei, mas o PSF não vem vacinar em casa, dizem que ele não é acamado. Mas ele não se locomove. Fica só sentado no sofá ou na cama o dia todo. Isso é falta de respeito por tanta burocracia”.
A reportagem procurou o advogado Maurílio Arruda para esclarecer a situação. Ele explicou que nada impediria de Ytalo ter sido vacinado.
“Isso é uma questão que beira a desumanidade. De forma aparente, dá para perceber que ele é deficiente, então, não faz sentido terem negado a vacinação. O Plano Nacional de Imunização (PNI) prevê a vacinação para esse grupo, e em Montes Claros já está nessa fase de vacinação de pessoas com comorbidades acima de 18 anos. O rapaz já deveria ter sido vacinado, sim”, afirma.
Procurada, a coordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Aline Lara Cavalcante, informou que o caso será apurado e que será corrigido.
“Ele precisa procurar a Secretaria de Desenvolvimento Social e verificar o que ocorre que o nome dele não está. Porque quem passa para a gente a lista é essa Secretaria. Eles que enviam a lista dos beneficiários do BPC, para façamos a vacina”, informou.
“Nesse caso, a mãe precisa comprovar a invalidez dele. Porque temos que reter e anexar ao laudo de deficiência dele. Ela pode levar o xerox da procuração e o laudo junto”, completou a coordenadora.
Compartilhe: