O Comitê Covid-19 se reuniu na manhã desta terça-feira (02), para discutir sobre o quadro crítico da saúde no município após a alta crescente no número de casos e a ocupação total dos leitos dos cinco principais hospitais da cidade.
Na discussão, foram estabelecidas sugestões de medidas ainda mais restritivas que as impostas no último Decreto. O documento foi encaminhado para o prefeito Humberto Souto (Cidadania), caso ele acate as recomendações, um novo decreto pode ser publicado ainda nesta terça (02).
Entre as propostas sugeridas na reunião, está a possibilidade de extensão do horário restritivo de circulação. O encontro foi impulsionado pela preocupação de colapso no sistema de saúde do município. Os cinco principais hospitais que atendem na cidade já emitiram notas afirmando que foi atingido 100% da capacidade dos leitos disponíveis para casos suspeitos ou confirmados da Covid-19. São eles: Aroldo Tourinho, Hospital das Clínicas Mário Ribeiro, Hospital Universitário Clemente de Faria, Hospital Dilson Godinho e Santa Casa.
“O Comitê deliberou ao prefeito a adoção de novas medidas restritivas, devido a mudança no quadro de leitos de UTI e leitos Clínicos. Elas serão levadas a ele até que ele decida, não nos manifestaremos. Além de outras sugestões como a busca de ampliação de sistemas de saúde, a busca de soluções para aumentar a capacidade de resposta do sistema de saúde”, afirmou o procurador do município, Otávio Rocha.
A secretária municipal de Saúde lembrou que desde a semana passada, a cidade estava com o aumento no número de casos e aumento de internações, inclusive com mudança de perfil das pessoas internadas, uma vez que passou a ser pacientes mais jovens, com agravamento do quadro clínico e óbitos em grupos que não possuem nenhuma comorbidade. Ela destacou sobre o fato da assistência hospitalar ter esgotado a capacidade de atendimento.
“Com o esgotamento, tomamos uma série de estratégias para tentar conter o avanço, junto com a superintendência estadual de saúde. Mas devemos considerar que existe um limite de ampliação do número de leitos. A nossa maior dificuldade são leitos de UTI’s, e com esse esgotamento, nós teremos que transferir pacientes de Montes Claros. Outra dificuldade é a limitação de equipe para trabalhar com paciente Covid. Hoje, se um paciente grave entrar no hospital, não tem leitos disponíveis”, comentou Dulce.
Ainda segundo a secretária, “se não tivermos uma mudança comportamental da população nós vamos ter um caos no sistema, igual vimos em outros municípios e estados”. Ela explica como estão sendo feitas as ações no município para desacelerar o quadro atual.
“Já foram tomadas medidas de ampliação da rede, identificados quais os estabelecimentos com condições de serem ampliados. A compra de leitos já está sendo providenciada, com negociações avançadas. Temos a estrutura física, agora faltar montar a estrutura de pessoal, equipe operacional. Estamos trabalhando com profissionais que estão fazendo plantões seguidos. Então, temos essa limitação, estamos convocando mais profissionais. Isso depende, temos um limite de profissionais para atuarem”, completa.
Hospital de campanha
Questionada sobre a reativação do hospital de campanha que tinha sido implantado no bairro Chiquinho Guimarães, Dulce Pimenta disse que o processo pode afetar outros procedimentos normais, como serviços de urgência e emergência, uma vez que o prédio onde funcionaria o hospital, abriga atualmente uma Unidade de Pronto atendimento.
“Quando nós tínhamos o planejamento da transformação da UPA em hospital de campanha, ela ainda não existia como pronto atendimento. A conclusão da estrutura física foi em junho de 2020. Diante dessa possibilidade de atender o público com Covid-19 optamos, por meio de deliberação do Comitê, de transformá-la em hospital de campanha, com 60 leitos clínicos disponível. Depois que passamos do pico, que o próprio estado achou que estava tendo o declínio da doença, o governo federal iniciou a desmobilização de leitos. Com isso, o hospital de campanha foi desmobilizado, tirados os leitos e montado a UPA. Para transformarmos a UPA em um hospital de campanha novamente, estaremos fechando uma porta de entrada da urgência e emergência. Pois o local funciona atualmente no atendimento de pessoas com risco potencial a vida, como também os casos de Covid. O fechamento da UPA é uma possibilidade, mas se isso acontecer, precisamos de outra unidade para fazer o papel de atender pacientes de urgência e emergência, como também o suspeito de Covid. Outras opções para a instalação de hospital de campanha também estão sendo discutidas”, disse Dulce Pimenta.
Fiscalização
Para tentar amenizar a taxa de transmissão do Coronavírus em Montes Claros, as forças de segurança também estão mobilizadas. O secretário de defesa social, Anderson Chaves, reforçou sobre os prejuízos financeiros para quem for enquadrado na fiscalização. A multa pode chegar a 200 UREFIS, que equivale a R$ 9.160, além da condução à delegacia, podendo responder por crime de saúde pública. Ele também chamou atenção para a necessidade de distanciamento.
“O mais importante é as pessoas entenderem que pior do que o isolamento social dentro da sua residência, com seus familiares, é o isolamento social dentro de uma UTI. Ali não tem para onde correr. Todas as forças de segurança estão reunidas para intensificar ainda mais as fiscalizações. Teremos tolerância zero com as festas clandestinas. Festas que tem registrado um número muito grande de pessoas, as quais tivemos diversas denúncias. Estamos monitorando também a área rural e as equipes de inteligência estão monitorando as redes sociais para coibir esses eventos que agravam ainda mais esses o quadro da pandemia na cidade”, destacou Anderson.
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