DECEMBER 9, 2022


Denúncia: mãe acusa Secretaria de saúde de negar vacinação para filho deficiente, em Montes Claros

Ytalo Nunes Carvalho, de 24 anos, é portador de paralisia cerebral e não conseguiu ser vacinado

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Ytalo, de 24 anos, tem paralisia cerebral e não conseguiu ser vacinado contra a Covid-19, em Montes Claros/ Foto: Arquivo pessoal

Uma mãe procurou a reportagem do Webtempo para denunciar o fato de o filho dela, Ytalo Nunes Carvalho, de 24 anos, não ter conseguido ser vacinado contra a Covid-19, em Montes Claros, mesmo sendo portador da Síndrome de Moebilis, a paralisia cerebral.

A senhora Veranice Nunes de Azevedo, de 57 anos, conta que ao chegar na sala de vacinação, eles alegaram que não poderia vacinar o rapaz porque o nome dele não estava na lista e que o cartão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), documento que é apresentado durante a vacinação, não estava no nome de Ytalo, mas no de Veranice.

“Levei o Ítalo no Drive thru do shopping , e não consegui vaciná-lo. Mesmo ele sendo cadastrado no programa Benefício de Prestação Continuada (BPC) e tbm no Posto de Saúde da Família (PSF) Esmeralda, eles recusaram vaciná-lo. Falaram que não poderia aplicar a vacina porque o nome dele não estava na lista. Além disso, comentaram que o cartão de benefício dele estava no meu nome. E argumentaram que tinha que estar no nome de Ytalo. Aí eu disse:’ claro, como ele é incapaz, quem resolve tudo para ele sou eu’. Como ele não sabe ir em banco resolver nada, eu que sou a responsável legal”, disse Veranice.

Equipe disse que não poderia vacinar Ytalo porque o cartão BPC está cadastrado no nome da mãe dele Veranice Nunes Carvalho/ Foto: Arquivo pessoal

Mesmo diante de tantos argumentos, Veranice disse que não conseguiu convencer a equipe de fazer a aplicação. Situação que deixou a família inconformada.

“Achei um descaso, pois o mesmo tem comorbidade. A gente quase não está saindo porque Ítalo é grupo de risco, e quando saímos, perdemos a viagem. Entrei em contato com o PSF, eles me pediram para levar a declaração do BPC. Mas não tenho acesso ao meu INSS. Então, teria que aguardar um laudo até o fim dessa semana ainda”, afirmou a mãe.

Outra reclamação de Veranice é que após a recusa na sala de vacinação, ela ligou nesta segunda-feira (24) para o posto de saúde onde o filho está cadastrado e a equipe teria recusado ir vacinar o rapaz na casa dele. No entanto, segundo nota divulgada pela própria prefeitura, além das 29 salas de vacinação espalhadas pela cidade, a família pode entrar em contato com o PSF e agendar a ida de um profissional até a casa de pessoas que tem dificuldades de locomoção, ou está camada.

“Liguei, mas o PSF não vem vacinar em casa, dizem que ele não é acamado. Mas ele não se locomove. Fica só sentado no sofá ou na cama o dia todo. Isso é falta de respeito por tanta burocracia”.

O advogado Maurílio Arruda explicou que o rapaz tinha direito de ser vacinado/ Foto: Arquivo pessoal

A reportagem procurou o advogado Maurílio Arruda para esclarecer a situação. Ele explicou que nada impediria de Ytalo ter sido vacinado.

“Isso é uma questão que beira a desumanidade. De forma aparente, dá para perceber que ele é deficiente, então, não faz sentido terem negado a vacinação. O Plano Nacional de Imunização (PNI) prevê a vacinação para esse grupo, e em Montes Claros já está nessa fase de vacinação de pessoas com comorbidades acima de 18 anos. O rapaz já deveria ter sido vacinado, sim”, afirma.

Procurada, a coordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Aline Lara Cavalcante, informou que o caso será apurado e que será corrigido.

“Ele precisa procurar a Secretaria de Desenvolvimento Social e verificar o que ocorre que o nome dele não está. Porque quem passa para a gente a lista é essa Secretaria. Eles que enviam a lista dos beneficiários do BPC, para façamos a vacina”, informou.

“Nesse caso, a mãe precisa comprovar a invalidez dele. Porque temos que reter e anexar ao laudo de deficiência dele. Ela pode levar o xerox da procuração e o laudo junto”, completou a coordenadora.

Aline Lara Cavalcante informou que o caso será investigado/ Foto: Solon Queiroz
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