DECEMBER 9, 2022


“LIXÃO ZERO” EM FRANCISCO DUMONT

Uma área de seis hectares onde funcionava o antigo lixão, hoje está a Unidade de Triagem e Compostagem do município. Uma obra de 230 mil reais em parceria com a Prefeitura e com o Governo Federal

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Prefeito Eduardo Rabelo/ ASCOM Prefeitura

Os resíduos sólidos urbanos têm sido, nos últimos anos, o foco de discussões relacionadas à degradação do meio ambiente, pois, descartados de forma incorreta, poluem os mananciais e o lençol freático, atraem animais transmissores de doenças, além das condições insalubres em que são expostos aqueles que encontram nos resíduos uma fonte de renda.

Em Francisco Dumont, no Norte de Minas, a implantação de uma Unidade de Triagem e Compostagem (UTC) representa um divisor de águas na política ambiental do município. É o que explica o prefeito Eduardo Rabelo (Republicanos). De acordo com ele, foram investidos cerca de R$ 230 mil no projeto, desses, R$ 180 mil com o prédio e outros R$ 50 mil com máquinas e equipamentos.

 “Com o fim do lixão e a triagem dos resíduos sólidos, o município dá um salto no que diz respeito à preservação do meio ambiente. Pretendemos reaproveitar 80% do lixo. Com isso, deixarão de ser descartados no meio ambiente cerca de 16 toneladas de lixo por semana, ou seja, quase 80 toneladas ao mês. O que era lixo, agora vai para a reciclagem. Já o lixo orgânico vai virar adubo”, diz o prefeito.

A usina foi construída em uma área de 6 hectares, onde funcionava o antigo lixão. O espaço destinado ao UTC é de mil metros quadrados, incluindo área externa de estacionamento e baias. Segundo Rabelo, no local também está sendo implantado o projeto de viveiro de mudas do município. “O que antes era lixo, agora, gera emprego e renda. Isso vai ajudar desde catadores de materiais recicláveis, até o pessoal da mão de obra para triagem e compostagem. Ou seja, a criação da usina tem influência na economia, saúde e meio ambiente”, planeja o chefe do Executivo.

Em frente á Unidade de Triagem e compostagem, Geovanna Fonseca comemora/ Arquivo pessoal

Geovanna Mikaelle Fonseca, de 17 anos, mora em Francisco Dumont desde que nasceu. Ela conta que sempre foi ligada às questões ambientais e vê na instalação da unidade com o fim de um problema visto desde criança: “Eu moro a uns 3 km da usina, e antes eu ficava muito preocupada, pois antes era queimado o lixo, o que poluía demais o ar e ainda destruía o solo, já que quando não queimavam, eles enterravam o lixo. Além de gerar emprego, que é muito importante, também trouxe para nossa cidade um ar mais limpo.”

A inauguração da Unidade de Triagem e Compostagem ocorreu em dezembro e teve a participação do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, do vice-governador Paulo Brant (Sem partido) e de autoridades políticas como o senador Carlos Viana (PSD) e o deputado estadual Leonardo Portela (PL). “Os governos estadual e federal apoiam a conscientização e a mobilização dos prefeitos e da sociedade no que diz respeito aos problemas ambientais. Essas áreas precisam ser corretamente recuperadas e destinadas para uma nova finalidade. Hoje, o Norte de Minas amplia o programa ‘Lixão Zero’, ressaltou o ministro Ricardo Salles durante o discurso de inauguração da usina em Francisco Dumont.

Ainda de acordo com o ministro, 46 municípios do Norte de Minas serão beneficiados com os planos ambientais e cerca de 1 milhão de pessoas devem ser atingidas positivamente. Só para as ações de implantação de Unidades de Triagem e Compostagem, Salles disse que foram investidos R$ 580 milhões em todo o país. Desse montante, cerca de 10% foram destinados para a região.

O ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles esteve presente na inauguração da usina em Francisco Dumont/ ASCOM Prefeitura

O Consórcio de Desenvolvimento Ambiental do Norte de Minas (Codanorte) é o responsável por orientar e auxiliar os municípios desde a construção, até o funcionamento das unidades de triagem e compostagem. De acordo com a entidade, 15 lixões já foram desativados na região, a expectativa é que mais 22 deles sejam encerrados no primeiro semestre de 2021, chegando ao total de 37 lixões. Tudo isso faz parte do projeto “Norte de Minas Sem lixão”, custeado pelo programa federal “Lixão Zero”.

Pedro Bicalho, engenheiro ambiental do Codanorte e coordenador do projeto “Norte de Minas Sem lixões”, explica que após a coleta domiciliar, os resíduos são levados para o galpão, onde acontece a triagem. Dados do consórcio apontam que, no ano de 2020, a desativação de 15 lixões na região representou um total de 11.893 toneladas de resíduos que deixaram de poluir o meio ambiente. “Deixarão de contaminar o solo, as águas subterrâneas e de causar diversos problemas de saúde pública, passando a ter uma destinação ambientalmente adequada. Com a segunda fase concluída, que engloba a desativação de mais 22 lixões, serão mais 66 mil toneladas de lixo por ano que terão o destino correto”, analisa o engenheiro ambiental.

Ele também detalha que o rejeito do processo de compostagem em Francisco Dumont, que corresponde a aproximadamente 20% a 30% do lixo, será depositado em caçambas estacionárias e, quando cheias, levadas para um aterro sanitário em Montes Claros. Das 37 cidades que aderiram ao programa, apenas Grão Mogol, Claro dos Poções e Jequitaí não devem enviar os rejeitos para Montes Claros, pois fizeram seu próprio aterro sanitário de pequeno porte.

Pedro Bicalho, engenheiro ambiental do Codanorte e coordenador do projeto “Norte de Minas Sem lixões” / Arquivo pessoal
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