A arquidiocese de Montes Claros lançou nesta quinta-feira (18) a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021, no Plenário da Câmara Municipal. Participaram da solenidade líderes religiosos de igrejas cristãs, além de parlamentares. Por conta das restrições, o evento não foi aberto ao público.
Com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, a campanha deste ano propõe reflexão acerca das relações humanas, bem como a importância da comunicação para a mediação de conflitos. Tradicionalmente, começa na quarta-feira de Cinzas e segue até a Páscoa, durante o período conhecido pelos cristãos como Quaresma.
Durante coletiva de imprensa, Dom João Justino, Arcebispo metropolitano de Montes Claros, explicou que a Campanha da Fraternidade é um dispositivo pastoral da igreja do Brasil, criada em 1964, e que desde então tem conduzido as instituições religiosas a serviço da sociedade brasileira.
“O intuito é promover, a partir das comunidades cristãs envolvidas, a consciência e a prática do diálogo. Vivemos em um mundo com muitas palavras, e sabemos que muitas delas são divulgadas de forma inconsequente por pessoas dentro da sociedade, das famílias, em relação a alguns grupos sociais, igrejas, credos. Como falamos em diálogo, estamos confiando na força da palavra, em um compromisso de amor. Com pluralidade, que é um dom. Como diz o papa Francisco, a diversidade é uma bênção de Deus”.
Nacionalmente, a campanha da Fraternidade é promovida pela conferência nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a cada cinco anos ocorre a Campanha Ecumênica, na qual tem a participação das igrejas pertencentes ao conselho nacional de Igrejas Cristãs (Conic). “Quando foi para celebrar o Jubileu do ano 2000, nasceu a ideia de fazer uma campanha ecumênica, em que algumas igrejas cristãs se mobilizam para realizar os trabalhos religioso e sociais propostos. Recordo que o tema na época era ‘Um novo milênio sem exclusões’. Depois, foi tão exitoso, que se optou por realizar a cada cinco anos. Nesse caso, é a quarta edição desse modelo que inclui outras igrejas além da Igreja Católica Apostólica Romana”, lembrou Dom João.
Wellington Fernandes, membro da Igreja Batista, e representante da Rede Evangélica de Promoção Social do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha (Renova), que tem como objetivo promover o evangelho integral no meio das igrejas participantes comentou sobre alguns projetos que ele participou e que houve a parceria entre igrejas evangélicas e católicas. Ele considera que essa união só tem a acrescentar na ajuda aos mais necessitados. “Além de se preocupar com a parte material do ser humano, não só a comida e bebida, mas também nos atentamos com a vivência social. É um trabalho de emancipação de vidas humanas, em busca da resiliência dos mais necessitados. Realizamos reuniões com pastores e líderes para discutirmos sobre a importância da missão integral da igreja”.
A Reunião Especial de lançamento da Campanha é uma proposição do vereador e primeiro secretário Sóter Magno (PSD). “Entrei com o requerimento porque a câmara é a casa do povo de Montes Claros, representado pelos 23 vereadores. Então, nada mais justo que as autoridades religiosas do município promovam esse momento que é importante para toda a comunidade. Uma vez que o mundo inteiro está precisando de mais diálogo, paciência e conversas um com o outro, independente da religião. E a câmara é um lugar para se discutir aquilo que interessa para o povo”.
“Essa casa é plural, em que além de ter a representatividade partidária, temos a representatividade religiosa, através da maneira de ser e crença de cada vereador. O plenário é palco de discussões, para o bem comum. Sabemos que no momento de pandemia, a sociedade ficou mais restrita, e é necessário refletirmos sobre o dialogar com o outro, ter harmonia e criar pontes. Prevalecendo a pessoa, o ser humano como centro”, analisou o presidente da Cãmara Cláudio Rodrigues (Cidadania).
Segundo a Arquidiocese, a reunião desta quinta (18) também tem como objetivo fazer um chamamento para que mais igrejas evangélicas façam adesão à campanha. “Na arquidiocese de Montes Claros, o trabalho ecumênico ainda é muito incipiente. As igrejas evangélicas e protestantes têm trabalhos sociais bem significativos, aliás, é um passo muito interessante: descobrir que nós podemos servir juntos aos mais pobres, e essa proximidade do trabalho concreto com a caridade cristã nos dá a chance de conhecer o outro e de nos desarmarmos. Porque mesmo sendo religiosos, estamos cheio de armas, no sentido de preconceito, julgamentos em relação aos outros cristãos”, ressaltou o arcebispo.
“Então, aqui na cidade, nós vemos que alguns passos pequenos nessa direção de aproximação estão sendo dados. Queremos incrementar isso, precisamos dar passos mais significativos. É importante registrar que eu estou aqui há quatro anos, não vejo um ambiente periculoso entre nós, cristãos, mas poderíamos estar mais próximos, de mãos dadas. Nós estamos apostando que a Campanha seja um momento para nós retomarmos o trabalho ecumênico”, finalizou Dom João Justino.
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